Luanda – Os desportos náuticos e a natação notabilizaram-se em 2024, com exibições impressionantes e organização de competições internacionais, que colocaram a imagem do país na mais alta montra desportiva, demonstrando a grandeza e o poder de evolução dos angolanos.
Por José Donga, jornalista da ANGOP
Com três disciplinas, designadamente o remo, a vela e a canoagem, os desportos náuticos foram a única modalidade individual que salvou a honra nacional, ao disputar os Jogos Olímpicos de Paris2024, em França, por qualificação, enquanto as outras se submeteram aos convites da universalidade.
No remo, o obreiro foi o “craque” André Matias, que terminou na posição 32ª do ranking mundial, entre 33 concorrentes, fruto da segunda posição ocupada na final F, com o tempo de 7:30.43, nos 2000m, na especialidade de LM1X.
Único “embaixador” nacional da especialidade no evento, Matias obteve a qualificação, fruto da quinta posição obtida em 2023, no Campeonato Africano das Nações (CAN), disputado na Tunísia, em Outubro.
Tratou-se da segunda presença do atleta do Clube Naval da Ilha de Luanda, depois de 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no Brasil, no qual fez dupla com Jean Luc Rasamoelina, na mesma distância.
A especialidade praticada sobre os lagos e mares, com auxílio de embarcações, com a Vela, esteve representada por Filipe André, do Clube Naval, e pela dupla Matias Moutinho e Manuela Paulo, do Clube Náutico da Ilha de Luanda.
O concorrente Filipe André ficou na 39ª posição, com 227 pontos, no ranking, num universo de 43 velejadores da classe ILCA 7, em 10 regatas, cujo ouro ficou com o australiano Matthew Wearn, com 40 pontos.
A medalha de prata foi assegurada pelo cipriota Pavlos Kontides, com 56 pontos, ao passo que o bronze coube ao peruano Stefano Peschiera, com 80 pts.
O angolano Filipe André assegurava o passe para Paris2024, após ficar na segunda posição da sua categoria, no Africano, disputado no Mar Vermelho, em Hurgada (Egipto), em Dezembro de 2023.
Já a dupla Matias Moutinho e Manuela Paulo contentou-se com o 19º e último posto dos jogos de Paris, 126 pts, do percurso, conquistado pelos austríacos Lara Vadlau e Lukas Mahr, com 38 pts.
Em segundo lugar, ficou o casal japonês Keiju Okadae Miho Yoshioka, com 41pts, enquanto que, o sueco, composto por Anton Dahlberg e Lovisa Karlsson, ocupou o terceiro posto, com 47pts.
Para atingir as olimpíadas, a dupla angolana Matias Moutinho e Manuela Paulo terminou na primeira posição, entre os países africanos, no Campeonato do Mundo de Vela, classe de 470, que decorreu em Palma (Espanha), em Fevereiro.
Do evento qualificativo, os dois atletas nacionais haviam terminado na 59ª posição, com 309 pontos, superando Moçambique, que ficou em 60ª lugar, com 314 pts.
Na canoagem, os protagonistas foram a dupla de estreantes Manuel António e Benilson Sanda, do Clube Naval, que elevou o país até à quarta posição da final de consolação B, sem direito à disputa do título, ao cronometrar 1:55.74.
O grupo, campeão africano dos 500m, C2, atingiu mesmo os quartos-de-final do evento olímpico, entretanto, falhou as meias-finais ao quedar-se em quarto lugar, com 1:49.00.
Com esta participação, a modalidade nacional carimbou a terceira presença, depois de 2008 (Beijing, na China), com Fortunato Pacavira, e 2012 (Londres, Inglaterra), com Fortuna Pacavira e Nelson Henriques.
A nível do continente, a Selecção Nacional brilhou no Campeonato Africano de Vela de optimist, em que se sagrou campeã, por equipas, em Outubro, nas Ilhas Seychelles.
Foi o sexto troféu, obtido pelos angolanos nestas categorias, em 11 ocasiões, depois de 2016 (Luanda), Egipto (2017), ilhas Seicheles (2019), África do Sul (2022), Marrocos (2023) e Seicheles (2024).
Sob o comando técnico de Moisés Camota, integraram ao grupo os velejadores Paulo João, Francisco Cândido, Laureano Simão, Pedro Paulo, Marisa Simão, ao passo que Rui Albuquerque foi chefe da caravana.
Natação agiganta-se em termos organizativos
O país, marcou o ano 2024 com um “pulo de gigante”, no campo de organização competitiva continental, ao estrear-se como anfitriã do Campeonato Africano Absoluto de natação, em Luanda, selando passo inédito com uma medalha de prata, obtida por Lia Lima, com 2:20.22, nos 200m mariposa.
Com esta prova, disputada na Piscina do Alvalade, em Maio, Angola entrou na esfera dos acolhedores deste maior evento do continente berço, tornando-se no nono Estado sede do certame.
Iniciado em 1974 no Cairo, Egipto, o campeonato passou mais duas vezes em terras de “Faraó”, designadamente em 1982 e 2002, seguindo-se a Tunísia (1997,1990, 2022), o Quénia (1998 e 2012), Marrocos (2004 e 2010) e a África do Sul (2008 e 2016).
Foi sediada também pelo Senegal (2006), Argélia (2018) e Ghana (2021).
Para sediar o importante evento, a antiga Piscina do Alvalade registou, no mesmo ano, obras profundas de reparação do deck, aplicação do novo pavimento lateral e de cadeiras plásticas nas bancadas.
Em termos de conquista, com esta prata registada, Angola somou três medalhas de prata em africanos absolutos, depois das duas conseguidas por Nádia Cruz, nos 100m e 200m bruços, em 1998, em Nairobi, no Quénia.
Nesta prova, a angolana até liderou os 150m, mas foi ultrapassada nos últimos 50m mariposa, tendo sido superada apenas pela sul-africana Jaime Mote, com 2:18.70.
Ao ser palco da compita da natação, o país foi igualmente local do congresso da África Aquatics, que elegeu o senegalês Mohammed Diop, com 28 votos, quatro nulos dos 46 associados com direitos, substituindo no cargo o sul-africano, Sam Ramsamy, eleito desde 2012.
Ainda no mesmo período, a modalidade foi afectada no escalão sénior, com a fundista nadadora Rafaela Santo, anunciar o fim de carreira, à conta de uma lesão crónica no joelho esquerdo.
Rafaela, que militava no Clube Náutico da Ilha de Luanda, conquistou inúmeras medalhas nacionais e internacionais, com destaque para o bronze, nos 1500m livres, nos Jogos Africanos de Accra2024, no Ghana.
No capítulo competitivo, finalmente, Lia Lima estreou-se nos Jogos Olímpicos de Paris2024, em França, depois de perder a vaga, em 2020, para a já reformada Catarina Sousa.
Lia Lima foi a única representante feminina no evento multidisciplinar, por via do convite da universalidade, e em masculinos estreou-se o experiente Henrique Mascarenhas, que bateu na concorrência o velocista Salvador Gordo, que esteve nos Jogos de Tóquio2020, no Japão.
Em ano de eleições de renovação de mandato, a Federação Angolana de Natação (FAN) tem novo presidente, no caso Ana Lima, que venceu o pleito eleitoral, com três votos a favor, contra um, do também concorrente Kimbo Kiambata, entre cinco associados com direitos, para o quadriénio 2024/2028.
Ana Lima substitui no cargo Joaquim Santos (2020/2024), tornando-se na primeira mulher a liderar a FAN, depois de António Monteiro “Bambino” e Mário Fernandes. JAD/VAB/IZ