Lobito – O grupo de dança Bismas da Acácias, da cidade de Benguela, desenvolve um projecto com vista a transformar-se em Escola de Artes, para massificação da cultura angolana e intercâmbio cultural com outros povos, soube a ANGOP, esta terça-feira.
De acordo com a sua directora, Deolinda Trindade, o grupo já deu passos no sentido de dar entrada do projecto ao Governo Provincial de Benguela e ao Ministério da Cultura, aguardando pela sua aprovação.
Referindo-se ao estado actual do grupo, a responsável considera razoável, acrescentando que trabalha arduamente todas as semanas, de segunda a sexta-feira, e também faz pesquisas para poder sustentar as suas coreografias.
“Isto é que faz a diferença com outros grupos de dança, a nível da província”, afirmou, justificando desta forma os convites endereçados a si, principalmente quando chegam entidades estrangeiras.
Para ela, o ponto mais alto da sua carreira foi ter recepcionado o Presidente norte-americano, Joe Biden, aquando da sua visita a província de Benguela para constatar in loco as potencialidades do Corredor do Lobito.
Nesta deslocação, Joe Biden participou também numa cimeira multilateral com os seus homólogos angolano, João Lourenço, da RDC, Felix Tshisekedi, da Zâmbia, Hakainde Hichilema e o vice-presidente da Tanzânia, Philip Mpango, no passado dia 4 de Dezembro.
“Conseguimos contagiar o Presidente dos Estados Unidos pela nossa forma de cantar e dançar ao som do nosso batuque, dos apitos e os lossangos”, afirmou com entusiasmo.
Quanto aos contratos, manifestou alguma tristeza pelo facto de haver muito poucos, excepto com a Empresa Portuária do Lobito e o Caminho de Ferro de Benguela, com os quais têm uma parceria e pagam entre 300 a 350 mil kwanzas.
“Muitas entidades, a nível da província, desconhecem o valor das artes e querem oferecer contratos no valor de cem mil kwanzas, uma soma irrisória, tendo em conta que o grupo tem catorze intervenientes”, lamentou
Disse também que têm recebido razoavelmente quando são convidados pelo Ministério da Cultura ou por associações culturais nas viagens para Luanda, na medida em que são contemplados com ajudas de custo.
Deolinda Trindade revelou, no entanto, que o Bismas das Acácias está a passar algumas dificuldades no que toca à sustentabilidade de alguns integrantes, na medida em que têm suas famílias e vivem apenas dos seus parcos rendimentos, por falta de emprego.
“Estamos a tentar arranjar uma estratégia para arranjar emprego para os bailarinos, batendo portas a quem nos possa ajudar. Se o projecto da Escola de Artes se concretizar, vai ser uma mais-valia porque alguns deles poderão trabalhar ali como professores de dança, etc”, sugeriu.
O grupo, fundado em 1984, está localizado na cidade de Benguela e conta com 35 elementos. Utiliza como estilos de dança o lundongo, congo “caçador”, tchipuete, acácias de ouro e dança do cultivo.
Possui uma vasta experiência na apresentação dos seus trabalhos, tanto a nível nacional como internacional, tendo passado por várias províncias do país e por alguns países como o Egipto, Rwanda Portugal, Espanha e Itália. TC/CRB