Pesquisando. PF Aguarde 👍🏽 ...

Escritor cubano defende expansão da literatura africana

     Entrevistas              
  • Luanda • Sábado, 04 Fevereiro de 2023 | 18h20
Entrevista com o escritor Oscar Oramas Oliva
Entrevista com o escritor Oscar Oramas Oliva
Pedro Parente - ANGOP

Luanda – O escritor cubano Oscar Oramas Oliva defende a necessidade de um trabalho mais afincado para a difusão da literatura africana e angolana, em particular, no mercado internacional, de forma a valorizar o génio criador do continente berço.

Por: Márcia Manaça & Kenia Silis, jornalistas da ANGOP 

Em entrevista exclusiva à ANGOP, o escritor, que se encontra em Angola no quadro do lançamento da sua obra, intitulada “Dr. António Agostinho Neto: Um homem excepcional do seu tempo”, defende que a literatura africana deve ser conhecida, pois o continente berço deu um grande contributo para o processo civilizacional universal.

Eis a entrevista integral:

ANGOP – O que podemos ler na sua obra sobre o falecido Dr. António Agostinho Neto?

Oscar Oramas Oliva (OOO) – É uma obra que permite que os leitores possam conhecer quem foi Agostinho Neto e o seu relacionamento com o Comandante-em-Chefe Fidel Castro.

Traz uma abordagem sobe a visão de Neto como homem, como estadista e também o trabalho que fez durante a sua permanência como dirigente do MPLA e, depois, como Presidente da República de Angola.

ANGOP – Como foi recebido esse livro em Cuba?

OOO – Em Cuba, foi muito bem acolhido. Quando falei com o Instituto de História de Cuba, eles leram o livro, chamaram-me para dizer que estavam muito interessados e consideraram-no importante para a historiografia dos dois países.

ANGOP – Tendo conhecido muito bem Agostinho Neto e convivido com ele, quais são as facetas da sua vida mais destacadas na obra?

OOO – O foco no trabalho. Neto foi um homem que trabalhava muito, que reflectia profundamente sobre as decisões. Era um homem excepcional.

ANGOP – Poderia explicar o que quer dizer um homem excepcional?

OOO – Excepcional, porque a luta que travou pela libertação de Angola não foi fácil. Neto, como líder, enfrentou muitos momentos difíceis e sempre manteve a unidade no seio do MPLA, a linha política de luta, com firmeza e coragem pela libertação do país. Do meu ponto de vista, esses factos indicam que é uma pessoa excepcional.

ANGOP – Mudando de assunto, que avaliação faz  do processo de transição política da geração mais velha para a mais jovem em Cuba? 

OOO – Penso que um partido responsável, com um pensamento enriquecido para a história, tem de trabalhar na mudança contínua dos dirigentes e que o exemplo do partido cubano agora, na transição, é importante e bem pensado.

Os velhos devem estar disponíveis para passar experiências aos mais novos. Portanto, é normal e saudável para o país que se façam as mudanças.

ANGOP – E no domínio literário?

OOO – Na área da literatura, é mais complexo, uma vez que o escritor pode dar um contributo muito grande à sociedade, quando se trata de uma pessoa que conhece a vida e as dificuldades ao fundo. Acredito que não se pode barrar o acesso da juventude à publicidade, tem de se dar espaço a todos, e os da terceira idade têm de entender que a tarefa é ajudar a jovem geração a desenvolver-se e a contribuir também para a afirmação da Nação.

ANGOP – Pelo que sabe, que avaliação faz do mercado literário angolano, em particular, e africano, em geral?

OOO – A literatura angolana está a ganhar cada vez mais espaço no mercado internacional, mas creio que precisam, Angola e o continente africano, de mais trabalho e mais divulgação. É necessário fazê-lo por circuitos de difusão do conhecimento da literatura no mundo. As grandes companhias internacionais estão mais interessadas em divulgar a literatura própria. É preciso que se conheça a literatura de África, porque África também faz um grande contributo para a civilização universal, e, por isso, desejo que Angola, que tem uma história tão rica, tenha maior visibilidade.

ANGOP – O que fazer para que a literatura angolana seja mais divulgada?

OOO – Esta é uma questão complexa, um tema que requer todo o tipo de apoio a nível nacional. As estruturas nacionais devem trabalhar também um pouco mais com organizações como a UNESCO (Organização das Nações Unidas a Educação, a Ciência e a Cultura – nota da agência), para encorajar mais a difusão da literatura africana.

