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Desporto “rei” recupera coroa em 2024

Selecção de futebol protagoniza período épico em 2024
Selecção de futebol protagoniza período épico em 2024
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Luanda - O futebol em Angola, modalidade apelidada em alguns países do mundo por “Desporto Rei”, recuperou a coroa, em 2024, passados longos anos de alternância entre bons e maus resultados internos e externos.

Por Marcelino Camões, jornalista da ANGOP

Após a presença ímpar no Campeonato do Mundo “Alemanha`2006”, período áureo também marcado pela conquista do CAN’2001 em Sub-20 e a consequente participação no Campeonato do Mundo na Argentina, o futebol angolano enfrentou uma travessia no deserto.

Internamente, a maior competição nacional, o Girabola, carece de melhor qualidade quanto aos moldes de disputa. Já externamente, precisa de impor-se regularmente nos Campeonatos Africanos das Nações.

Depois do CAN de estreia em 1996, na África do Sul, o país até obteve três passagens para os quartos-de-final, nas edições do Ghana`2008, Angola`2010 e Côte d`Ivoire`2023 (disputado em 2024).

Foi apenas neste último feito que o combinado nacional se mostrou ao mundo africano e mundial como potência emergente, sendo demonstrativo disto mesmo a forma incólume como se qualificou na fase inicial.

Decorrida em cinco cidades da Côte d`Ivoire, Angola esteve enquadrada no Grupo D, com sede em Bouaké, terminando a primeira fase na liderança, posição nunca antes alcançada em seu histórico.

Com sete pontos, fruto de duas vitórias (Mauritânia (3-2), Burkina Faso (2-0) e empate diante da Argélia (1-1), os angolanos seguiram fazendo história marcando seis golos e sofrendo apenas três.

Os Palancas Negras viram a sua marcha vitoriosa terminar somente no dia 3 de Fevereiro, nos quartos-de-final, com derrota escassa de uma bola ante a Nigéria, em desafio disputado no Estádio Felix Houphouet Boigny, em Abidjan.

Naquela partida, a selecção beneficiou de uma grande oportunidade para empatar, aos 58 minutos, quando Zini Salvador, isolado e com o guarda-redes adversário batido, acertou no poste lateral.

No entanto, neste ano que finda terça-feira (31 de Dezembro/2024), Angola confirmou a sua nova posição de “grande” no contexto das nações africanas nas qualificativas para o CAN, a disputar-se de 21 de Dezembro de 2025 a 18 de Janeiro de 2026, em Marrocos.

Terminou a fase de qualificação na liderança do Grupo F, com 14 pontos, mercê de quatro vitórias, uma das quais frente ao tetracampeão africano (1963, 1965, 1978 e 1982), o Ghana, por 1-0.

Agora com a Taça das Nações garantida, o desafio seguinte em 2025 será qualificar-se para o Campeonato do Mundo de 2026, cuja segunda volta das eliminatórias se inicia em Março próximo, com o jogo contra a Líbia, em Trípoli.

Maior subida no ranking FIFA
  

Angola foi a selecção que mais subiu no ranking da FIFA, em 2024. Começou o ano no 117.º posto e ascendeu para o 85.º na última actualização feita na segunda quinzena deste mês de Dezembro.

Assim, os Palancas Negras encerraram os 365 dias protagonizando este feito histórico, com 1296 pontos, representando uma ascensão de 32 lugares em 12 meses.

As únicas derrotas oficiais da equipa nacional em 2024 ocorreram no CAN da Côte d`Ivoire contra a Nigéria, por 0-1, e sábado último (28) diante do Lesotho para o CHAN`2025, pelo mesmo resultado.

Com esse desempenho, Angola não apenas consolida a sua posição entre as 100 melhores selecções do mundo, mas também reafirma o seu potencial no cenário desportivo internacional.

Nomeação ao prémio de melhor do ano

Os Palancas Negras figuraram entre os nomeados pela Confederação Africana de Futebol (CAF) para o prestigioso prémio de melhor do ano “CAF Awards`2024”.

A selecção nacional ganhou destaque em 2024 pela sua performance marcante em competições africanas, que incluíram qualificações impressionantes e um espírito de equipa exemplar.

