Ondjiva - Uma obra de investigação intitulada “Os khoinsan (khun e khwe) de Angola e seus desafios actuais", de carácter científico, que retrata as vivências do passado e do presente deste povo foi lançada, sexta-feira, na província do Cunene, pelo investigador angolano Leonardo Tuyenikumwe.
O livro de 128 páginas, dividido em três capítulos, procura ajudar a entender a transformação do estilo de vida nómada dos SAN para os costumes de sedentarismo típicos dos bantu, sem no entanto deixar de seguir algumas práticas ancestrais.
Na ocasião, o autor Leonardo Tuyenikumwe sublinhou que a obra realça a longa trajectória, trazendo a realidade actual dos khoisan, sobretudo dos grupos étnicos khun e khwe, desde da história, antropologia, sociologia e política.
Disse que o livro pretende trazer também a realidade efectiva do estado actual deste povo, sua localização, factores e programas e intervenções que devem ser feitos para que tenham um desenvolvimento multidimensional.
Realçou que os SAN culturalmente são considerados como nómadas, que viviam daquilo que a natureza oferece, mas os vários desafios da antropologia e as alterações climáticas vão escasseando as frutas silvestres e animais, assim como a situação da pobreza extrema e da fome que faz com que estes povos mudam o seu estilo de vida.
Já o co-autor Paulino Mussili disse que a obra explica a história da comunidade SAN, por meio de uma combinação de texto e imagens que evidenciam, de forma objectiva, as actuais práticas de vida recolhidas ao longo de vários anos.
Disse que o trabalho resulta de pesquisa e abordagem teórica com referências bibliográficas, estudo de campo na comuna de Oshimolo (município de Cuanhama), através do contacto direito com as próprias comunidades.
Sublinhou que, por ser um povo minoritário, o desafio é trazer uma abordagem sobre os aspectos tecnológico, social e político, de modo que as novas gerações, investigadores, estudiosos tenham oportunidade de saber o seu modo de viver.
Paulino Mussili salientou igualmente que o livro é dedicado a todas minorias étnicas que ao longo da sua existência lutaram para a sua afirmação num contexto em constante mutação em que as desigualdades aumentam todos os dias.
A obra, enquadrada no projecto escrever para florir, foi editada pela “Vamos Editora”, e numa primeira fase foram produzidos 400 exemplares, 150 dos quais distribuídos aos leitores do Cunene.
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