Dundo - O Museu Regional do Dundo, na província da Lunda Norte, recebeu, este domingo, um espólio fotográfico e bibliografico que retrata a história e a cultura do povo Tchokwe.
O espólio foi oferecido por um casal, filhos de ex trabalhadores da antiga companhia de diamantes "DIAMANG".
Em cerimónia testemunhada pela governadora da província da Lunda Norte, Deolinda Satula Vilarinho, a direcção do museu recebeu, igualmente, uma pen drive onde contém filmes e/ou gravações do folclore Tchokwe, captados em grandes festas na decada de 70 e 80.
Na ocasião, o director do museu, Ilunga André, fez saber que os livros e as fotografias serão colocadas na biblioteca e na foteca, para permitir que os jovens, pesquisadores e académicos tenham acesso aos conteúdos.
Por outro lado, informou que a direção do Museu, em coordenação com o Ministério da Cultura, está a trabalhar com a interpol, visando a recuperação das peças que tinham sido roubadas durante o conflito armado.
Sem revelar números, fez saber que algumas já foram resgatadas, mas a interpol exige que se crie primeiro condições de segurança e de armazenamento das peças para que cheguem em Angola sem serem desviadas novamente.
Disse que o Ministério da Cultura e o governo local estão a envidar esforços para garantir a segurança e as condições de armazenamento no Museu do Dundo.
Em 2019, oito peças que tinham sido roubadas no acervo do Museu Regional do Dundo, na década de noventa, durante o conflito armado, e levadas clandestinamente para o exterior do país foram restituídas à instituição museológica.
Das peças recuperadas pela Fundação Sindika Dokolo consta um cadeirão do chefe máximo Lunda Cokwe, um cachimbo adornado, uma máscara de madeira maciça e um pequeno banco circular.
Recuperação do "Bala-Bala"
O responsável informou que o Governo está a envidar esforços no sentido de recuperar a estação arqueológica do Dundo "Bala-Bala" , acrescentando que já foram dados passos importantes para que tal se efective.
Conforme o responsável, aguarda-se apenas pela contratação da empresa que se responsabilizará pela recuperação e/ou reabilitação da estação.
Fez saber que decorre um inventário das peças arqueológicas da estação, com apoio do Museu Nacional da arqueologia.
O Museu
O museu, situado no “coração” da antiga cidade do Dundo e com mais de 100 anos de existência, ajuda a sociedade a identificar acontecimentos da história, que foram decisivos e essenciais para a construção do “Império” Lunda.
Para ajudar a preservar as memórias e, ao mesmo tempo, explicá-las aos interessados, a instituição conta com um acervo repleto de artigos e colecções etnográficas, biológicas, arqueológicas, de arte sacra, popular e alguns objectos que se relacionam com a história da Revolução Industrial, como a exploração de diamantes.
As colecções etnográficas do Museu do Dundo constituem a principal componente do objecto social da instituição e resultam da primeira campanha de recolha de peças, designada por expedição de Camaxilo, feita no longínquo ano de 1937, e do Alto Zambeze, em 1939.
O Museu do Dundo possui nove mil peças etnográficas e prevê, para breve, a recolha de outras que se encontram em posse de pessoas ligadas à arte e detentoras de colecções.
Entre os artigos culturais expostos, sobressaem a estatueta do Samanhonga (Pensador) - que se tornou num símbolo nacional -, as máscaras Mwana Phowo (retrata a beleza feminina), Mukishi wa Mwanangana (palhaço do rei) - que corresponde ao sacrifício sagrado e representa os antepassados do chefe tribal -, bem como os instrumentos musicais: Ngoma (batuque ou tambor) e puita. CMC/HD