Luanda - A exposição multidisciplinar de 20 obras, denominada “Jizy e Zad (pelo fim da nação)”, do colectivo de arte Verkron, foi inaugurada na sexta-feira, no espaço da galeria Jahmek Comtemporary Art, em Luanda.
A mostra, que contou com a curadoria de Icaro Ferraz, é composta por uma obra de escultura de modelagem em argila e 19 quadros pintados a óleo e acrílico sobre tela, onde, em grande parte deles são observadas figuras humanas circundadas por paisagens naturais.
“Yizi” significa rios e “Zad” é a sigla para “zonas a defender” e sintetiza uma compreensão alegórica da fluidez dos rios como antídoto ao pensamento e à acção política baseadas no estabelecimento de rígidas fronteiras, e sugere uma compreensão mais complexa das articulações entre povos e territórios.
A obra estará patente até o mês de Novembro próximo.
Em declarações à ANGOP, o artista Hemak explicou que se trata de uma instalação pictórica imersiva que pretende recriar o que seria “supostamente” o território nacional, se não tivesse passado pelo projecto de matriz colonial.
Referiu que é um projecto que retrata um mundo idílico, regido por leis não antropocêntricas, mas pela força da natureza, tendo o rio como um dos elementos predominantes.
Acrescentou que os rios se enquadram também como elemento alegóricos, com pensar, sentir como a fluidez dos rios e emocionalmente cada um ser mais empático com os outros.
No seu entender, há muitos conflitos no mundo todo como consequência de posições extrapoladas, devidamente defendidas, com as pessoas a defenderem cada uma às suas ideias e não há diálogo.
Por este facto, a obra também desafia a pensar o mundo de uma forma mais fluida, criando um território onde as pessoas se sintam bem em viver na diferença com diversos tipos de povos e nações.
Pois, na sua essência, a mostra propõe uma leitura alegórica da fluidez dos rios como contraponto às políticas baseadas na imposição de fronteiras rígidas, sugerindo uma abordagem mais complexa das relações entre povos e territórios.
O colectivo Verkron é um grupo de quatro artistas multinacionais que se dedicam à arte urbana, usando as ruas, muros e fachadas da cidade como a tela de sonhos e universos fantásticos.
A arte é uma forma de ocupação que acaba por criar espaços livres onde podemos verdadeiramente “debater a construção do futuro das nossas cidades” e tornar-se a fonte de diálogos que podem contribuir para a educação e emancipação do nós, enquanto comunidades de pessoas urbanas e urbanizadas.
Verkron retracta a sociedade angolana de uma forma sensível, algo que frequentemente passa despercebido na Luanda frenética, reabilitando a estética de uma cidade que carece de espaços onde a arte pode ser livremente apreciada por qualquer um, em qualquer lugar e em qualquer altura. CPM/OHA