Dez monumentos e sítios históricos do Moxico classificados património nacional

     Cultura           
  • Moxico • Quarta, 04 Setembro de 2024 | 14h11
Monumento à Paz na cidade do Luena, província do Moxico
Monumento à Paz na cidade do Luena, província do Moxico
Laite Tito (ANGOP)

Luena - A província do Moxico conta com dez monumentos e sítios elevados à categoria de Património Histórico-Cultural Nacional, informou hoje, quarta-feira, no Luena, a chefe de departamento da Cultura do Moxico, Ester Alberto.

Com a elevação destes 10 monumentos e sítios históricos a Património Histórico-Cultural Nacional, a província passa a contar com 11, sendo que o único era, desde 1998, as Ruínas do Forte da Cameia, no município com mesmo nome, símbolo da resistência à ocupação colonial.

Em declarações à ANGOP, a chefe de departamento da Cultura, Património Histórico e Comunidade Tradicional no Moxico, Ester Alberto, disse tratar-se dos túmulos da primeira Rainha Nhakatolo, José Mendes de Carvalho “Hoji ya Henda” e Américo Boavida, lago Calundo, sítios do Lunhameji, Cassongo e Cassamba.

Consta ainda o edifício da antiga administração colonial do então Conselho do Distrito do Moxico (Moxico-Velho), memorial à paz e as ruínas da missão da Igreja Evangélica dos Irmão em Angola (IEIA), cuja informação foi passada este mês pelo Instituto Nacional de Património Cultural, após envio dos processos em 2012.

O túmulo da primeira Rainha Nhakatolo está localizado na comuna de Nana-Kandundo, município do Alto-Zambeze, o sarcófago que data desde o longínquo ano de 1915.

Esta soberana é originaria do Império Lunda, que por vicissitudes migrou para as margem esquerda do rio Kuando, primeiro se chamou Ngambo e continuou com as conquistas de sua mãe em proteger o seu reino contra a colonização portuguesa e inglesa na altura, tendo fixado permanentemente a sua morada na localidade do Kavungo em 1892.

Por ter amizade com o governo português, quando surgiu a questão das fronteiras entre Portugal e Inglaterra, Nhakatolo fez com que Alto-Zambeze se tornasse parte de Angola, onde na altura os ingleses queriam que a região fosse parte do reino de Barotze.

Nhakatolo, a rainha heróica e mãe dos Luenas (Luvales) morreu em 1915 e foi sepultada com honras merecidas a nobreza do seu sangue e, a dignidade e fidelidade de seu reinado, num mausoléu da tradição dos Luenas que se ergue a sombra de Mussuhwa (Mulembera) na própria Nganda em Kavungo (Alto-Zambeze).

O lago Kalundo, está situado ao longo da Estrada da Nacional 250 (EN250), no bairro Cameia, comuna do Liangongo, município do Léua. É um local turístico onde no século XVIII, conforme diz a lenda, existia uma aldeia que se transformou em lagoa, devido o desprezo dado pelos aldeãos numa pobre idosa.

Na altura, os colonos portugueses tentavam atravessar a lagoa e não conseguiram, a canoa submergiu e houve algumas vítimas, tendo os portugueses arremessado diversos engenhos explosivos ao local afim de neutralizar o fenómeno.

Passados tempos, alguns caçadores encontraram noutra margem da lagoa um rasto de pessoas dirigindo-se para o sul. Até hoje em dia neste lugar nota-se a aparição de “fantasmas”.

O Monumento à Paz, situado na cidade do Luena, é uma obra construída à base de cobre e ferro que denota uma pomba branca gigante que é elevada por dois braços, que simboliza a paz, ao ar.

Tem mais de 10 metros de altura, e começou a ser erguida em 2010 para homenagear a província e o contributo dos seus habitantes. Foi inaugurada em 2012, pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Dados indicam que, anualmente, o monumento recebe, em média, mais de 12 mil visitantes, entre nacionais e estrangeiros.       

A construção do monumento foi a melhor forma de homenagear a província do Moxico, que, em Março de 2002, testemunhou a assinatura do Memorando de Entendimento do Luena (Moxico), que viria  abrir caminho para a   paz definitiva no país. Tem um significado especial para todos os que buscam a fraternidade e a solidariedade entre os homens.

Ester Alberto considerou a elevação dos 10 monumentos e sítios, à categoria de Património Histórico-Cultural Nacional, como incentivo na preservação da história local e dar mérito aos locais, bem como uma forma de dinamizar o turismo no Moxico.

Prosseguiu que a direcção provincial da Cultura do Moxico vai continuar a divulgar os monumentos e sítios da região, cujo acções vão consistir no esclarecimento sobre a relevância histórica e a importância da preservação dos 94 monumentos e sítios existentes nos nove municípios da província do Moxico.

O programa, explicou, vai ser materializado por especialistas do sector que vão ministrar palestras, colóquios e visitas aos nove municípios da província.

Os técnicos, reforçou, vão abordar a importância dos monumentos e sítios, a sua caracterização, identidade e origem. 

Enalteceu o empenho das administrações municipais, autoridades tradicionais e entidades eclesiásticas na preservação do património, que está a permitir que as novas gerações tenham contacto com a história e cultura do Moxico. LTY/YD

 

 

 

 

 

 

 

 

 





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