Dundo – A directora do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto na Lunda Norte, Esmeralda Maximata, sugeriu hoje, terça-feira, a inclusão da arte etnomatemática de contar histórias através de desenhos na areia, denominada “Sona” no sistema nacional de ensino e aprendizagem.
Em declarações à ANGOP a propósito da arte “Sona” que foi recentemente elevada para a categoria de património cultural imaterial, a responsável reiterou que a inclusão da mesma contribuirá na melhoria do processo de ensino e aprendizagem da matemática em Angola, porque garante uma formação multicultural para todas as franjas.
Considerou fundamental que o ministério da Educação aprofunde o estudo da referida arte, aproveitando os executores que ainda estão vivos e editando manuais para alunos do ensino primário.
Informou que actualmente existem na província, dois executores do Sona, técnicos do Gabinete Provincial da Cultura, que podem formar jovens interessados, sobretudo docentes da disciplina de Matemática.
Por outro lado, Esmeralda Maximata destacou o papel que tem sido desempenhado pela Universidade Lueji A’nkonde, em colaboração com o governo local, para a valorização e divulgação do “Sona”, o que contribuiu na sua elevação a categoria de património cultural nacional.
Sona, que significa escrita na areia, era uma forma de comunicação dos ancestrais da região leste do país, predominada pelo povo Tchokwe, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias, para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.
Estas gravuras (Sona), de difícil entendimento, encontram-se, actualmente, no Museu Dundo, e num livro que aborda a cultura bantu e já foi retratada numa longa-metragem “Os deuses da água”, numa co-produção entre a Argentina e Angola, em 2013.
Pesquisas feitas recentemente indicam a existência, na altura da gravação da longa-metragem, de apenas um ancião, funcionário do Museu do Dundo, que ainda praticava o Sona e que foi um dos actores locais do filme.
Actualmente, existem mais de 10 obras científicas, publicadas em várias partes do mundo, a retratarem o Sona e nenhuma em Angola.