Luanda – Uma reflexão sobre a história do semba foi promovida na última quinta-feira, pela Academia Angolana de Letras, no âmbito da primeira conferência do ciclo do mês de Janeiro, da série Conversas da Academia.
A conferência, realizada em sistema misto (presencial e virtual), contou com historiadores e académicos de Angola, Bélgica, Brasil, Portugal e Senegal e teve como conferencista Washington Nascimento.
Segundo Washington Nascimento, o semba está baseado num pensamento de união, partiu dos musseques para a urbe luandense.
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e autor do livro "O semba vai à luta" (Luanda, 2024), referiu que "o semba é um caldo cultural que foi criado a partir do diálogo com sonoridades congolesa, brasileira e cubana, podendo ser considerado como a musicalidade do mundo atlântico.
Washington Nascimento esclareceu que nos musseques de Luanda, as pessoas dançavam a kabetula, kilapanga, kazukuta e massemba, ritmos que contribuíram para o actual semba.
Quanto a figuras ligadas ao semba, Washington Nascimento mencionou Guilherme Assis, que foi o primeiro a transferir essa sonoridade dos musseques e do carnaval para o piano.
Entretanto, considerou Liceu Vieira Dias como o pai do semba.
“O semba é a junção do mar, do negro pan-africanista e das pessoas dos musseques, na simbiose presente na expressão estamos juntos”, explicou.
O agrupamento musical Ngola Ritmos foi destacado por Washington Nascimento, devido à sua presença e acutilância na resistência anti-colonial, destacando-se as figuras de Liceu Vieira Dias, Domingos Van-Dúnem, Nuno Ndongo, Antonino Van-Dúnem, Amadeu Amorim, Voto Neves, assim como as artistas Lourdes Van-Dúnem e Belita Palma.
"O semba se confunde com a angolanidade, pois inventou uma nova Angola, multicultural, livre, autónoma e conectada", frisou. AB/OHA