Luanda - Uma conferência em homenagem póstuma ao filósofo queniano Henry Odera Oruka foi realizada, esta terça-feira, em Luanda, pela Faculdade de Humanidade, da Universidade Agostinho Neto, no âmbito da XV Jornada do Dia Mundial da Filosofia, que se assinalou a 21 do corrente mês.
Ao moderar os debates em torno da Vida e Obra do então estudioso, o Professor-Doutor em filosofia africana e docente na Universidade Pedagogica de Moçambique, José Castiano, considerou Henry de Oruka como uma das maiores figura da filosofia em África.
Sublinhou que o filosofo queniano teve uma vida dedicada ao desenvolvimento dessa ciência, daí a importante de ser abordado, hoje, nesse colóquio. Disse-tratrar-se de um filósofo que desenvolveu a linha de pensamento e método chamado “Filosofia da Sagacidade”, baseada em contextos culturais do Quénia.
Segundo o acadêmico, a linha de pensamento de Henry Oruka espalhou-se por toda África, porquanto, era uma forma de olhar para sábios nas comunidades e aldeias, e eternizá-los para que as futuras gerações possam manter contacto com a sua história e seus conceitos, de modo a enriquecer a academia do saber.
Esclareceu ainda que o filosofo africano foi comprometido com os probolemas do seu país e um pensador que denunciou a desumanidade colonialista e desmascarou o falso Humanismo Neocolonialista.
Já em declarações à ANGOP, para maior esclarecimento, José Castiano disse que tal Humanismo Neocolonialista distigue-se por quatro tendências na filosofia africana moderna: etnofilosofia, sagacidade filosófica, filosofia ideológica nacionalista e filosofia profissional.
Relatou que Henry de Oruka teve três grandes contribuições no desenvolvimento da filosofia, sendo o primeiro a "Filosofia da Sagacidade" a que chamava "Filosofia Profissional", praticada pelos filósofos que tinham estudado só no ocidente e que não sabiam resgatar essas tradições ou aquilo que se pode dizer inclusão cultural.
A segunda contribuição dele muito importante também, prosseguiu o Professor-Doutor, é a teoria da verdade, quando ele diz que não existe uma verdade universal, mas a verdade depende muito do contexto cultural em que elas crescem.
“Isso é muito importante, desde o momento em que chamamos a era da pós verdade, onde já existem as notícias falsas e as mentiras, onde muitas das vezes na verdade fica-se a discutir essas coisas e certas inverdades", destacou.
Adiantou que a terceira teoria é a do "Mínimo Ético, onde apela que a filosofia não deve esquecer os pobres, uma vez que existem sociedades muito pobres, mas governadas por pessoas muito ricas.
"Henry Oruka foi um homem muito específico. Ele defendia que as pessoas precisam de um lugar para dormir, ter o que comer e emprego. Ou seja, pensar em condições sociais e na humanização das famílias, educação e saúde para se poder participar em pleno direito de igualdade com os outros", explicou.
Por sua vez, o decano da Faculdade de Humanização, Moreira Bastos, disse que o homenageado deu para a filosofia africana uma contribuição bastante valiosa e positiva com o seu pensamento da sagacidade, que se traduz na valorização intra-África.
"Significa que devemos pensar em África em primeiro lugar, na cultura, tradição e refletir sobre a libertação dos nossos povos. Como foi ou como devia ser, porque a libertação ainda não acabou mesmo com as independências. O que houve no passado foi o começo, e ainda estamos no processo liberatório", expressou o responsável.
Sobre o workshop, salientou estar a permitir reflectir-se sobre aquilo que Henry Odera Oruka fez e produziu de muito importante para os Africanos, que devem olhar para o presente e o futuro com muito optimismos.
Henry Oruka deu grande contributo no domínio da filosofia, com o seu pensamento a nível das ciências sociais africana, com repercussão mundial nos séculos 20 e 21. E tal como ele, outros acadêmicos africanos de renome serão homenageados pelas universidades do continente berço.
ECC/MDS