Com uma combinação de talento jovem e experiência, os Palancas Negras conquistaram o respeito e a admiração de fãs e críticos desportivos em todo o continente.

Além da selecção, o futebol angolano também foi agraciado com a nomeação do atacante Mabululu na votação de melhor golo do ano e do seleccionador Pedro Gonçalves com o prémio de melhor treinador no período em referência.

Este profissional luso tem sido uma figura central na evolução do futebol angolano, implementando táticas inovadoras e incentivando um ambiente positivo para os jogadores, fundamentalmente para os que vivem na diáspora até então indecisos em representar o país.

Os vencedores foram recentemente anunciados durante a gala da “CAF Awards`2024”, com a consagração de Mabululu.

Melhor golo de 2024 pela CAF

O avançado angolano Cristóvão Paciência “Mabululu” ganhou o prémio de melhor golo do ano na Gala dos Prémios CAF 2024, realizada dia 16 de Dezembro, em Marraquexe, Marrocos.

O golo que deu o prémio foi marcado em 27 de Janeiro no jogo contra a Namíbia, no Estádio da Paz, em Bouaké, nos oitavos-de-final do CAN´2023, na Côte d`Ivoire.

O goleador, 32 anos de idade, a evoluir pelo Al Ahli Tripoli (Líbia), tornou-se no primeiro angolano a obter tal distinção.

O feito reflete não apenas pela execução e qualidade técnica do remate, mas também pela ascensão do goleador como um dos grandes nomes do futebol angolano, africano e mundial.

No inédito apuramento dos Palancas Negras para o CAN 2025, a realizar-se no Reino de Marrocos, o ponta-de-lança apontou dois golos que ajudaram a selecção a garantir a qualificação antecipada.

Mabululu foi eleito o melhor marcador do campeonato egípcio da temporada 2022/2023, com 16 golos marcados, ao serviço do Al-Ittihad Alexandria.

Antes de rumar para o exterior, o jogador representou o Petro de Luanda (2011 e 2014), o Recreativo do Libolo (2013), o Interclube (2016), o ASA (2017), o Domant FC do Bengo (2018) e o 1.º de Agosto (2019).

No histórico de prémios africanos, até então apenas Pedro Mantorras havia ganho o prémio de "melhor esperança do ano" e Flávio Amado considerado o melhor jogador da Liga dos Campeões Africanos, galardão hoje designado por “Melhor Jogador Interclube CAF do Ano”.

Na cerimónia, o avançado nigeriano Ademola Lookman foi eleito o melhor jogador africano de 2024, sucedendo ao seu compatriota Victor Osimhen, vencedor em 2023.

O feito do jogador de 27 anos de idade, nascido em Londres, deve-se ao desempenho pela Nigéria e no seu clube, líder da Série A, o Atalanta.

Na categoria de futebol feminino, a zambiana Barbra Banda foi a vencedora, numa disputa em que a angolana Marta Flora Lacho ficou entre as três finalistas.

Em 2024, a jogadora de 24 anos de idade marcou 17 golos em 25 jogos no campeonato norte-americano e quatro nos Jogos Olímpicos, além de ter sido protagonista da maior transferência do futebol feminino ao sair do Shanghai Shenglin para a americana Orlando Pride, por cerca de 700 mil euros.

Já a angolana Marta Lacho sagrou-se campeã da Liga dos Clubes Campeões de África`2024, no dia 23 de Novembro, ao serviço do TP Mazembe da RDC.

A atleta fez parte do melhor onze do torneio por ter sido das que mais se destacou na Liga dos Campeões.

Natural de Luanda, Marta Flora Lacho nasceu a 16 de Março de 1999, tendo sido a primeira futebolista angolana a concorrer para o prémio de jogadora africana do ano.

Bastos Quissanga protagoniza triplo no Brasil

Bastos Quissanga sagrou-se, em Dezembro, campeão do campeonato brasileiro de futebol, após o seu Botafogo vencer o São-Paulo, por 2-1, em jogo da última jornada, disputado no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

Com esta conquista, a agremiação do angolano completa o terceiro título, repetindo os feitos alcançados em 1968 e 1995.

