Huambo – O Centro Cultural do Huambo, em construção desde 2011, tem a sua inauguração prevista para a primeira quinzena de Janeiro próximo, anunciou o director do gabinete provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Jeremias Piedade.
Implantada numa área de três hectares, na confluência entre as avenidas Norton de Matos, do Granja e a rua que desce em direcção ao largo Deolinda Rodrigues, a infra-estrutura, cujas obras foram consignadas em Setembro de 2011 e retomaram em 2022, depois de cinco anos de paralisação, será “baptizada” com o nome do escritor e autor do Hino Nacional, Manuel Rui Alves Monteiro.
Em declarações hoje, quarta-feira, à ANGOP, o responsável assegurou que todo o trabalho tem estado a ser feito para que o empreendimento seja colocado à disposição da população em Janeiro próximo, por ser o mês dedicado à Cultura Nacional.
Reiterou que o centro, o primeiro do género no país, vai oferecer aos utentes espaços condignos de actividades lúdicas de lazer e de desenvolvimento da cultura, com salas de formação para ateliê.
Jeremias Piedade disse que a designação do imóvel, com nome de Manuel Rui Alves Monteiro visa prestar homenagem a um filho do Huambo pelo seu contributo na cultural nacional e na literatura, para além de ter sido o autor do Hino Nacional de Angola.
Noutra vertente, o responsável esclareceu que a retirada, no local, das estátuas de Norton de Matos, fundador da desta região, bem como das suas quatro virtudes (Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança) resulta do facto de o centro ser, essencialmente, de cultural nacional e não histórico.
Lembrou que antes de estarem implementadas no espaço onde foi erguido o Centro Cultural, estavam colocadas no largo António Manuel de Arriaga, hoje praça Doutor António Agostinho Neto, onde foram retiradas em 1975 e transportadas para o Museu Regional do Huambo.
Por isso, adiantou, as mesmas serão devolvidas ao Museu Regional do Huambo, incluindo a de Vicente Ferreira (arquitecto da urbe) e do Brasão da cidade, pelo facto de as mesmas fazerem parte do contexto histórico e não cultural, que constitui a essência do centro.
Características do centro
O empreendimento será composto por três cine-teatros, com 500, 150 e 100 lugares, respectivamente, duas salas de conferências, um espaço para apresentação de trabalhos de arte, literatura e música, duas salas para aulas de dança, igual número para artes plásticas e artesanato e uma de exposições.
Contará, igualmente, 11 lojas de especialidades artísticas e culturais, dois restaurantes top de gama, um dos quais no seu 2º piso, com vista para a parte Alta da cidade, dois cafés voltados para a zona Baixa da urbe, áreas de apoio aos actores e músicos durante as suas exibições em palco e duas salas para aula de música.
O Centro terá um bar, posto policial, uma geladeira, parque infantil, loja de venda de bebidas, duas salas multifunções, um restaurante a céu aberto, com área para espectáculo e uma pedonal coberta, que ligará a infra-estrutura ao Jardim da Cultura.
À entrada do centro, cuja cobertura se configura como um fumo que sai da chaminé de uma locomotiva, em reconhecimento ao contributo do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) na promoção do desenvolvimento social, económico e cultural, o utente depara-se com a primeira cacimba da cidade do Huambo, com 25 metros de profundidade, erguida na época colonial.
Breves dados de Manuel Rui Alves Monteiro
Figura incontornável das artes angolanas, Manuel Rui Alves Monteiro nasceu na cidade do Huambo a 4 de Novembro de 1941.
Fez os estudos primários e secundários na província natal, seguindo para Portugal, onde cursou Direito na Universidade de Coimbra até 1969.
Enquanto estudante, foi activista cultural da Casa dos Estudantes do Império, participou em acontecimentos literários e políticos, tendo sido preso por dois meses em Portugal. Exerceu advocacia em Coimbra e Viseu.
Publicou, entre outras, as obras “O Regresso Adiado”, “Memória de Mar”, “Sim, Camarada!”, “Quem me Dera ser Onda”, “Crónica de um Mujimbo”, “1 Morto & Os Vivos”, “Rio Seco”e “Da Palma da Mão”. ALH