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Primeira visita oficial de um Presidente angolano à Casa Branca foi há 29 anos

Bandeiras de Angola e EUA
Bandeiras de Angola e EUA
António Escrivão

Luanda – Assinalam-se hoje, domingo, 8 de Dezembro, 29 anos desde a primeira recepção oficial de um Chefe de Estado angolano na Casa Branca, após o reconhecimento oficial de Angola pelos Estados Unidos da América, em Maio de 1993 e do início das relações político-diplomáticas.

Por Adérito Ferreira, jornalista da ANGOP

O facto deu-se a 8 de Dezembro de 1995, durante a visita oficial de cinco dias aos EUA, efectuada pelo falecido Presidente José Eduardo dos Santos, ocasião em que foi recebido pelo seu homólogo Bill Clinton.

Transcorria um ano da assinatura do Protocolo de Lusaka (20 de Novembro de 1994) entre o Governo angolano e a Unita para o fim do conflito armado pós-independência nacional, que à data durava já duas décadas. Os Estados Unidos, a par da Rússia e Portugal fazia parte da Troika de Observadores do Processo de Paz Angolano.

Esta conjuntura serviu de “mote” para ambos os líderes discutirem sobre o aceleramento do processo de paz, estabilidade, promoção da democracia, reconciliação nacional, alargando, entretanto, o diálogo para outros interesses como o incremento do comércio bilateral e investimentos.

Sobre a mesa esteve a desmilitarização e desmobilização; o processo de aquartelamento das tropas; acantonamento das forças da Unita; formação do exército único; libertação de prisioneiros de guerra; entre muitos outros temas, inclusive um encontro entre o Presidente José Eduardo dos Santos e o líder da Unita, Jonas Savimbi, em Angola.

Para o lado americano pendiam, entre outras, abordagens a cerca de apoios diversos ao Governo dependendo da evolução do processo de paz e aplicação das reformas económicas, assessoria técnica na área financeira e seria analisada a decisão política que já tinha sido tomada para a celebração de um acordo de cooperação com o Governo angolano.

Uma intensa actividade diplomática preparou a visita de José Eduardo dos Santos aos EUA, reforçada a 15 de Setembro de 1995, quando António dos Santos França Ndalu entregou ao Presidente Bill Clinton as Cartas Credenciais, tornando-se embaixador de Angola, substituindo José Gonçalves Patrício, que ocupava o cargo desde 1993, transferido para Portugal em Junho de 1995.

Na audiência, o Presidente americano demonstrou acompanhar muito de perto os acontecimentos em Angola, enquanto o embaixador reafirmou o engajamento do Governo angolano na criação das condições para que a paz ora alcançada fosse duradoura.

Afirmou que o Presidente José Eduardo dos Santos esperava poder visitar oficialmente os EUA ainda em 1995 para abordar com Bill Clinton a evolução do processo de paz angolano e novas formas de cooperação bilateral.

No dia 20 de Setembro de 1995, o Presidente Bill Clinton enviou uma carta ao seu homólogo angolano assegurando que o seu Governo pretendia ser um parceiro importante nos esforços de Angola para edificar um futuro de mais prosperidade e que enviaria a Angola uma delegação de alto nível e diversificada, chefiada pelo Administrador da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional, Brian Atwood.

A 6 de Outubro de 1995, o embaixador Ndalu reuniu-se na Casa Branca com a Assistente Especial do Presidente e Directora Sénior para África do Conselho de Segurança Nacional, Susan Rice.

Esta afirmou que uma das prioridades da política externa americana era apoiar o processo de paz em Angola e no plano das relações bilaterais, manifestou interesse em apoiar o Governo angolano “em coisas específicas” para o reforço da paz e da estabilidade socioeconómica em Angola.

Num novo encontro, a 30 de Outubro, Susan Rice considerou a primeira visita oficial do Chefe de Estado Angolano aos EUA “um acontecimento significativo na evolução das relações diplomáticas entre os dois países”.

