Soyo - A fraca preparação e valorização dos docentes universitários, assim como a ausência da base de dados de revistas científicas na maioria das instituições de ensino superior, concorrem para a pouca produção científica por parte dos docentes universitários no país.
Essa visão é do doutor em ciências educacionais, Chocolate Brás, que falava esta terça-feira à ANGOP, na cidade do Soyo, província do Zaire, defendendo que um docente universitário que se preze deve publicar, no mínimo, um artigo científico por ano.
Lembrou que os estatutos da carreira docente do ensino superior no país recomendam que um professor, para renovar o seu contrato ou vínculo, deve produzir e publicar artigos científicos, já que constitui um dos critérios de avaliação do seu desempenho.
O também professor-investigador observou que o país regista deficiência na preparação universitária, sobretudo, no ensino da disciplina de Metodologia de Investigação Científica (MIC) e na preparação de trabalhos de fim de curso em licenciatura.
“A maioria das instituições universitárias não ensina como se deve pesquisar”, vincou o académico, para quem muitos destes estabelecimentos de ensino preferem fazer programas de formação contínua de investigação científica.
Outras causas, segundo o docente, têm a ver com a ausência de revistas na generalidade das instituições de ensino superior, considerando ser factor que torna impossível os respectivos docentes publicarem eventuais artigos científicos internamente.
Para o interlocutor, a procura de uma estabilidade financeira obriga os professores universitários a prestar serviço em mais de uma instituição, o que também dificulta a sua entrega em trabalhos de pesquisa, produção e publicação científicas, por falta de disponibilidade.
Apesar das dificuldades acima enumeradas, Chocolate Brás desafiou os seus colegas de profissão no país a elaborarem planos anuais de actividades que contemplem participações em conferências, colóquios, mesas redondas a nível nacional ou internacional, assim como produção e publicação de produto científico.
“Um docente universitário deve sair da sua zona de conforto, sua localidade ou região e ser conhecido a nível nacional e internacional, pelo fruto das suas pesquisas e publicações científicas”, sublimhou.
Professor-investigador do Instituto Superior Politécnico Sol Nascente (ISPSN) do Huambo, Chocolate Brás foi o convidado especial para proferir uma oração de sapiência, na cerimónia de abertura do ano académico 2024/25 no Instituto Superior Universitário Nimi ya Lukeny (INSPUNYL) do Soyo. PMV/JL