Luanda – Na lista dos feitos memoráveis que atraíram para Angola as atenções do mundo, em 2024, tem assento a conquista do título de Campeão Mundial de Automobilismo de LMP2, pelo piloto angolano Rui Andrade, num ano marcado pelo desmembramento na Federação Angolana dos Desportos Motorizados (FADM).
Por Ventura Bengo, jornalista da ANGOP
Para o alcance da proeza, o piloto nacional obteve o segundo lugar nas oito Horas de Bahrein, a última prova do Campeonato Mundial de Resistência da Federação Internacional de Automobilismo (FIA WEC), disputado no mês de Novembro.
Com este resultado, Rui Andrade e a sua equipa WRT conquistaram o título de Campeão Mundial de Automobilismo de LMP2, tornando-se no primeiro do país africano a atingir tal feito.
O mesmo e acompanhantes somaram 173 pontos, após seis corridas, em igual número de vitórias. O piloto contou com a companhia do polaco Rober Kubica e do suíço Louis Delétraz.
Reconhecimento do empenho e dedicação
Pelo feito, o consagrado Rui Andrade foi homenageado, em Luanda, pelo Presidente da República, João Lourenço, que o encorajou a prosseguir os esforços que dignificam o país e o desporto angolano, além fronteiras, servindo de exemplo aos demais jovens angolanos.
O automobilista mereceu igualmente recepção e honras, numa outra cerimónia, também na capital do país, que contou com a presença do então governador provincial de Luanda, Manuel Homem, jornalistas, convidados ilustres e membros proeminentes da sociedade civil.
Desta forma, o mundo do automobilismo esteve em festa, e Angola teve um motivo especial para comemorar, na medida em que a proeza notável não só destaca o talento de Rui Andrade, mas também coloca o seu país no mapa do automobilismo internacional.
Muito cedo, Rui Andrade demonstrou uma paixão inata pela velocidade e pelas competições automotivas. Sua dedicação e determinação levaram-no a enfrentar desafios e a superar obstáculos que muitos consideraram intransponíveis.
A conquista do pódio no Campeonato Mundial de Resistência da FIA é um testemunho do seu trabalho árduo, talento e espírito competitivo.
O Campeonato Mundial de Resistência da FIA é um dos mais prestigiados e exigentes torneios do automobilismo, atraindo pilotos de elite de todo o mundo.
Competir na classe LMP2, uma das categorias mais desafiadoras e técnicas, requer não apenas habilidade e coragem, mas também uma preparação meticulosa e uma equipa de apoio sólida.
Rui Andrade e a sua equipa mostraram que estão entre os melhores, alcançando um resultado que será lembrado por muito tempo.
Esta não é apenas uma vitória pessoal para Rui Andrade, mas também um motivo de orgulho para todos os angolanos, pois, sua conquista inspira jovens pilotos em Angola e ao redor do mundo, mostrando que, com dedicação e paixão, sonhos podem tornar-se realidade.
O artífice da façanha torna-se num embaixador do automobilismo angolano, levando o nome de Angola aos mais altos pódios internacionais.
“Em nome de todos os fãs do automobilismo e do povo angolano, felicitamos Rui Andrade por esta incrível conquista. Que este seja apenas o começo de uma carreira brilhante e repleta de vitórias. Parabéns, Rui Andrade! Angola está orgulhosa de você”, escrevia o então presidente da FADM, Ramiro Barreira.
Percurso da consagração
Muito antes, Rui Andrade já se havia sagrado campeão do Europeu de Endurance Le Mans 2021, na categoria LMP2, em Outubro, ao terminar a prova de quatro horas, disputada no Autódromo de Portimão, em Algarve, Portugal.
O piloto, que só precisava de terminar a prova para ganhar a competição, obteve o feito ao assegurar a segunda posição da corrida, tornando-se no primeiro angolano a arrecadar o troféu.
Noutras ocasiões da sua trajectória, Rui Andrade alcançou o 13º lugar (entre 33 concorrentes) na categoria LMP2 do Campeonato do Mundo de Endurance, em prova ocorrida no Circuito SPA-Francorchamps, na Bélgica.
De 24 anos de idade, o piloto em representação da equipa G-Drive Racing, com a viatura Aurus, é o primeiro angolano a participar num mundial de automobilismo.
Residente em Portugal, iniciou a carreira em Espanha, disputando a fórmula quatro (F4), em 2018, ao serviço da Drivex Racing espanhol.
O piloto, que só precisava de terminar a prova para ganhar a competição, obteve a segunda posição da corrida, tornando-se no único nacional a arrecadar o troféu.
Mudanças de carros e nova época
O campeão de LMP2 da FIA WEC de 2023 mudou-se para os carros GT3 na época de 2024, juntando-se à TF Sport para uma campanha completa no Campeonato do Mundo de Resistência da FIA, ao volante de um Covertte Z06 GT3.R.
Amante da modalidade, desde tenra idade, em Angola, estreou-se nos carros desportivos em 2021 em LMP2 e, desde então, participou em todas as séries de corridas de resistência mais importantes, incluindo as Asian European Le Mans Series, a IMSA Michelin Endurance Cup e o FIA WEC Pro-Am, em 2021.
Venceu o Petit Le Mans, em 2021, subiu ao pódio de Le Mans e tornou-se campeão FIA WEC LMP2, em 2023, mostrando-se pronto para os desafios.
Em 2024, foi o início de uma nova era na história da FIA WEC, com a introdução da nova classe LMGT3.
A competição conta com 18 participantes de nove grandes fabricantes, incluindo a Covertte, BMW, Aston Martin Ferrari, Lamborghini, Lexus, Mclaren, Porsche e Ford.
Rui Andrade juntou-se à TF Sport, uma equipa campeã do FIA WEC e vencedora de Le Mans, para a sua primeira época a correr com carros Covertte. A equipa Tom Ferrier colocou em pista dois Covertte Z06 GT3, Rs.
A época de 2024 do FIA WEC começou em 2 de Março, com os 1812 km do Qatar e visitou oito países em quatro continentes, incluindo a corrida da “Jóia da Coroa” das corridas de resistência, às 24 Horas de Le Mans.
Organização administrativa e competitiva Interna
A FADM, em colaboração com as associações provinciais da modalidade, cumpriu o seu calendário anual, consubstanciado na realização de mais de 10 provas regulares nas especialidades de automobilismo, motociclismo, motocross, karting, rallies todos terrenos, entre outras, principalmente nas províncias de Luanda, Benguela, Namibe, Huíla e Huambo.
No âmbito do processo eleitoral, para a renovação dos órgãos sociais da federação ao quadriénio 2024/2028, o presidente cessante Ramiro Barreira, foi substituído no cargo por Tó Peras, filho do antigo piloto angolano Santos Peras, já falecido.
O também piloto Ramiro Barreira, que não conseguiu concretizar a sua intenção de construção do novo autódromo do Cabo Ledo, em Luanda, abdicou de concorrer para o seu segundo mandato na FADM.
Realce ainda para a separação do Automobilismo e Motociclismo/Motocross na FADM, com a constituição de duas federações, numa decisão unânime dos associados, em conformação dos organismos internacionais, no caso, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e de Motociclismo (FIM).
Tal decisão consensual permitirá a gestão autónoma das duas especialidades no país.
O desporto motorizado em Angola, que tem Luanda como o seu centro de prática, também movimenta-se nas demais regiões do território nacional. VAB/IZ