Lubango - O presidente do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) da Huíla, Helder Bahu, defendeu hoje, terça-feira, no Lubango, a necessidade da adopção de uma estratégia inter-sectorial que integrae mais actores na gestão da questão da seca na região Sul do país.
O académico falava à ANGOP, a respeito dos resultados de um Estudo sobre Processos de Intervenção no Município dos Gambos, à Luz da Mitigação do Fenómeno Seca, realizado nos últimos três anos e apresentado este mês pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Educação (CIDE) da Instituição.
Iniciado em 2019, a investigação visou compilar toda informação sobre as intervenções de Organizações Não-governamentais (ONG) nacionais e Internacionais(OI), no município dos Gambos, no capítulo da problemática da seca.
A investigação teve a finalidade de produzir uma brochura que sirva de "guia" de orientação para uma melhor compreensão e intervenção futura no referido município, analisando a informação documental disponível, sobre acções desenvolvidas desde 1994, cruzar os dados e documentá-los, mediante entrevistas a actores privilegiados.
De acordo com Helder Bahu, urge uma posição inter-sectorial, com envolvimento da Educação, Economia, Agricultura, Energia e Águas e da academia, para com algum cuidado mitigar-se os efeitos da seca que afecta a região, com particular realce os Gambos, mediante soluções mais integradoras.
Para tal, defendeu estudos de natureza micro, em função das zonas mais nevrálgicas, no sentido de obter-se soluções mais específicas para cada uma delas, porque generalizando para todos os cenários, pode não ser assertivo em termos de matéria de intervenção.
Apontou a necessidade de ajustar-se as particularidades de cada região, para que a actuação seja específica, daí que a nível da academia encetaram uma experiência de gestão das zonas, com o cruzamento de informação de várias áreas do saber.
Essas estratégias focam-se, segundo o antropólogo, em sistemas de informação geográfica para vetorizar as zonas ou linhas de água existentes na região e tentar determinar caudais, de tal maneira que se possa saber em que zonas se podem criar sistemas de retenção.
Para a concretização do estudo foram entrevistadas 17 intervenientes no processo, desde implementadores a beneficiários, entre eles, membros da Administração Municipal, entidades tradicionais, religiosas, líderes comunitários e professores.
O município dos Gambos ocupa uma área de oito mil 150 km², tem uma população estimada em 174 mil 693 habitantes, cujos Grupos étnico linguísticos são Ovangambwe, que praticam a criação de gado, agricultura e cerealicultura destinados, essencialmente, ao autoconsumo.