Dundo – A entrada em funcionamento da barragem hidroeléctrica do Luachimo, um facto que marcou o ano económico 2024, quadruplicou a produção de energia limpa na cidade do Dundo, capital da província da Lunda-Norte, abrindo novas perspectivas para a indústria, sobretudo a extrativa.
Por Hélder Dias, Jornalista da ANGOP
O maior projecto energético da região leste, construído nos anos 50, ficou paralisado quase nove anos, desde 2016, devido às obras de reabilitação e ampliação, que permitiram elevar a produção de energia, de 8,4 para 34 megawatts (MW), superando a demanda energética da cidade do Dundo, que é de 16 (MW), 50% da capacidade da hidroeléctrica.
Avaliada em mais de 212 milhões de dólares americanos, financiados por via de uma linha de crédito da China, a empreitada compreendeu, entre outras acções, a reabilitação dos equipamentos mecânicos e a execução de um novo circuito hidráulico dimensionado para 240 metros cúbicos de água por segundo.
O novo circuito hidráulico é constituído por tomada de água, canal de adução, câmara de carga e canal de restituição.
Para além das ligações domiciliares, o projecto prevê cerca de 30 ligações industriais, bem como a recuperação da linha de transporte de alta tensão de 85 quilómetros até à vila mineira do Nzagi, município do Cambulo, com um valor adicional avaliado em mais de 40 milhões de dólares.
Ainda no sector energético, destaque também para o início da produção da central fotovoltaica do município de Lucapa, com capacidade de produzir 7.19 megawatts, cuja inauguração está prevista para o primeiro trimestre de 2025.
A central instalada numa área de 13,52 hectares, com 12 mil e 90 painéis solares, está avaliada em 19.706.428 euros, 80% dos quais financiados pela Suécia e 20% pela África do Sul.
Vai assegurar o fornecimento de energia eléctrica, por via do sistema solar, a mais de 24 mil famílias da circunscrição que dista mais de 100 quilómetros da cidade do Dundo.
O ano na província da Lunda-Norte também ficou marcado com a nomeação da nova governadora, Filomena Miza, substituindo no cargo Deolinda Satula Vilarinho.
Filomena Miza, a segunda mulher a assumir os destinos da Lunda-Norte, herdou uma província com enormes desafios, com realce para a conclusão de 187 projectos do Programa de Investimentos Públicos (PIP), ligados aos sectores da educação, da saúde, dos desportos e das estradas, paralisados há mais de cinco anos.
Ainda no capítulo político, Lunda-Norte acolheu o acto central do 17 de Setembro, Dia do Herói Nacional, orientado pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, que afirmou na ocasião que “homens da têmpera de Agostinho Neto, quer a nível de África, quer até mesmo planetário, houve poucos”.
No plano da administração da Justiça, a província foi reforçada com oito novos juízes de direito e nove procuradores, elevando para 28 o número de magistrados disponíveis (16 procuradores e 12 juízes).
A condenação dos 15 integrantes do auto-proclamado “Movimento Protectorado Lunda-cokwe”, pelo tribunal de Comarca do Cuango, por actos preparatórios de crime de rebelião armada, no processo conhecido como “caso Malaquito”, em referência ao fundador da organização, Jota Filipe Malaquito, supostamente residente em Portugal, também fez manchete no noticiário na Lunda-Norte.
Culturalmente, o ano destacou-se pela elevação da dança e música tchianda, bem como do instrumento musical quissanje, a Património Cultural Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura.
No desporto, o destaque recai para o afastamento de Roque Sapiri, no comando técnico do Sagrada Esperança, por alegados maus resultados no campeonato nacional de futebol “Girabola’2024/25” e na Liga dos Clubes Campeões.
A Lunda-Norte, com quase um milhão de habitantes, resulta da divisão da antiga província da Lunda, a 4 de Julho de 1978.
Está localizada no nordeste do país e é constituída pelos municípios de Chitato (capital política e económica), Cambulo, Caungula, Cuilo, Cuango, Capenda Camulemba, Lucapa, Lubalo, Lóvua e Xá-Muteba.HD/IZ