Luena – A província do Moxico poderá constituir-se numa plataforma estratégica para a implementação do plano de integração regional da África Austral, com o turismo como um dos principais atractivos para o desenvolvimento da economia, fruto das potencialidades que o Corredor do Lobito oferece.
Por Teotónio Chilambavo, jornalista da ANGOP
Mais antiga província da região leste do país, ligando este corredor com o centro e sul do país, o Moxico, com os seus 223 mil 23 quilómetros quadrados, oferece vários atractivos turísticos, entre naturais, culturais e religiosos.
A região é rica em pontos turísticos e históricos, contando, conforme dados do gabinete de tutela, com mais de 65 recursos turísticos identificados e uma grande diversidade de fauna e flora, fundamentalmente ao longo do Corredor do Lobito, sendo uma porta de entrada para os turistas da região da SADC.
Atravessada pelo Corredor do Lobito, a região tem como principal atracção turística o Lago Dilolo, com uma altitude de 1098 metros acima do nível médio das águas do mar (é o maior de Angola e o terceiro do continente africano), localizado no município do Luacano, a 62 quilómetros da sede municipal, a extremo sul do Corredor do Lobito.
Este espaço gigante é um verdadeiro paraíso, aberto para exploração, tratando-se do maior lago de água doce do país.
Dados indicam que o lago, que reserva vários mitos e tradições sobre o seu surgimento, no mês de Setembro, torna-se mais quente, com uma temperatura média de 32°C e desce drasticamente em Julho para 8,1 ºC.
Próximo desse fascinante lugar, ainda ao longo do Corredor do Lobito, encontra-se também o “sumptuoso” Parque Nacional da Cameia, a cerca de 125 quilómetros do Luena, no município da Cameia, estabelecido, primeiramente, em 1935, como Reserva de Caça, e elevado a Parque Nacional em 1957.
O trajecto para esse parque natural, com uma rede hidrográfica densa, constituída pelos rios Luena, Luangueje e as lagoas Cauamba, Calundo e Chaluvanda, ficará brevemente facilitado com as obras de reconstrução em curso na Estrada Nacional (EM) 250, que ligará o litoral e o extremo leste do país, conectando todos os municípios localizados ao longo do Corredor do Lobito.
Apesar de agora em números reduzidos, o Parque da Cameia alberga diversas espécies de animais, como leão, hiena malhada, leopardo, chita, hipopótamo, potamochero, palanca vermelha e songue.
A reabilitação da EN250 vai facilitar o acesso e a revitalização de várias outras áreas atractivas ao longo do corredor, como as “fascinantes” Quedas de Tchafinda, as Quedas de Tchindela, as míticas lagoas do Calundo e Cajie, localizadas na comuna do Liangongo, além do acesso ao rio Cassai.
O turista que se deslocar ao país, entrando pelo posto fronteiriço do Luau, o último ponto do Caminho-de-Ferro de Benguela, que inicia na cidade portuária do Lobito (Benguela), poderá deparar-se com as quedas do Cassai, um importante rio que, curiosamente, banha quatro municípios da província, localizados ao longo do Corredor do Lobito, concretamente, Moxico, Cameia, Luacano e Luau, além de Camanngue, no extremo norte.
Além das quedas do rio Cassai, o municipio do Luau oferece outros pontos atractivos, como as pontes rodoviária e ferroviária que ligam Angola com a República Democrática do Congo, além das três árvores plantadas pelos antigos Presidentes de Angola, da Zâmbia e da RDC - José Eduardo dos Santos, Edgar Lungu e Joseph Kabila - em 2015, simbolizando a amizade e fraternidade entre os povos dos três países “irmãos”.
No extremo sul, além da reconhecida potencialidade de campos agrícolas, a província é igualmente rica em zonas turísticas e históricas, que albergaram vários acontecimentos que viraram a história de Angola.
Cassamba – Parte da história de Angola
A comuna de Cassamba, localizada a mais de 200 quilómetros a sul do Luena (sede provincial), é um dos locais que atrai o interesse de muitos curiosos, principalmente a comunidade académica.
Este local histórico foi o palco das primeiras negociações de cessar-fogo, assinado a 18 de Março de 2002, entre forças militares governamentais e da UNITA, que culminaram com a assinatura do acordo de paz efectiva em Angola, a 4 de Abril de 2002.
O local tem despertado o interesse de muitos cidadãos que almejam obter um conhecimento profundo sobre a história de Angola, os seus precursores e os locais que marcaram os principais acontecimentos do país.
A deslocação àquela histórica comuna, detentora de uma emblemática paisagem ao longo do trajecto, tem duração média de três horas, partindo do Luena, tempo que poderá ser reduzido com a conclusão das obras na Estrada Nacional 180, que já consta dos planos do Executivo.
O local carece de maior divulgação e valorização, tendo em conta o peso que representa para a história do país e para a estabilidade política na região da SADC.
Monumento à paz – O símbolo da união dos angolanos
Quem visita pela primeira vez a cidade do Luena tem à vista o deslumbrante Monumento à Paz, símbolo de união e de concórdia entre os angolanos.
O monumento movimenta, diariamente, dezenas de turistas nacionais e estrangeiros, que rapidamente, se “entusiasmam” com o projecto arquitectónico do espaço.
O emblemático “Monumento à Paz” representa “a coroa” da união, concórdia entre “irmãos” que no passado da história do país estavam desavindos.
Com imensos rios e florestas, a sudeste da província encontra-se o município fronteiriço dos Bundas, que separa Angola da Zâmbia.
Esta região possui vários atractivos culturais, reconhecida pela singularidade das danças folclóricas da população local, como o Chisho, Macopo, Calucuta, Shombe, Nduco, Cayowe, entre outras que emocionam quem visita a circunscrição.
A província do Moxico possui outras referências neste domínio, como o Rio Zambeze, com uma bacia hidrográfica de quase 1.400.000 km2, que atravessa Angola, Zâmbia, Botswana, Zimbabwe e Moçambique, além das conhecidas lagoas Azul e do Luxia.
Oportunidade para receitas
O segmento turismo pode ser uma fonte alternativa na produção de receitas para alavancar a economia e o desenvolvimento local e do país.
De acordo com a especialista em Hotelaria e Turismo, Manuela Bango, o turismo poderá ser a principal fonte de arrecadação de receitas desta região caso se faça investimento em outras áreas complementares.
Apontou a reparação das vias rodoviárias, a formação de quadros do sector e criação de outras infra-estruturas de apoio como elementos “sine qua non” para alcançar metas desejáveis nesta área.
Para a académica, é necessário criar-se planos de marketing para se dar mais ênfase às riquezas naturais, atraindo cidadãos de diversos pontos da região da SADC que almejam apostar neste sector.
“É preciso se incutir a valorização do turismo, sua importância para as pessoas, por via divulgação dos imensos locais que a província oferece”, disse.
Por outro lado, defendeu a materialização do plano director nacional de investimentos em vias de acesso, água, energia, bem como em infra-estruturas de comunicação, com vista a se catapultar o sector.
O sector do turismo celebra o seu Dia Mundial a 27 de Setembro, data da sua institucionalização pela Organização Mundial do Turismo (OMT), em 1980.
Este ano, com o lema “Turismo e Paz”, a região de Tbilisi, Geórgia, albergou a 44.ª edição do Dia Mundial do Turismo, que destacou o papel vital que o turismo desempenhou na promoção da paz e da compreensão entre nações e culturas. TC/YD/ADR