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Visita de Joe Biden marca o ano em Benguela

Presidente Joe Biden chega a  Benguela
Presidente Joe Biden chega a Benguela
Pedro Parente-ANGOP

Benguela – A visita histórica do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, com grande foco no Corredor do Lobito, marcou o ano de 2024 de uma forma especial na província de Benguela.

Por José Honório, jornalista da ANGOP

Ao som do batuque e danças folclóricas dos Bismas das Acácias, o Presidente da maior potência económica do mundo desembarcou no Aeroporto Internacional da Catumbela "Paulo Teixeira Jorge", no dia 4 de Dezembro, a bordo do mítico “Air Force One”, sob o olhar atento do Presidente da República, João Lourenço.

Na província de Benguela, onde vivem mais de três milhões de habitantes, Joe Biden, em fim de mandato na Casa Branca, cumpriu a última etapa da sua visita de Estado de 72 horas a Angola, a primeira de um chefe de Estado norte-americano ao nosso país.

A digressão do Presidente americano a Benguela, de onde, horas depois, partiu para o seu país, incluiu a Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, que reuniu os seus homólogos de Angola, João Lourenço, da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, e da Zâmbia, Hakainde Hichilema, para além do vice-Presidente da Tanzânia, Philip Mpango.

Em causa está um megaprojecto ferroviário que liga Angola às zonas de minérios da RDC e da Zâmbia, sendo os EUA um importante parceiro para a redinamização desta infra-estrutura logística.

A propósito, o principal resultado desta cimeira internacional foi o anúncio por parte de Joe Biden de um aumento do investimento dos EUA para o Corredor do Lobito, de mais 600 milhões de dólares.

Com efeito, o investimento internacional no Corredor de Lobito já ultrapassou os seis mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros), incluindo o sector privado, bancos de desenvolvimento regionais e parceiros do G7.

Além disso, o chefe de Estado americano visitou o Porto do Lobito, onde testemunhou a chegada de um comboio de carga da Lobito Atlantic Railway (LAR), com carregamento de cobre proveniente da RDC, com destino a New Orleans, Estados Unidos da América.

A visita de Joe Biden a Benguela sinalizou a importância estratégica do Corredor do Lobito, que transcende as fronteiras angolanas, pois, através da ligação à Zâmbia, é possível chegar à cidade da Beira, em Moçambique, e a Dar-es-Salaam, na Tanzânia, junto ao Oceano Índico, facilitando as trocas comerciais na região da SADC.

Outro facto importante do ano prestes a findar foi a visita do primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, à província de Benguela, onde destacou a contribuição dos empresários do seu país na revitalização do gigantesco projecto de logística do Corredor do Lobito, com destaque para a Mota-Engil, que integra o consórcio LAR.



Antes de pôr a locomotiva do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) a apitar, num gesto simbólico, o governante português visitou as obras das futuras instalações do Consulado Geral em Benguela, cuja inauguração está prevista para 2025, num valor de dois milhões e 94 mil euros.

Terceira representação diplomática construída de raíz, nos últimos 15 anos, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, a obra foi inspirada na arquitectura moderna portuguesa e está a ser executada pela construtora Casais, numa altura em que os utentes que solicitam vistos para Portugal, por razões de turismo, estudo ou saúde, são atendidos em instalações provisórias.

A área de jurisdição do Consulado Geral de Portugal em Benguela, um dos poucos de carreira no Sul de Angola, abrange as províncias do Cuanza-Sul, Huambo, Bié, Huíla, Cunene, Namibe, Cuando e Cubango.


Voos internacionais já são uma realidade

O ano também ficou marcado pela outorga pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) do certificado internacional ao Aeroporto da Catumbela, também conhecido como Paulo Teixeira Jorge, para operar, finalmente, voos de carga e de passageiros internacionais, 12 anos depois de inaugurado.



E o primeiro voo, com 35 passageiros, com destino à Namíbia, descolou no dia 21 de Dezembro, sob a égide da companhia aérea Fly Angola, que prevê, a partir de Janeiro, três voos semanais, com preço médio de 170 mil kwanzas na rota Benguela/Windhoek.

Com capacidade projectada para 2.2 milhões de passageiros por ano, a internacionalização do Aeroporto Paulo Teixeira Jorge terá um impacto positivo na economia local e nacional, pois aumentará a capacidade de transporte de cargas, facilitando o comércio e a exportação de produtos angolanos.

