Ondjiva- O académico Custódio Mwenefulenge, defendeu esta quarta-feira em Ondjiva, província do Cunene, o envolvimento das famílias na transmissão e ensinamento das línguas nacionais à nova geração, visando a sua valorização e preservação.
Em declaração à ANGOP, a propósito do Dia Internacional da Língua Materna, a assinalar hoje, disse que as famílias têm um papel fundamental naquilo que é o ensino das línguas locais, de forma a preservar uma parte da própria identidade nacional.
Segundo o docente, muitas famílias pouco fazem para a divulgação e a valorização das línguas na infância, levando a que muitas crianças percam o domínio do património cultural, por falta de incentivo em casa.
Por este facto, ressaltou a necessidade dos pais dedicarem-se mais na transmissão de conhecimentos e educação de berço, onde as línguas nacionais são ricas em provérbios que transmitem muitos conhecimentos populares.
As línguas maternas, lembrou, permanecem vivas, "se cada um não sentir receio de as falar e se mostrarmos interesse em aprender com os pais ou pessoas que as dominam”.
“Um povo sem língua não tem rumo”, facto que requer o conjugar de esforços para preservar o património imaterial de um povo", sublinhou.
A nível da província do Cunene, lembrou que a língua nacional é bastante valorizada, fruto da composição e densidade populacional, onde a maior parte da população reside na zona rural.
Ao contrário dos anos anteriores, em que havia um certo receio de falar as línguas nacionais em locais públicos, nos dias actuais verifica-se jovens a dialogar, até mesmo nas redes sociais, o que desperta o interesse e a sua importância.
Rica em diversidade etnolinguística, o Cunene tem como principais línguas locais o oshikwanhama, nhaneka humbe, herero, ovambadja, ovavale, kafima himba, mundimbas, hanha, e os grupos minoritários como os vatuas e koinsans
Dia Internacional da Língua Materna
O Dia Internacional da Língua Materna é celebrado anualmente a 21 de Fevereiro e visa promover, preservar e proteger todas as línguas faladas pelos povos em todo o mundo.
De acordo com a UNESCO, estima-se que existam mais de 7.000 línguas em todo o globo. No entanto, metade destas corre o risco de vir a desaparecer.
Origem da data
O Dia Internacional da Língua Moderna foi proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999, sendo comemorado em todos os seus países membros, com o objectivo de promover a diversidade linguística e cultura, entre as diferentes nações.
Na data, um grupo de estudantes organizou uma campanha para incluir o bengalês como uma das línguas oficiais do Paquistão, em 21 de Fevereiro de 1952. No entanto, acabaram sendo todos assassinados por forças policiais.
Este movimento em prol da inclusão do bengalês começou quando Muhammad Ali Jinnah, general paquistanês, declarou que o idioma Urdu passaria a valer como língua oficial tanto no Paquistão do Oeste, como no Leste (local que tinha como língua principal o bengali).
A escolha do dia 21 de Fevereiro para comemorar o Dia Internacional da Língua Materna serve para lembrar a população mundial da tragédia que ocorreu em Fevereiro de 1952, na cidade de Daca, no Bangladesh.FI/LHE/ART