Luanda - O Ministério da Educação e a organização Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) rubricaram, terça-feira, em Luanda, um acordo de cooperação no domínio do combate ao analfabetismo de jovens e adultos, para a redução dos índices de atraso escolar no país.
Assinado pelo director Nacional dos Jovens Adultos, Evaristo Pedro, e pelo presidente do Conselho de Administração da ADPP, Rikke Viholm, o projecto tem por objectivo a criação das condições para que os jovens e adultos com atraso escolar possam concluir a 9ª classe em apenas cinco anos.
A renovação da parceria visa ainda criar as condições necessárias para garantir a oferta educativa à população maior de 15 anos, sendo que, no quadro do primeiro acordo firmado em 2010, foram formados mais de 200 mil cidadãos, em todo país.
De acordo com o secretário de Estado para a Educação Pré-Escolar, Pacheco Francisco, o desafio do combate ao analfabetismo e da recuperação do atraso escolar é tarefa urgente e só será bem sucedido se forem criadas sinergias com diferentes actores sociais, tal como tem feito a ADPP junto dos parceiros.
No seu entender, a habilidade de ler e escrever é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento individual, colectivo e de qualquer sociedade, pois é através dela que se acede ao conhecimento e informação de uma forma geral.
Por isso, prosseguiu, a luta contra o analfabetismo constitui um desafio global.
Recordou que dados da UNESCO revelam a existência de 750 milhões de analfabetos em todo mundo, para o qual maioritariamente são mulheres que se encontram na condição de maior vulnerabilidade.
Neste sentido, no quadro da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável há um compromisso de garantir que todos os jovens, numa proporção substancial dos adultos homens e mulheres sejam alfabetizados e tenham adquirido conhecimento básico em matemática.
Fez saber, que em Angola, ainda existe uma margem considerável de cidadãos que se encontram na condição de iletrados.
Disse, que dados do INE revelam que cerca quatro milhões de angolanos, que constitui um quarto da população economicamente activa, carece de atendimento no âmbito da alfabetização, particularmente jovens e adultos das zonas rurais.
Desta forma considerou que o desenvolvimento sustentável do país está comprometido e depende do aumento do nível de escolaridade e da melhoria das qualificações desta importante franja da sociedade.
Lembrou, que no caso específico com a alfabetização, o PDN 2023/2027 estabelece como meta a redução dos índices em pelo menos 22 por cento dos actuais 24.
Por isso, avançou, o MED, através da Direcção Nacional dos Jovens Adultos predispõe-se a implementar um plano de acção para alfabetização e educação de jovens adultos 2024/2027, no qual, nas várias acções, propõe a criação de um fundo específico para angariar recursos para o combate ao analfabetismo, relançar o premio de alfabetização 22 de Novembro e instituir os prémios municipais e provinciais, como forma de reconhecer e incentivar os actores públicos e privados que se destacam nesse processo.
Prevê também o estabelecimento de uma cota obrigatória, de modo que, nas percentagens alocadas mensalmente aos municípios para o combate à pobreza, seja canalizada para a luta contra o analfabetismo.
De igual modo, desenvolver materiais específicos para garantir a oferta educativa da EJA desde o ensino primário até ao segundo ciclo do ensino secundário numa abordagem profissionalizante.
Por sua vez a PCA da ADPP, Rikke Viholm, disse que o meio rural precisa de uma forte acção na alfabetização, uma vez que desempenha um papel fundamental na solução de problemas, independentemente dos desafios que uma comunidade enfrenta.
No seu entender, as acções complexas do desenvolvimento não podem ser resolvidos por um único sector de intervenção, pois há maior impacto se existir combinação de esforços de várias partes interessadas e for promovido uma abordagem incluindo toda a comunidade. MGM/ART