Dundo – Uma Comissão de Pesquisa, criada pelo Ministério da Cultura, trabalha na província da Lunda Norte, para a recolha de informações sobre a essência e o valor cultural da arte etnomatemática “Sona” , símbolo da cultura tchokwe, no âmbito da sua da candidatura a Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
A candidatura dos “Sonas”, conforme anunciou recentemente, o Presidente da República, João Lourenço, na mensagem sobre o Estado da Nação, no quadro da abertura da I sessão Legislativa da V Legislatura da Assembleia Nacional, consta das prioridades do Executivo, no sector da Cultura, nos próximos cinco anos.
A proposta para a sua inscrição, a ser apresentada em 2023, visa a sua inserção nas diversas universidades do mundo, com vista ao estudo científico sobre a antropologia linguística e da comunicação reservada aos povos Lunda-cokwe.
De acordo com o pesquisador José Wazeia, membro da referida Comissão, estão a ser localizadas anciões que dominam a arte nos municípios do Cuango, Cuilo e Lóvua, para a recolha de dados viáveis exigidos pela UNESCO.
Sem revelar os dados exigidos pela UNESCO e a data limite da recolhe de informações, disse que o processo envolve historiadores, pesquisadores, artistas e autoridades tradicionais.
Sonas, que significa escrita na areia, era uma forma de comunicação dos ancestrais da região leste do país, predominada pelo povo Tchokwe, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias, para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.
Estas gravuras (Sonas), de difícil entendimento, encontram-se, actualmente, no Museu Dundo, e num livro que aborda a cultura bantu e já foi retratada na longa-metragem “Os deuses da água”, numa co-produção entre a Argentina e Angola, em 2013.
Pesquisas feitas recentemente indicam a existência, na altura da gravação da longa-metragem, de apenas um ancião, funcionário do Museu do Dundo, que ainda praticava o Sona e que foi um dos actores locais do filme.
Actualmente, existem mais de 10 obras científicas, publicadas em várias partes do mundo, a retratar o Sona e nenhuma em Angola.
Em 2017, a UNESCO declarou o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, norte de Angola, como Património Mundial da Humanidade.
A primeira validada no país pela UNESCO, Mbanza Congo, foi a capital do estado mais poderoso da região austral de África, influenciando económica e politicamente muitos outros Estados vizinhos na altura.