Huambo – A governadora da província do Huambo, Lotti Nolika, afirmou, esta segunda-feira, que a digressão do Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga “Ekuikui VI” à República Federativa do Brasil abrirá portas para o turismo nesta região do país.
O Soberano do Bailundo esteve durante 25 dias no Brasil, entre 22 Outubro e 15 do corrente mês, numa viagem enquadrada no reforço dos laços de irmandade e tradicionais dos dois povos, que mereceu bastante destaque nas redes sociais e em vários jornais daquele país sul-americano.
Durante a visita, a convite do Centro Cultural Casa de Angola em São Paulo, Tchongolola Tchongonga reencontrou-se com os "irmãos por direitos ancestrais angolanos e do continente africano", assim como contribuiu nos estudos da cultura africana, a partir dos ritos e ritmos enraizados na sociedade angolana.
Para tal, a governadora Lotti Nolika, que falava no encontro de cortesia e de recepção do Rei do Bailundo, disse que durante a visita de Ekuikui VI ao Brasil, passou-se uma mensagem para a comunidade internacional de que na província do existe um reino dos Ovimbundu forte e com muitas curiosidades.
Disse ter acompanhado a digressão do Rei Tchongolola Tchongonga pelos órgãos de comunicação social e pelas redes sociais, facto que regozijou a população local, por permitir o reencontro com alguns irmãos Ovimbundu, que seguirem, na época colonial, para o Brasil sem conhecerem as suas origens.
Para o efeito, pediu maior preparação dos gabinetes do vice-governador para o sector Político, Social e Económico e da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, para trabalharem na credibilidade dos hábitos desta região a nível das várias nações, por acreditar que a província receberá enchentes, nos próximos dias.
A governante lembrou que muitos angolanos partiram para aquele país sul-americano na posição de contratados, uma situação imposta pelo regime colonial português, daí a importância da visita, para demonstrá-los de que não estão sozinhos.
Por isso, encorajou e felicitou o Soberano pela iniciativa do périplo, por permitir com que os “irmãos por direitos ancestrais angolanos” revivessem vários momentos da cultura Ovumbundu.
Por sua vez, o Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga “Ekuikui VI”, informou que dos cerca de 156 milhões de habitantes que se encontram no Brasil, 53 por cento são negros oriundos de África, sobretudo, de Angola e da República Democrática do Congo.
Disse que os ancestrais angolanos sempre tiveram a vontade de chegar ao Brasil, para saber como estão os seus filhos levados pelo regime colonial naquela altura imposto.
A visita ao Brasil, segundo o Soberano, serviu para diminuir a saudade dos “irmãos por direitos ancestrais” e para mentalizá-los de que não são filhos de escravos, mas sim de um povo escravizado, de reis e rainhas angolanos.
No Brasil, Tchongolola Tchongonga “Ekuikui VI”, reuniu com os líderes da comunidade negra, indígenas, artistas e das religiões de matriz africana, para além de ter se encontrado a secretária da Cultura da cidade de São Paulo e empresários do turismo tradicional, no quadro da captação de recursos, cooperação e intercâmbio necessário.
Falou, igualmente, com os primeiros refugiados angolanos naturais das províncias do Huambo e de Benguela, que chegaram no Brasil em 1975, para além ser homenageado no espaço Casa da Memória e lançado o seu primeiro livro intitulado "A hegemonia dos Ovimbundu no reino do Mbalundu”. ZZN/ALH