Luanda - O acesso aos livros digitais tem vindo a aumentar nos últimos anos em Angola, atraindo, sobretudo, os jovens estudantes, face à disponibilidade das novas tecnologias, bem como o encarecimento dos volumes físicos.
De um tempo a esta parte, centenas de leitores no país, em particular de Luanda, buscam conhecimento por essa via, devido à alta dos preços dos livros físicos.
Para a classe estudantil, os livros digitais surgem como uma boa alternativa, para colmatar o deficit, bem como o custo dos manuais.
Segundo o estudante do curso de Direito da Universidade António Agostinho Neto, Firmino Canjila, o aparecimento dos livros digitais tem ajudado a classe estudantil em várias vertentes, como a existência de vários títulos e o baixo custo para a sua aquisição.
“Os livros no formato físico são muitos caros nas livrarias, muitas vezes não temos capacidade financeira para suportar”, referiu.
Por sua vez, a estudante Maria Filipe referiu que embora gostar de ler, sente-se inibida com os preços dos livros praticados a nível das livrarias, facto que a obriga a fazer o uso dos livros digitais.
Já o estudante Alberto Muachinendele, afirmou que os livros os livros físicos são os mais viáveis para os estudantes, mas a inexistência de alguns, no mercado local, e o elevado custo, por outro lado, leva o estudantes a recorrer ao formato digital.
“Usamos livros em formatos digitais como último recurso devido a essa grande disparidade que assola o mercado angolano”, referiu.
Por outro lado, as livrarias e revendedores de livros, referem que a alta dos preços se deve a falta de títulos literários, didácticos e científicos.
Segundo a livreira das Irmãs Paulinas, Daniela Rodrigues, embora o eclodir da internet, o livro no formato físico continuará a sobreviver, mas será necessário a massificação das gráficas e a produção de títulos.
Quanto ao elevado preço dos livros físicos, considerou ser devido ao alto custo operacional, onde são contabilizados os salários, embalagens, impostos e outros, que vão dar no resultado final.
No entender do livreiro e especialista em vendas online, Emanuel Quissumua, os livros continuam caros devido à falta de produção, facto que leva a importação e com isso elevados custos praticados pelas livrarias.
“Se não produzirmos, teremos poucas possibilidades de ter o produto mais barato”, disse.
Neste quadro, o presidente da Brigada Jovens de Literatura Angola (BJLA), Carlos Pedro, considera ser necessário que se criem políticas que ajudem o surgimento da indústria livreira, actuando assim na redução dos preços praticados actualmente.
Para além, da actual elevado custo dos livros, assiste-se também ao encerramento de algumas livrarias históricas, como a Mensagem e a Lello, diminuindo o leque de opções para os leitores.
Segundo o artista plástico Tomás Ana (Etona), falar da Lello e Mensagem é falar da história de Luanda, em particular da sua rua principal.
“Eu gostaria que o governo comprasse o edifício e reconstruísse a imagem desta histórica livraria de Luanda, pois considerou-a como um dos cartões postal da capital”, sublinhou.
Vários estudos demonstram que a compreensão das informações a partir do livro impresso é mais efectiva do que com o electrónico, mesmo entre jovens.
Talvez a ruptura que levaria o livro electrónico a sobrepor o livro impresso ainda esteja em processo, de forma mais lenta do que se previa.
Até este momento, no entanto, o futuro mais provável parece ser uma convivência permanente entre essas duas mídias, com o livro impresso ocupando um espaço muito maior que um simples nicho dedicado a consumidores diferenciados. EH/ANM/ART