Um dia depois, no Departamento de Estado, o Secretário de Estado Assistente para os Assuntos Africanos, George Moose afirmou ao diplomata angolano que a primeira visita oficial do Presidente José Eduardo dos Santos aos EUA seria “muito importante para o reforço das relações bilaterais”.

Acrescentou que a visita constituía uma “boa ocasião” para o Chefe de Estado Angolano “fazer compreender à Administração, ao Congresso e ao público americano, o engajamento do seu Governo a favor da paz”.

Quanto às relações bilaterais predominava o interesse de estas “passarem a ser de Estado para Estado.

Deste modo, concretizou-se a visita oficial de trabalho aos Estados Unidos, de 7 a 12 de Dezembro de 1995, do Presidente José Eduardo dos Santos, tendo se encontrado, em Washington, com o homólogo Bill Clinton, membros seniores do Congresso, responsáveis do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, e com líderes empresariais.

Em Houston (Estado do Texas), São Francisco (Estado da Califórnia) e Nova Iorque (Estado de Nova Iorque), o Presidente angolano reuniu-se com representantes da comunidade empresarial, dos meios de comunicação social e de outras entidades com interesse em Angola.

Durante a sua reunião na Casa Branca no dia 8 de Dezembro, José Eduardo dos Santos abordou o estado do processo de paz, salientando que este era irreversível e que Angola estava totalmente empenhada no sucesso da implementação do Protocolo de Lusaka.

Os EUA e Angola concordaram em cooperar em áreas para facilitar a prestação de ajuda e reconstruir o país, e aumentar o comércio e o investimento dos EUA em Angola.

Durante a visita presidencial foi assinado um “Memorando de Entendimento” definindo as bases para discussões sobre um acordo de cooperação bilateral.

Segundo o documento, a cooperação bilateral daria especial ênfase à ajuda a Angola no sentido de fortalecer as instituições da democracia, promover a reconciliação nacional e criar um ambiente económico favorável ao aumento do comércio e dos investimentos.

Hoje, volvidos 29 anos, os EUA têm Angola como 4º maior parceiro comercial na África subsaariana, com as trocas comerciais a ascenderem a 1,77 mil milhões de dólares em 2023, números que serão engordados com o investimento de 4 biliões de dólares dos EUA só ao redor do Corredor de Lobito, como prometeu “in loco” Joe Biden.

Para o mesmo projecto, o líder da nação mais poderosa do mundo anunciou um investimento de 600 milhões de dólares adicionais para a expansão da infra-estrutura agrícola, construção de redes móveis de alta velocidade e continuar a reformar o Caminho-de-Ferro de Benguela, que ligará África do oceano Atlântico ao oceano Índico.

Joe Biden fez questão de vincar que os EUA investiram três biliões de dólares em Angola durante “a sua curta presidência”.

Angola exporta, genericamente, para os Estados Unidos petróleo e diamantes e compra a este país alimentos, equipamentos para o sector petrolífero e maquinaria diversa.

Sobre esta que ficou registada como a primeira vez que um Presidente americano pisou solo angolano, de 2 a 4 de Dezembro de 2024, o Presidente João Lourenço frisou que a visita enterrou um passado das relações em que, no quadro da Guerra Fria, nem sempre ambos os lados estiveram alinhados.

Entretanto, a história regista que antes 1995, data da primeira visita oficial de um estadista angolano aos EUA, José Eduardo dos Santos já se tinha encontrado com o seu homólogo George Bush durante uma visita privada a 16 de Setembro de 1991.

Já depois da visita oficial de 1995, o mesmo efectuou outra de trabalho aos Estados Unidos, de 25 a 26 de Fevereiro de 2002, à semelhança da realizada, do mesmo género, entre 11 e 14 de Maio de 2004.

A 30 de Novembro de 2023 foi a vez do actual Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, viajar a Washington, em visita de trabalho. ADR/IZ 

 

 





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