Luanda - O emblemático grupo carnavalesco União Operário Kabocomeu pretende conquistar lugares cimeiros da 46ª edição do carnaval de Luanda 2024, no seu regresso à classe A.
Exímio representante da dança “Kazucuta”, entendida, na época colonial, como actos de rebeldia e subversão, na ausência de estratégias intelectuais de contestação ao então regime colonial português, o grupo desfilou em 2023 na classe B, onde conquistou o primeiro lugar, que lhe valeu o regresso ao convívio dos grandes.
Em declarações esta quinta-feira à ANGOP, o seu porta-voz, Joaquim Filho, disse que a conquista da classe B galvaniza o colectivo para ocupar um lugar de destaque.
O compositor e intérprete do Kabocomeu referiu que as condições estão criadas para uma apresentação desafiadora do grupo.
Para brilhar na nova marginal, o grupo tem ensaiado intensamente a coreografia, procurando uma harmonia perfeita entre a música e a Kazucuta.
Com mais de 400 integrantes, segundo Joaquim Filho o colectivo vai levar à pista da Nova Marginal o tema para este ano “ a pandemia da Covid 19 “ e a música com o título “Wuache”.
Disse que uma atenção especial está a ser prestada a preparação da corte, que tem como rei Eugénio Lázaro e a rainha Elsa Teixeira, por desempenhar um papel crucial na performance do grupo, comandado por Manuel Kilengo.
No seu entender, a corte contribui para a beleza do desfile, pois eleva o espírito da comunidade e promove a cultura carnavalesca, tornando-se numa figura importante e incontornável na celebração do Entrudo.
História do Grupo
O União Operário “Kabocomeu”, do ponto de vista estrutural, estético, prestígio, existência desde o período colonial, constitui, a par do União Kiela, União 54 e o União Mundo da Ilha, em verdadeira instituição cultural do Carnaval luandense.
Vencedor da primeira edição do Carnaval do pós-independência, em 1978, o União Operário “Kabocomeu” foi fundado no dia 2 de Janeiro de 1952, em Luanda, pelo bailarino Joaquim António, o carismático, "Desliza", operário de construção civil que trabalhou nos armazéns da firma, “Diogo e Companhia”, na época colonial.
As canções "João Domingos Yó" e "Makudié", temas clássicos e representativos do Carnaval de Luanda, são da autoria do grande "Desliza", seu eterno e valorizado comandante.
No entanto, outros nomes marcaram a vida, a história e a magnitude da obra da União Operário “Kabocomeu”: Joaquim Júnior, vocalista principal, Eugénio Filipe, vice-comandante, Adão Índio, José Manuel, dikanza, Zindoca, Antoninho, Antonica, Manuel Kilenge, Dafuba, Carlos Gouveia, Francisco Avelino, Aguenta Homem, Francisca Marcolino, Zita, Adão Alexandre e Santa Adelina, foliões que fizeram história no grupo.
Adereços
Os bailarinos trajam-se de forma variada, contudo é comum vestirem calças listradas, casacos pretos ornamentados com espelhos e outros sortilégios coloridos, muitas vezes representando a hierarquia do exército.
Os dançarinos cobrem os rostos com máscaras de animais, principalmente de porco, enquanto as mulheres vestem-se de panos estampados.
Complementa a indumentária o cinturão vermelho, botas, geralmente pretas, tendo as mãos cobertas por luvas brancas. O “Kabocomeu” exibe guarda-chuvas na mão esquerda, sua marca distintiva, empunhando bengalas e martelos. EVC/ART