Lobito - A reabilitação do Cine Flamingo encontra-se a noventa e cinco por cento da sua execução física, faltando apenas a parte da jardinagem e os equipamentos para estar à disposição do público, apurou a ANGOP, esta quinta-feira.
Durante uma visita por ocasião do Dia Internacional dos Monumentos e Sitios, celebrado hoje, 18 de Abril, funcionários da Administração Municipal do Lobito e fazedores de arte percorreram o espaço daquela infrea-estrutura, para se inteirarem sobre a reabilitação em curso.
De acordo com o responsável da sub-empreiteira Casais, que se ocupa do edifício, o palco foi ampliado, as estruturas de betão reforçadas e o tecto, bem como os dois bares, também sofreram retoques.
O sistema eléctrico e a água corrente está garantido, segundo garantias dada à comitiva, chefiada pelo director municipal da Cultura, Chico Sandro.
No decorrer da apreciação da obra, os visitantes trocaram impressões sobre a forma de gestão e manutenção do empreendimento.
Sérgio Capinga, empresário, sugeriu a elaboração de um estatuto para o futuro gestor trabalhar com base naquele documento, para ter uma linha orientadora.
O empresário entende que desta forma haverá maior disciplina.
Para Joaquim Teixeira, pintor e ambientalista, o espaço deve albergar eventos de grande impacto, para recuperar o patamar que adquiriu na era colonial.
"Naquele tempo, este cinema era a atracção de turistas de várias nacionalidades e não só, que vinham ao Lobito passar as suas férias. Só desta forma poderemos captar a atenção do Estado para possíveis apoios para manter a infra-estrutura", afirmou.
Por outro lado, o representante municipal da União dos Artistas e Compositores (UNAC), Francisco Rui Martis, foi peremptório em afirmar que já não haverá razões de queixas para os músicos, dançarinos e artistas de teatro, que alegam a falta de espaço para exibirem as suas produções.
"Temos uma imponente obra que passará a ser o Tribunal do Artista", afirmou o músico com entusiasmo.
Por sua vez, Francisco Magalhães, exímio guitarrista da "Banda Vozes", a caminho dos 60 anos, regozijou-se pela reabilitação do cinema, contanto as artimanhas que fazia, na altura da juventude, para assistir a "matiné e a soiré".
O artista acrescentou ainda que, nos primórdios dos anos 70, estiveram em palco no Cine Flamingo artistas internacionais como os brasileiros Nelson Ned e Roberto Carlos, bem como o norte americano Persy Sledge.
"Além da variedade de filmes que assistimos, participamos, em 1979, no projecto musical Kalunga, onde estavam presentes os artistas brasileiros Djavan, Martinho da Vila, Alcione, Maria Betânia e outros.", lembrou.
Segundo ele, com a entrada dos clubes de vídeo, nos anos 80, muita juventude começou a desinteressar-se pelo cinema e daí, essas infra-estruturas começaram a perder o seu verdadeiro papel, até que chegarem quase ao estado de abandono.
O Cine Flamingo começou a ser reabilitado no quadro das obras emergenciais implementadas pelo Governo Provincial de Benguela, desde 2021, que contempla também vias de comunicação, iluminação pública e água e saneamento, nas quatro cidades do litoral da província, nomeadamente Lobito, Catumbela, Benguela e Baía Farta. TC/CRB