Menongue – Os munícipes do Cuando Cubango enalteceram, terça-feira, o lançamento do Plano Nacional de Leitura (Planaleitura), com a convicção de que vai ajudar a melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem e a capacidade de resposta dos cidadãos aos mais variados problemas sociais.
Em declarações à ANGOP, no final do acto de apresentação e recolha de contribuições para o enriquecimento do referido Plano, os cidadãos foram unânimes sobre a importância da sua implementação.
Sugeriram que, para além de abranger os alunos, o mesmo deve beneficiar também os professores e a sociedade de forma geral.
Para o professor Aldino Cambinda, o incentivo à leitura não se deve limitar aos alunos, que são o principal grupo-alvo do Plano, mas também estender-se aos professores e a outras pessoas adultas.
Sugere que a abrangência e a inclusão social do Plano passa pela criação de bibliotecas, nas escolas e noutros espaços de acesso público, bem como pela criação de plataformas digitais de leitura, onde professores, alunos e pessoas comuns possam encontrar várias bibliografias.
“Já que a leitura em manuais é difícil, incentivar concursos de redacção e de leitura nas escolas com os devidos estímulos, como consta do Plano, seria uma mais-valia para a sociedade”, realçou.
Por seu turno, Francisco Camuanga, do Conselho de Igrejas Cristãs de Angola (CICA), também louvou a iniciativa, afirmando que o incentivo previsto aos escritores "é de suma importância, porque vem devolver a esperança aos escritores e poetas que têm um conjunto de artigos engavetados".
No seu entender, estes últimos já podem sonhar com um acompanhamento melhor para a conclusão e impressão das suas obras.
Considerou que o conhecimento está em livros e acervos bibliográficos que devem estar ao alcance dos usuários, e propôs a implementação de uma mediateca, na província, do Cuando Cubango, para que todo e qualquer cidadão tenha acesso aos conhecimentos disponíveis.
Já o escritor Leonel Bonifácio aplaudiu o campo de incentivo financeiro à escrita, advogando que as provas públicas que se realizam no ensino geral e no ensino superior, por meio de apresentações de diferentes temáticas, devem ser melhor valorizadas a nível das instituições.
Afirmou ter constatado que, muitas vezes, o estudante apresenta a sua dissertação de fim de curso, sem saber a finalidade do referido trabalho, pois que este fica arquivado "e nunca mais é lido".
Por isso, sugeriu que, tão logo termine a apresentação, a instituição devia fazer o acompanhamento para a transformar em livro, não só para valorizar o aluno, mas também para permitir ganhar alguns recursos com a venda do mesmo.
Outra nota apresentada pelo escritor está ligada aos custos com a produção do livro, desde a escrita até à impressão, razão pela qual recomendou que, à semelhança dos termos constantes do Plano, a sociedade e os empresários também devem fazer a sua parte, patrocinando a edição e impressão.
“Para mais livros, à semelhança do Planaleitura, torna-se necessário que a sociedade também apoie a classe, na redacção e na publicação de livros para haver crianças brilhantes, porque isto é também um elemento essencial para uma sociedade mais lúcida”, sublinhou.
Sobre o Plano Nacional de Leitura
Ao apresentar os termos de referência do referido Plano, em vídeo-conferência, o coordenador regional das províncias do Huambo, do Bié e do Cuando Cubango, Sabino do Nascimento fez saber que a campanha decorre no âmbito do Plano de Desenvolvimento Nacional 2024/2027.
Com o referido Plano, realçou, o Ministério da Educação pretende responder aos desafios de melhorar o desempenho escolar nos domínios da leitura e da escrita, a partir do ensino pré-escolar.
Constam igualmente dos termos do Plano, facilitar o acesso das comunidades escolares à diversidade cultural e ao estímulo de análise crítica, num projecto que deve durar todo o ano, com o envolvimento de muita gente e com uma necessidade enorme de material didáctico de diversos autores e temáticas para que as crianças possam ler nas escolas.
Acrescentou que a implementação do Planaleitura representa um compromisso conjunto entre as instituições públicas, privadas e parceiros nacionais e internacionais, evidenciando uma iniciativa abrangente para promover o hábito de leitura, sob coordenação do Ministério da Educação (MED), por via da apresentação trimestral de um relatório de balanço.
Para garantir o sucesso do Plano, disse ser imprescindível que o Executivo cumpra com responsabilidades estabelecidas, o que inclui o reconhecimento das necessidades dos diversos actores do sector da leitura, bem como a liderança dos governos locais na execução do Plano a nível escolar e comunitário. MSM/FF/IZ