Lobito - Os actores de teatro da cidade do Lobito (Benguela) estão expectantes com a disponibilidade do cine Flamingo para exibição dos seus trabalhos e recuperação da dignidade da classe, soube a ANGOP, esta quinta-feira.
O grau de execução física das obras do referido cine encontra-se em cerca de 90 por cento.
Tal como o cine Monumental, em Benguela, aquela infra-estrutura está enquadrada no âmbito das obras emergenciais que o Governo Provincial está a levar a cabo nas cidades do litoral da província.
Falando à ANGOP, o director de Comunicação e Imagem e encenador do grupo de teatro Horizonte e Arte, Laurindo Lourenço, afirmou que há muito que este espaço é esperado com expectativa, devido à sua modernização, acrescida de condições técnicas, nomeadamente as luzes e a sonorização, indispensáveis para o seu desempenho.
"Os grupos de teatro estarão em condições de manter uma concorrência salutar com os seus homólogos de Luanda e conseguir atrair turistas para apreciar boas peças teatrais feitas nestas paragens", afirmou.
O cine Flamingo, construido nos anos 60, já albergou espectáculos músicais com estrelas internacionais como o norte-americano Percy Sledge e os brasileiros Roberto Carlos e Nelson Ned.
Grupo Horizonte e Arte prepara projecto para Setembro 2024
O grupo Horizonte e Arte está a preparar um "projecto de grande envergadura", para exibir em Setembro do próximo ano, no âmbito das festas da cidade do Lobito, segundo o seu director.
Este projecto, com duração de dez dias, contará com a presença de grupos teatrais de dez províncias, além da anfitriã e de três grupos vindos do Brasil, Portugal e Cabo Verde", anunciou.
Disse que os detalhes estão a ser preparados com o apoio da ONG Globo Dikulo, de Luanda, responsável pelo Festival Internacional do Cazenga "FESTECA".
Para já, tem uma amostra para exibir no próximo mês, por ocasião da Independência Nacional, no dia 11 de Novembro.
Um dos seus trabalhos de maior sucesso é baseado na obra literária do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, com o título "Adeus à hora da largada".
Estado actual do Teatro na província
De acordo com o responsável do grupo Horizonte e Arte, o Teatro, na província de Benguela, enfrenta problemas diversos, que de certo modo inviabilizam o seu desenvolvimento.
"Raramente somos chamados a participar nas Efemérides, ao contrário dos músicos", lamentou.
Questionado sobre o apoio do empresariado, explicou que é quase inexistente por falta de retorno nos rendimentos financeiros.
Segundo ele, as pessoas ainda não entenderam que o teatro contribui para o crescimento das cidades, na medida em que um projecto de impacto nacional pode atrair turistas que vão aumentar a lotação dos hotéis e restaurantes, a mobilidade na transportação e consequentemente a arrecadação de receitas para o Estado.
Quanto à aderência da população assegurou que "de alguns anos para cá, notou-se uma grande ausência do teatro devido à exiguidade de espaços, mas, com a recuperação do cine Império e do Sporting do Lobito, a classe já está a reconquistar aos poucos o seu estatuto e já aparece mais gente", considerou.
Laurindo Lourenço lamentou as dificuldades vividas para exibição dos projectos, afirmando que os grupos gastam entre 300 a 400 mil kwanzas com a criação de condições logísticas, nomeadamente hospedagem, alimentação, aluguer de espaço, etc.
"Este montante é do esforço dos próprios fazedores de arte devido ao amor que têm pela profissão", revelou.
O Horizonte e Arte é um dos mais conceituados grupos de teatro da "cidade dos flamingos". Existe desde 2008 e conta actualmente com vinte e um integrantes. TC/CRB