ANGOP – Como avalia a aproximação entre angolanos e cubanos a nível da literatura e do ensino?

OOO – Temos de trabalhar. É um matrimónio que nos obriga a trabalhar todos juntos, angolanos e cubanos, para se dar os passos para frente. No terreno literário, há espaço para isso. Acredito que, em Cuba, haja vontade política para se trabalhar neste sentido. A minha presença aqui confirma o interesse cubano e o dos angolanos.

ANGOP – O que espera da cooperação entre Angola e Cuba, sobretudo nos domínios político, económico e social?

OOO – A história mostra que só existe um caminho para os nossos povos, a solidariedade entre Angola e Cuba. Podemos fazer muitas coisas juntas. Acredito que haja vontade política. Hoje, não posso falar muito porque não venho como representante do povo cubano, concordo com a minha revolução e o meu Governo, mas não sou o seu representante.

ANGOP – Noutro domínio, que comentário faz sobre o bloqueio dos Estados Unidos da América contra Cuba?

OOO – Trata-se de um bloqueio criminoso. Não há justificação para a vida de um povo ser bloqueada dessa forma. Os EUA têm muitas explicações injustificáveis em relação ao bloqueio contra Cuba, porque não têm como o justificar. Então, devemos trabalhar mais, com o objectivo de levar os americanos a entenderem o que representa esse bloqueio.

Quando falo em "criminoso", refiro-me ao impedimento da parte deles para que a matéria-prima para a fabricação de medicamentos chegue a Cuba. Não é racional, é o maior bloqueio da história de um país. (Os EUA) e procuram destruir-nos e sufocar-nos, mas estamos lá, ficaremos e venceremos.

ANGOP – Quem é Oscar Oramas Oliva na primeira pessoa?

OOO – Sou fruto de uma revolução, a cubana, e amigo intrépido do líder histórico Dr. António Agostinho Neto e do povo angolano, em geral.

ANGOP – Um sonho?

OOO – Sonho com o fim do bloqueio económico contra Cuba e todas as medidas de restrições económicas que impedem o nosso desenvolvimento.

ANGOP – Projectos para um futuro próximo?

OOO – Tenho um livro sobre Nelson Mandela, que espero terminar e que possa ser publicado no final deste ano.

Penso que isto seria a contribuição de um aposentado com a história do seu país e do continente africano, visto que trabalhei no continente berço durante 25 anos. Tenho de contar a história, para que seja conhecida pelos jovens.

Por dentro

Escritor, diplomata e nacionalista cubano, Oscar Oramas Oliva foi embaixador na República da Guiné, Mali, Angola, São Tomé e Príncipe e nas Nações Unidas, bem como director de África e vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba.

Nascido em Cienfuegos, a 12 de Novembro de 1936, mestre em Letras e doutor em Ciências Históricas, publicou inúmeros livros, com destaque para “Angola: Nasceu uma nova geração” (1978), “Estados Unidos: A outra face” (1987), “Amílcar Cabral, além do seu tempo” (1998) e “Os desafios do século XXI” (2003).

 

downloaded

 
     
     

 





Fotos em destaque

Presidente Joe Biden visita Angola na primeira semana de Dezembro

Presidente Joe Biden visita Angola na primeira semana de Dezembro

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h47

Angolana Maria do Rosário Lima designada embaixadora do G20 Social

Angolana Maria do Rosário Lima designada embaixadora do G20 Social

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h43

Início de voos de passageiros no AIAAN marca história da aviação civil  angolana

Início de voos de passageiros no AIAAN marca história da aviação civil angolana

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h36

Criadores do Sul de Angola asseguram 80% na redução da importação de carne

Criadores do Sul de Angola asseguram 80% na redução da importação de carne

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h32

Aviação Civil angolana premiada pela excelência no Egipto

Aviação Civil angolana premiada pela excelência no Egipto

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h24

Angola beneficia de mais de 100 milhões USD para combater alterações climáticas 

Angola beneficia de mais de 100 milhões USD para combater alterações climáticas 

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h14

Brasileiros admitem possibilidade de Angola ser celeiro mundial

Brasileiros admitem possibilidade de Angola ser celeiro mundial

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 12h06

Serviços Prisionais aumentam área de produção agrícola no Cunene

Serviços Prisionais aumentam área de produção agrícola no Cunene

 Quinta, 21 Novembro de 2024 | 11h57


Notícias de Interesse

A pesquisar. PF Aguarde 👍🏽 ...
+