Luanda - A Academia Angolana de Letras destacou, nesta quinta-feira, Amílcar Cabral, como um dos grandes nacionalistas africanos, que lutou contra o colonialismo e auto-determinação dos povos do continente.
A homenagem foi feita na primeira conferência do ciclo do mês de Fevereiro da série Conversas da Academia à Quinta-feira, no quadro dos 50 anos do assassinato de Amílcar Cabral, decorrida via Zoom, com a participação de académicos e investigadores de Angola, Bélgica, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal.
Na ocasião, o conferencista Carlos Reis, antigo Ministro da Educação e comandante das Forças Armadas de Cabo-Verde, ao dissertar o tema: Cabral sempre: a importância da ética”, afirmou que o africanista sempre lutou pela defesa de identidades múltiplas.
Para Amílcar Cabral, prosseguiu, a luta de libertação devia fazer-se com ética e segundo princípios libertadores, pois a luta de libertação colonial não libertou apenas o colonizado, mas também o colonizador.
Carlos Reis acrescentou que, mesmo no quadro da luta de libertação, era preciso seguir princípios deontológicos.
"Cabral foi portador de uma mensagem para além da sua época, uma mensagem para o futuro dos povos, um futuro de cidadania, de inclusão social, de solidariedade e de justiça social,
sem paternalismos e afirmava que os povos libertados não deviam ter uma postura de mão estendida", disse.
Carlos Reis defendeu uma maior projecção pedagógica de Amílcar Cabral, pelo potencial africanista que representa, muito para além da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Amílcar Cabral nasceu guineense mas, sentia-se cidadão do mundo, estudou agronomia e trabalhou em Angola como agrónomo, na Companhia Angolana de Agricultura, com a função de encarregado do estudo das plantações de cafeeiros.