Luanda – A proposta de criação do Museu Etnográfico das Comunidades Tradicionais do Sul de Angola, na cidade de Moçâmedes, província do Namibe, foi avaliada essa quarta-feira, em Luanda.
De acordo com o comunicado de imprensa da 7ª sessão Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial, orientada pelo vice-presidente da República, Bornito de Sousa, o museu deverá ser construído com base na requalificação e reconversão do Cine Estúdio Moçâmedes.
Com a requalificação e reconversão do referido equipamento, um edifício construído em 1974, o futuro museu formará, com o Instituto Nacional de Estatística e a zona da Torre do Tombo, um belo conjunto arquitectónico, lê-se na nota.
A Comissão avaliou também a implementação das recomendações da Organização das Nações Unidas para a Cultura, Educação e Ciência (UNESCO) para Mbanza Kongo (Zaire).
Adianta que foram tomadas, no quadro das recomendações da UNESCO, medidas no sentido de reduzir o número de casas e edifícios no centro histórico de Mbanza Kongo.
A nota esclarece que pretende-se evitar modificações na paisagem e nos traços urbanísticos do centro susceptíveis de comprometer a conservação do local, bem como garantir a limpeza e saneamento aos principais monumentos e locais arqueológicos ali existentes e a promoção da investigação científica.
O Comité de Gestão Participativa do Centro Histórico de Mbanza Kongo pretende encontrar propostas técnico-científicas para a conservação preventiva da árvore sagrada “Yala Nkuwu”, face ao seu envelhecimento, e mitigar o risco que representa o surgimento de fissuras nas ruínas de Kulumbimbi.
Na sessão desta quarta-feira, a Comissão apreciou o Plano de Gestão de Mbanza Kongo 2022-2026, cujo fito é definir uma estrutura de gestão eficaz, tendo em conta a realidade do local e as estruturas da zona histórica.
O plano contempla acções permanentes de conservação, protecção e restauração dos elementos culturais e naturais do Centro Histórico de Mbanza Kongo.
A Comissão lembrou que na 2ª edição do Festival Internacional de Cultura Kongo “Festikongo”, ocorrido em Junho, em formato mais restrito devido a Covid-19, tiveram lugar actividades como o Lembo (Ritual Tradicional de Bênçãos para a abertura oficial do evento), uma palestra sobre a Profetiza Kimpa Vita, culto ecuménico e visitas guiadas aos monumentos e sítios históricos do Centro Histórico.
Abordaram igualmente questões relativas ao acto simbólico de descerramento do Busto do Príncipe Dom António Manuel Nsaku Ne Nvunda “Negrita”, primeiro Embaixador do antigo Reino do Kongo junto do Estado do Vaticano, no âmbito das comemorações do 46º aniversário da Independência Nacional.
Rumba congolesa
A Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do património Cultural Mundial saudou a recente classificação da Rumba Congolesa como “Património Imaterial da Humanidade”.
Na ocasião, a Conferência geral da UNESCO declarou o género musical, que é também um estilo de dança comum em áreas urbanas da RDC e República do Congo, como “parte essencial e representativa da identidade do povo congolês e sua diáspora”.
Sobre o tema, destacou a participação de artistas angolanos na génese da Rumba Congolesa.
Angola sente-se parte desta relevante conquista que coroa os esforços empreendidos pelas autoridades dos dois países, RDC e Congo Brazzaville, no quadro de uma candidatura conjunta junto da UNESCO.
A Comissão entende ser um incentivo ao processo em curso de criação dos pressupostos e preparação da futura candidatura do Semba e da Kizomba, à Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade, tal como outros géneros musicais e danças pelo mundo, como o Tango (Argentina), o Samba (Brasil), o Fado (Portugal), a Morna (Cabo Verde) e a Rumba Cubana.
No quadro de restrições por causa da Covid-19, a Comissão tomou conhecimento de um Projecto de Digitalização dos Museus e Sítios Históricos angolanos, que se propõe disponibilizar visitas virtuais ao património cultural nacional e mundial com interesse para a pesquisa académica.
A nota de imprensa indica que o recinto será benéfico para a investigação científica, para o turismo, funcionando igualmente como incentivo às visitas presenciais.