Cidadela Jovem de Sucesso transforma destinos na Matala

     Educação           
  • Huíla     Terça, 05 Dezembro De 2023    09h50  
Sala de informática na escola cidadela jovem de sucesso
Sala de informática na escola cidadela jovem de sucesso
Braulio Pedro-ANGOP

Matala – A Escola Cidadela Jovem de Sucesso, uma iniciativa do Ministério da Administração Pública Trabalho e Segurança Social, está a mudar, para melhor, o futuro de 267 adolescentes e jovens do município da Matala, província da Huíla, através formação académica e profissional, constatou a ANGOP.

Cidadela Jovem de Sucesso é uma escola de formação de artes e ofícios situada nas zonas rurais, cujo objectivo principal é formar jovens onde elas se encontram, em duas vertentes, uma académica e outra profissional.

Na sua maior parte são de famílias pobres e que viram na instituição, inaugurada em Novembro de 2020, uma trilha para lançar-se ao mercado de auto-emprego.

Eles entram com a 6ª classe na vertente académica e saem com nona, a idade mínima aceite sãos 14 anos de idade. No segmento profissional recebem aulas de carpintaria, construção civil, serralharia e ligação eléctrica de baixa tensão.

Aposta, também, em técnicas de produção agro-pecuária onde aprendem a trabalhar à terra, sobretudo o cultivo de hortícolas, grãos e criação de aves para a produção de ovos e frangos de corte. Todos eles frequentam a escola em três anos lectivos, em regime de externato.

Em declarações à ANGOP, o director da referida instituição, Hélder Domingos, fez saber que a instituição não dispõe de um internato, mas tem condições para que os estudantes permaneçam na escola durante todo dia.

São recolhidos pela manhã em autocarros e distribuídos no final do dia. Os alunos têm direito a duas refeições, processo totalmente gratuito.

Hélder Domingos assinalou que a escola tem o apoio da direcção nacional, mas ainda insuficiente para a demanda, sobretudo pelo volume de necessidades, onde o destaque vai para a dificuldade de manter o aviário, em que a ração para um mês ronda  os 10 milhões e 800 mil kwanzas.

“Com o custo de vida a inflacionar, a alimentação para os alunos é um outro encargo muito grande, os consumíveis, a formação profissional é uma actividade cara, temos todo o leque de consumíveis desde ferro, madeira, cola, pregos, cabos eléctricos, material eléctrico, todo o equipamento e não é barato, pelo que cinco milhões de kz/mês seria razoável”, expressou.

Ainda assim, ressaltou, por estar localizada na zona rural, a principal fonte de alimentação é o trabalho agrícola e a produção de ovos em que grande parte da produção é vendida para custear as receitas da própria Cidadela.

Na parte da formação profissional, disse o director, a instituição faz trabalhos por encomenda, na parte de carpintaria e serralharia, para melhor enfrentar ao que chamou de “gestão apertada”.

De entre as dificuldades, o entrevistado apontou a indisponibilidade de meios técnicos capazes de atiçar o talento dos alunos, pois a formação profissional tem as expectativas de quem entra, pelo que na escola da Matala, as ferramentas disponíveis são de nível básico, porque os estudantes quando saem com a nona classe, têm a oportunidade de se superarem.

Este ano saíram os primeiros 42 finalistas, houve um estágio em que eles tiveram a oportunidade de experimentar, visitar escolas, institutos politécnicos da Humpata, do Caminho de Ferro de Moçâmedes e a Agrária do Tchivinguiro, para que tivessem um leque de opções a seguir.

“Ali eles vão ter um outro nível de exigência, variedades de material e um novo nível de formação e se quiserem seguir depois vão para o CINFOTEC que é o superior”, salientou.

Mediante intermediação do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), através do seu programa de estágios profissionais, Hélder Domingos afirmou que os finalistas devem ser enquadrados em empresas locais como a ELECNOR, a ENDE e auxiliar as cooperativas agrícolas.

Através do Programa de Apoio e Promoção da Empregabilidade (PAPE), fez saber, os finalistas recebem kits profissionais, agora cada vez mais melhorados, assim como podem concorrer a créditos com juros de sete a 13 por cento, cujo período de carência é de um ano.

Alunos descrevem a mudança que a escola operou em suas vidas

Eduardo Pedro, de 18 anos, é estudante finalista e diz ter sido atraído pelo curso de carpintaria. “Quando soube que havia o curso, não quis perder a oportunidade e está a valer a pena, nem dá para explicar”, manifestou.

Já com algumas encomendas na comunidade onde vive, ajuda a sustentar cinco irmãos com os proventos do trabalho e, por isso, espera dar continuidade a formação nos institutos politécnicos ou no Centro Integrado de Formação Tecnológica (CINFOTEC).

“A formação profissional, é que me trouxe aqui, eu aconselharia que outros jovens façam o mesmo, a entrega também conta, não só a escola, mas também quem está lá para aprender. Nós temos aqui um formador excelente, já falamos sobre máquinas universais, é claro que é impossível como finalistas, alunos de marcenaria evoluir na área sem termos equipamentos industriais”, disse.

Uma outra aluna é Rita Marcolino, de 16 anos, que optou, igualmente, pela carpintaria, mas realça que quando ingressou quis fazer electricidade, mas depois escolheu a carpintaria, esperando fazer construção civil.

Disse que vai aproveitar todo subsídio em material, para futuramente abrir uma carpintaria.

Henriques Chimuco, formador na área de carpintaria há três anos, descreve que as dificuldades são, sobretudo, de produtos consumíveis, de máquinas, cuja disponibilidade é limitada, forçando-os, muitas vezes, a buscar exemplos fora da instituição, para mostrar a realidade que se trata na sala de aula.

A Cidadela, por dentro

Esta instituição da Matala está instalada numa área de 10 hectares, três dos quais servem a produção agrícola e pecuária. Dispõe de três naves onde estão 720 galinhas em cada uma delas, que põem diariamente mil e 800 ovos.

A produção agrícola fixa-se em duas toneladas de bata rena, para além de hortícolas e outros vegetais. Está na forja a introdução da produção de frango de corte e o lançamento da criação de peixe em cativeiro. Uma outra aposta está no auxílio de diário de 30 pessoas da comunidade, através de um programa de comida pelo trabalho.

Tem três salas de aula, dois laboratórios, um de informática e outro de electricidade, assim como duas oficinas de serralharia e carpintaria. O processo de ensino é suportado por 12 professores do Ministério da Educação e seis formadores do INEFOP.

Escola Cidadela Jovem de Sucesso é um modelo israelita trazido a Angola e já está instalado nas províncias da Huíla, Huambo, Luanda, Cabinda, Malanje, Uige e Moxico. MS





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