Huambo - O filósofo e docente universitário Albino Pakissi defendeu, esta sexta-feira, no Huambo, a implantação de reformas no ensino superior do país, de modo a se traçar estratégias que permitam o alcance da qualidade desejada.
Albino Pakissi apresentou esta posição quando ministrava a aula magna sobre o tema “O ensino de qualidade - a equação do desenvolvimento” durante as III jornadas académicas e estudantis do Instituto Superior de Ciência da Educação (ISCED – Huambo), realizadas sob o lema “O ensino de qualidade, desenvolvimento e progresso garantido”.
Na ocasião, advogou a alteração do Regime Jurídico que rege o sector, por não se ajustar ao contexto e aos desafios actuais, tendo em conta a necessidade de se melhorar a qualidade de ensino no país.
Justificou o facto de o mesmo estabelecer critérios que permitem, que qualquer agente, com ou sem condições para o efeito, abra um estabelecimento de ensino superior, em circunstâncias menos adequadas.
Segundo o docente universitário, para além do Estado, que prossegue um dos direitos fundamentais dos cidadãos, baseado na garantia do ensino superior, apenas as fundações, associações e as instituições afins estariam autorizadas a abrir instituições universitárias.
Albino Pakissi defendeu, também, o reforço da fiscalização nas instituições universitárias, sobretudo, do ramo privado, por entender não existir em Angola.
Esta inexistência, de acordo com orador, tem motivado que muitos promotores violem as regras estabelecidas para o bom funcionamento do ensino superior.
Por isso, augura por um maior acompanhamento dos planos curriculares, de modo a permitir a sua adequação às necessidades formativas que o mercado de trabalho exige.
Albino Pakissi apelou aos professores e aos estudantes universitários a apostarem na pesquisa e na investigação científica permanente, com vista a melhorar as suas habilidades técnicas e a serem capazes de dar respostas aos desafios da sociedade e, ao mesmo tempo, contribuírem na promoção do desenvolvimento socioeconómico do país.
Por seu turno, a vice-presidente do ISCED-Huambo, Ester Cassinela Numa, referiu que a resolução da melhoria da qualidade do ensino exige uma profunda cooperação, entre os vários critérios das políticas educacionais.
Afirmou que a cooperação nacional e a troca de experiências dos vários intervenientes são essenciais para o alcance do desenvolvimento e do progresso do sector.
Sublinhou que, apesar de se registar o crescente número de instituições do ensino superior no país, porém o factor qualidade tem sido renegado para o segundo plano, surgindo, assim, a necessidade de se discutir seriamente para se alterar o quadro.
O evento é uma iniciativa da Associação de Estudantes, com o objectivo de analisar, profundamente, a questão do ensino de qualidade como pedra basilar para o desenvolvimento e o progresso da sociedade.
As jornadas, realizadas em dois painéis e uma mesa redonda, abordaram, entre outros, temas como “O ensino de qualidade, a Equação do Desenvolvimento”, “Impactos das energias verdes para a conservação do planeta”, “Educação ambiental: Energias verdes e desenvolvimento sustentável”, “Tecnologias de informação e comunicação no ensino e formação de professores”, “O impacto das qualidades essenciais da linguagem na comunicação” e “O ensino de qualidade, desenvolvimento e progresso garantido”.
O ISCED- Huambo, com 25 salas de aula, possui 76 professores nacionais, dos quais 19 doutores, 31 mestres e 26 licenciados, para além de três expatriados, que leccionam os cursos de Biologia, Física, Geografia, Literatura Inglesa, História, Língua Portuguesa, Matemática, Química, Psicologia e Pedagogia, sendo os dois últimos em fase de extinção, por “abarrotamento” do mercado.
Lecciona, igualmente, os cursos de mestrados em Educação e Conservação da Natureza e Ciências de Educação.
Fundado em 1983, a instituição já formou quadros nas especialidades de Biologia (944), Geografia (mil 140), Psicologia (mil 140), Pedagogia (684), Matemática (971), Física (280), Química (196), História (72), Língua portuguesa (151) e Literatura Inglesa (77).
No leque das acções formativas, o ISCED-Huambo, uma das instituições de ensino superior mais antigas do Planalto Central, graduou, ao longo da sua existência, 49 mestres em diversas áreas de especialidade.