Lubango - O Centro de Estudos da Biodiversidade e Educação Ambiental (CEBEA) do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) da Huíla desenvolveu na província do Namibe, um estudo que identificou algumas plantas usadas na Etnoveterinária, sobretudo para o tratamento de doenças bovinas.
O estudo que decorreu de Agosto a Novembro de 2023, no âmbito do Projecto Integrado de Resiliência Ambiental (PIRA), teve recentemente os resultados divulgados. O PIRA é um projecto com acções voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar, pastos e nutrição, implementado com financiamento Associação para o Desenvolvimento e Enquadramento Social de Populações Vulneráveis (ADESPOV), em parceria com FRESA, tendo o estudo orçado em quatro milhões de kwanzas.
A etnoveterinária são as práticas e saberes populares que são empregados por muitos criadores, fazendeiros ou veterinários a fim de prevenir ou tratar enfermidades em rebanhos ou em animais de estimação.
A investigação teve como base a recolha de dados de plantas que são usadas com fins medicinais, mais propriamente ligado às doenças que acometem o gado bovino nas rotas de transumância do Sudoeste de Angola.
Foi feita por cinco técnicos do CEBEA, que trabalharam a parte de etnoveterinária e os resultados foram tratados pela Università degli Studi di Firenze, da Itália e publicados recentemente em um artigo científico, segundo o investigador do ISCED, que fez parte da acção, Manuel Catchissapa.
Em declarações à ANGOP, o académico realçou que o estudo foi realizado na província do Namibe com enfoque nas espécies das rotas dos corredores de transumância, nos municípios do Camucuio, Bibala, Moçâmedes, Virei e Tômbwa.
Destacou que nos quatro meses de estudo foram identificadas sete espécies de plantas que os criadores de gado utilizam para a cura de algumas doenças que acometem o gado bovino, que normalmente acontece um período de seca.
O resultado, segundo o estudioso, tem como fim a produção de um manual prático Etnoveterinária sobre tais espécies, para que fique tudo documentado.
As sete espécies identificadas, fez saber, estão ligadas ao tratamento de doenças como a tuberculose e a dermatite nodular.
Assinalou que o Namibe pelas condições edafoclimáticas tem “poucas” espécies vegetais, mas os investigadores encontraram “apenas” sete espécies, atendendo também reduzido tempo da investigação.
O uso desses conhecimentos e crenças populares, relativas à saúde animal, é denominado etnoveterinária, que pode ser definida como uma investigação teórica sistemática e aplicação prática do conhecimento popular veterinário. BP/MS