O Botafogo sagrou-se também campeão da Taça Libertadores, perfazendo duas grandes conquistas com a contribuição do angolano, a recuperar de uma lesão muscular na coxa esquerda, após temporada de intensa contribuição à equipa.

Com o duplo triunfo, o Botafogo iguala o feito do Flamengo, como os únicos clubes que venceram o Brasileirão e Libertadores na mesma época.

O defesa foi ainda distinguido com o prémio de melhor central do campeonato, acumulando três títulos num país onde o futebol é reconhecido como dos melhores do mundo.

2024 consagra 8.º presidente da FAF

Fernando Alves Simões foi o grande vencedor das eleições na Federação Angolana de Futebol (FAF), realizadas em 30 de Novembro de 2024.

O candidato da Lista B, que lidera os destinos do órgão reitor do futebol no quadriênio 2024/2028, obteve 128 votos num universo de 252 eleitores composto por clubes e associações.

O antigo presidente do Interclube bateu na concorrência os candidatos Norberto de Castro, da Lista A (nove votos) e Artur de Almeida e Silva, líder cessante (lista C, 113 votos), tornando-se no 8° presidente da FAF.

Fundada a nove de Agosto de 1979, a FAF já foi liderada por Eduardo Macedo dos Santos, Luís Gomes dos Santos, José Fernandes, Armando Machado, Justino Fernandes, Pedro Neto e Artur de Almeida e Silva.

A implementação da Liga Angolana de Futebol, a retirada dos custos de arbitragem aos clubes, a massificação nos femininos, a prática da modalidade nas escolas e nas comunidades figuram no programa de acção do novo líder.

Estado evolutivo vs falta de sistematização

Longos anos se passaram para que o futebol angolano ressurgisse como que das cinzas, um sucesso que deve induzir a reflexão sobre que medidas devem ser tomadas para a sistematização dos itens que concorrem para uma evolução consentânea, baseada na cientificação.

Efectivamente, nesta leitura, falta ainda quase tudo desde a reabilitação e manutenção principalmente dos quatro estádios construídos por ocasião do CAN “Angola`2010”.

Trata-se do 11 de Novembro (Luanda), do Chiazi (Cabinda), do Ombaka (Benguela) e do Tundavala (Huíla) todos com grandes problemas de conservação, apenas 15 anos após a sua construção.

Apesar das obras de restauração de que já têm sido alvo, a verdade é que os imóveis continuam a degradar-se, estando previstas novas intervenções e a realização de concursos públicos para gestão privada.

Além deste pressuposto fundamental para o desenvolvimento, a aposta na construção de quadras comunitárias deve passar do papel para a efectivação, do mesmo modo que é imperioso a formação de formadores e a potencialização das escolas especializadas em termos humanos e de equipamentos.

A valorização da competição interna, mormente do Campeonato Nacional “Girabola” por via da criação da Liga Angolana de Futebol, pode ser a alternativa que a modalidade precisa para a autossustentação financeira.

Sendo o Estado o maior patrocinador do desporto, outras fontes de financiamento surgirão com a disputa da Liga, cuja qualidade esperada pode resultar no caminho certo para a inversão do quadro.

A arbitragem é outro sector nevrálgico. O histórico demonstra que tem sido, ao longo dos anos, um elemento frágil com influências negativas nos resultados desportivos.

A FAF deve assumir o pagamento dos árbitros em vez dos clubes, como se faz hoje, para diminuir o risco de dependência e a possibilidade de actos de favoritismo.

Este sector também precisa de actualizar-se com as novas tecnologias, com destaque para a implementação do vídeo árbitro, ferramenta usada no mundo do futebol para ajudar a ajuizar, com exatidão, lances de difícil percepção apenas pelo olhar humano.

Um campeonato bem disputado trará benefícios como empresas interessadas em publicitar os seus produtos, rendimentos com a bilhética, venda de artigos de "merchandising" e ganhos com direitos de transmissões televisivas.

No capítulo interno é imperioso que se preste atenção ao desenvolvimento do futebol feminino até então voltado para um retrocesso.

Os valores atribuídos anualmente pela FIFA no quadro das ajudas para a evolução do sector não têm resultado em melhorias, sendo este um dos grandes desafios do actual elenco da Federação Angolana de Futebol, agora com nova liderança. MC/IZ

 





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