A melhoria das condições da infra-estrutura aeroportuária e o aumento da procura atrairá mais companhias aéreas, impulsionando o sector de turismo e serviços na província de Benguela e na região Centro Sul do país.

Infra-estruturas rodoviárias

O ano também foi marcado com o anúncio das obras, a partir de 2025, da futura circular externa de Benguela, orçada em 517 milhões de dólares, cujo projecto já mereceu o aval do Presidente da República, para a construção de uma estrada que irá contornar as cidades de Benguela, da Catumbela e do Lobito.

Por este motivo, os empresários do transporte rodoviário de cargas destacam as vantagens da construção da estrada circular externa de Benguela, para a melhoria das condições de trafegabilidade dos camiões de mercadorias com destino ao Norte do país.

De acordo com o Despacho Presidencial n.º 155/24, de 16 de Julho, a execução do projecto, para aliviar o trânsito no acesso às cidades já referidas, foi confiada às empresas responsáveis pelas obras emergenciais das infra-estruturas integradas do litoral de Benguela, entre elas a Omatapalo.

No decurso deste ano, também foi destaque a continuidade das obras do Programa das Infra-estruturas Integradas dos municípios do litoral da província de Benguela, com foco na melhoria das vias de comunicação, facilitando não apenas o tráfego rodoviário, mas também promovendo a integração e o acesso a serviços essenciais.

Neste âmbito, o ano de 2024 foi marcado com a abertura ao tráfego das avenidas Brasil e 31 de Janeiro, respectivamente, nas cidades do Lobito e de Benguela, completamente renovadas, melhorando a circulação automóvel e a satisfação dos transeuntes.

Sector produtivo reinventa-se

Segundo maior parque industrial do país, depois de Luanda, com mais de 840 unidades fabris, a maioria no ramo alimentar, a província de Benguela testemunhou em 2024 o início da construção da primeira fábrica de soda cáustica, hipoclorito de sódio e ácido clorídrico em Angola.



A unidade tem capacidade de produção projectada para mais de três mil toneladas por mês. São produtos para uso industrial nacional de papel e celulose, têxtil, petroquímica, alimentícia, siderurgia e metalurgia, produção farmacêutica, tratamento de água e esgotos.

Iniciativa do Grupo Adérito Areias (AA), a construção da fábrica será concluída dentro de 18 meses, e é um financiamento que ronda os 27, 3 milhões de euros, sendo 24, 8 milhões de euros suportados pela linha de crédito do Deutsche Bank da Alemanha.

Para além disso, o promotor do projecto, que prevê criar 45 postos de trabalho directos e cerca de mil indirectos, também dispendeu mais de três milhões de dólares com recurso a fundos próprios.

No dia 25 de Janeiro, a província de Benguela abraçou o desafio de produzir, a título experimental, arroz de terras altas, numa área de 20 hectares de terras aráveis, com sistema de irrigação gota-a-gota, visando fomentar esta cultura na região.

A iniciativa piloto é da Fazenda Agro-pecuária Nelson Rodrigues, na comuna do Dombe Grande, e a safra está quase pronta. Surge numa altura em que o Governo angolano definiu a produção do arroz em larga escala como bandeira da campanha agrícola 2023-2024, no âmbito da Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

Ainda no domínio produtivo, começa a se tornar realidade o projecto de fomento da produção de trigo, da empresa angolana Royal Empire, num investimento inicial de 1, 5 mil milhões de kwanzas, financiados pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e pelo Fundo de Garantia de Crédito (FGC).

O projecto está a ser desenvolvido em mais de 20 mil hectares de terras aráveis, na comuna da Chicuma, município da Ganda, prevendo atingir, por um lado, o pico de 73 mil toneladas em quatro anos e, por outro, beneficiar três mil e 500 famílias camponesas, sendo duas mil e 500 já cadastradas.

FIB soma e segue

Nos dias 22 e 26 de Maio o Estádio Nacional de Ombaka foi palco da 13ª edição da Feira Internacional de Benguela (FIB), que juntou, numa área de aproximadamente 12 mil metros quadrados, 393 participantes directos e indirectos, um aumento de cerca de 15 por cento do número de expositores face a 2023.


