Namacunde - A biografia dos 18 reis que passaram pelo reinado de Oukwanyama, província do Cunene, entre os anos 1500 a 1917, foi abordada hoje, segunda-feira, numa palestra que decorreu no município de Namacunde.
A palestra se insere nas comemorações do 106º aniversário desde a morte do último rei do povo Oukwananyama, Mandume Ya Ndemnufayo, a 6 de Fevereiro de 1917.
Ao dissertar o tema, o actual soberano do reinado de Oukwanyama, Jerónimo Haleinge, fez uma abordagem sobre os acontecimentos que deram lugar ao reino de Oukwanyama, nos séculos XV e XVI.
Jerónimo Haleinge disse o reinado Oukwanyama conheceu 18 reis, sendo que 12 foram sepultados no cemitério dos soberanos localizado em Oipembe, nas proximidades da cidade de Ondjiva, e outros em outras zonas do município, incluindo Mandume, em Oihole.
Esclareceu que independentemente das circunstâncias, cada soberano procurou defender com determinação o território, seu povo, criação de gado e agricultura.
Informou que na altura, formaram uma unidade administrativa forte e complexa na qual os Cuanhama demonstraram-se destemidos pela luta de resistência da ocupação colonial, através de árduas batalhas.
Reconheceu que o rei Mandume foi o mais destacado ao longo deste período de sete anos que ficou no reinado, pelos feitos marcantes e serviços prestados à comunidade, embora seja nas circunstâncias diferentes.
Lembrou que Mandume destacou-se em várias frentes, como na batalha de Môngua, Chana de Ongwe e no derradeiro combate de Oihole, no qual suicidou-se.
Governo do Cunene
Por seu turno, o vice-governador para o sector Político, Social e Econômico do Cunene, Apolo Ndinoulenga, valorizou a palestra que permitiu transmitir o testemunho às gerações actuais relativamente aos reis que passaram pelo reinado de Oukwanyama.
Neste dia, explicou, é relembrado Mandume pela sua dimensão, determinação e bravura, tendo enfrentado um regime forte que disponha de equipamentos bélicos, submetendo a eles duras batalhas sem vergar, preferiu morrer que ser apanhado.
Disse que Mandume constituiu regras duras em defesa do seu reinado, tendo restaurado a ordem social, a riqueza e prosperidade do seu povo, expulsando comerciantes portugueses que praticavam preços altos.
“Estes valores devem ser preservados e transmitidos às gerações, daí a necessidade dos investigadores e a sociedade académica pesquisar mais sobre Mandume e outros reis, para estes conhecimentos constarem em livros”, realçou.
Mandume ya Ndemufayo nasceu em 1884 nas terras do reinado de Oukwanyama, um estado nacional dos povos Cuanhama, do grupo etnolinguístico dos ovambos, do sul de Angola e norte da Namíbia.
O Complexo Memorial do Rei Mandume localiza-se na vila de Oihole, no município de Namacunde, província do Cunene, no Sul de Angola, e foi erguido em homenagem ao Rei Mandume ya Ndemufayo.