Huambo – Os produtores de peças artesanais na província do Huambo queixam-se da falta de mercado para a comercialização das obras, devido à fraca cultura dos cidadãos nacionais em adquirir objectos desta natureza.
O facto foi revelado hoje, quinta-feira, à ANGOP, pelo representante da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) do Huambo, Pedro Hospital, que considerou preocupante a situação, por condicionar os profissionais a continuarem com as suas actividades, uma vez que os cidadãos preferem optar pelos produtos do estrangeiro.
Adiantou que a organização controla, na província do Huambo, para além de artistas plásticos, 12 artesãos que se dedicam à produção de diversas peças que retratam aspectos de Angola na sua universalidade.
Segundo o responsável, há, quer na província, quer no país, em geral, pouca cultura de compras de peças artesanais, o que faz com que não haja mercado de comercialização, comprometendo, deste modo, os profissionais a continuarem a produzir, devidos ao elevado custo de produção, para além de influenciar, negativamente, na sua sobrevivência.
Pedro Hospital explicou que os principais compradores das artes têm sido, maioritariamente, os turistas estrangeiros, por se interessarem em conhecer a cultura angolana, mas desde 2020, por conta da Covid-19 e da situação social e económica, tem se registado uma redução significativa no comércio, o que agudiza cada vez mais o mercado.
Entre as dificuldades, apontou a falta de espaços apropriados para a exposição e comercialização das peças, de oficinas de arte para a produção e a escassez de diversos instrumentos utilizados para a moldura da madeira, como principal matéria-prima.
Apesar disso, referiu que a classe, inspirada pelo gosto pela arte e pela necessidade de contribuir na preservação da cultura nacional, tem se dedicado na produção das peças artesanais com a qualidade desejada no mercado,
Eduardo Victória Manuel, artesão há mais de 40 anos, solicitou ao governo a implementação de políticas que incentivem os artistas a continuem a produzir, sem constrangimentos.
Por sua vez, o director do gabinete provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos no Huambo, Jeremias Piedade Chissanga, considerou satisfatório o nível de produção e a qualidade das peças artesanais, por parte dos artistas da província, o que tem contribuído para o engrandecimento da cultura local e nacional.
Reiterou o compromisso do Governo da província em continuar apoiar a classe com políticas que visam o incentivo à produção, sobretudo, com a compra de peças, de modo a serem oferecidas às entidades que visitam a província e demais ocasiões, assim como a divulgação das obras para que haja uma maior valorização por parte dos nacionais.
O artesanato é uma técnica manual utilizada para produzir objectos feitos a partir de matéria-prima natural. VKY/ALH