Entre os sectores que mais se destacaram estão a indústria, o comércio, a distribuição, a comunicação e marketing, a construção civil, a educação, a banca, os serviços de seguro e a energia e águas.

No que à inovação diz respeito, a Nova Fumetal, uma empresa de metalomecânica sediada em Benguela,  apresentou no evento a primeira máquina de descasque de mandioca 100% nacional, já disponível no mercado.

Com capacidade de descascar 500 tubérculos em 30 minutos, esta primeira máquina de descasque de mandioca foi fabricada em Angola, fruto da resiliência e afirmação do empresariado nacional.

Agricultura familiar e tecnologia de mãos dadas


Entre os destaques do ano está, igualmente, o acordo entre a Africell e o Grupo Carrinho, que promete a transformação digital na agricultura familiar em Angola e a inclusão financeira dos produtores rurais ao longo do Corredor do Lobito.

Com a duração inicial de um ano, esta parceria Africell e Grupo Carrinho está estruturada em quatro eixos principais, que abrangem sectores-chave da economia angolana, como a agricultura, o comércio, a distribuição e a mobilidade.

O programa de transformação agrícola, levado a cabo pela Carrinho Agri, já beneficia 150 mil produtores familiares, permitindo assim que transitem de uma agricultura de subsistência para o agronegócio.

Na cerimónia de formalização dos referidos acordos, o administrador para Parcerias do Grupo Africell, Robert Rollman, acredita que a parceria multissectorial entre as duas empresas venha a alavancar a economia angolana e trazer benefícios ao longo do Corredor do Lobito.

Enquanto isto, a directora-geral da plataforma digital Afrimoney, Kátia da Conceição, está optimista na inclusão financeira de pequenos produtores familiares no meio rural, visto já trabalharem com a Carrinho Agri.

Avanços na hotelaria e turismo

No sector hoteleiro, com 32 hotéis existentes, 100 pensões e residenciais, além de muitas outras hospedarias e empreendimentos complementares de alojamento - lodges e resorts - Benguela passou a contar com uma nova unidade de alojamento, designada Flow Hotel, numa iniciativa da empresa OnTour, Gestão de Serviços Hoteleiros, do Grupo Omatapalo.

Localizado a seis quilómetros do centro da cidade de Benguela e a nove km do Aeroporto Internacional da Catumbela, o Flow Hotel oferece 132 quartos e o empreendimento criou 80 postos de trabalho directos e 140 indirectos.

De igual modo, dispõe de sala de conferências com capacidade para 200 pessoas, um espaço de coworking e um business center, adequado a reuniões ou para apoio em viagens de negócios.

Entre os destaques do ano neste domínio ainda está a inauguração na zona da Restinga do novo residencial “BelleVue”, com 22 apartamentos T2, T3 e T4. O empreendimento criou 283 postos de trabalho directos e 707 indirectos.

Pertença do grupo Jembas Assistência Técnica (JAT), a unidade hoteleira foi construída em cinco anos pela empreiteira Casais Angola. Com vista para o mar e a Baía do Lobito, o residencial BelleVue tem sete pisos acima do solo, cada com 800 metros quadrados, divididos em quatro apartamentos.

Para fechar o ano em grande, a 22 de Dezembro atracou no Porto do Lobito o navio cruzeiro Seabourn Sojourn, com 215 turistas de várias nacionalidades a bordo. De bandeira espanhola, o navio partiu de Barcelona, Espanha, passando por Cabo Verde, Ghana, São Tomé e Príncipe, Angola e África do Sul.

Este aumento substancial do número de turistas deveu-se à implementação do Decreto Presidencial 189/23, que isenta a obtenção de vistos de turismo a cidadãos de 98 países que queiram visitar Angola, num período de até 30 dias por entrada e até 90 dias por ano.

Na rota do intercâmbio cultural entre Angola e Brasil, a província de Benguela recebeu, em Julho, oito turistas brasileiros, sendo o quarto grupo de turistas sul-americanos a visitar esta região do litoral centro do país, desde 2019.

Este intercâmbio é promovido pela Casa de Angola em São Paulo e, em cinco anos, trouxe para Angola 90 turistas oriundos do Brasil, no intuito de fortalecer os mais estreitos laços culturais entre as duas nações.JH/CRB/SR





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