Mbanza Kongo- A representante do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em Angola, Gherda Barreto, aconselhou, esta quinta-feira, em Mbanza Kongo, as cooperativas agrícolas locais a adoptarem uma visão estratégica de longo prazo na gestão das associações.
Para a diplomata, que interagia com representantes de 50 cooperativas que participam no terceiro ciclo de formação sobre cadeias de valor, no âmbito do programa Agro-Prodesi, uma dinâmica de gestão comunitária de recursos e capacidades proporcionaria melhores êxitos ao conjunto.
Defendeu que uma cooperativa agrícola deve preocupar-se em saber como e o que produzir, assim como procurar fazer o estudo do mercado para a comercialização dos produtos por si produzidos.
Nesta conformidade, disse que o desenvolvimento de uma cadeia de valor, onde se cruzam vários actores, desde a produção, processamento, transformação e comercialização, é o melhor método que deve ser seguido pelos empreendedores do ramo agrícola.
Considerou necessária a existência de agregadores comerciais nesta cadeia para ajudar os camponeses a escoarem melhor os seus produtos, para estes agentes jogarem o papel de grossista na aquisição da pequena produção dos camponeses, apoiando a agricultura por contrato.
Para a representante da FAO em Angola, o melhor incentivo que um produtor pode obter é vendendo os seus produtos a um preço justo, que compense os custos de produção, e que repercute em ganhos.
Quanto à formação dirigida aos produtores, tendo em vista a criação das cadeias de valor no país, no âmbito do Agro-Prodesi, Gherda Barreto disse ser intenção da FAO consolidar e expandir ainda mais a plataforma de formação do capital humano angolano.
Informou que o programa em curso, de formação em matéria de Cadeias de Valor, Investimentos e Processamento, ajudará os cooperativistas a passarem de uma produção primária para uma actividade de processamento.
A nível do país, disse, o programa Agro-Prodesi está avaliado em um milhão de dólares americanos e beneficia 600 agentes económicos, ao passo que no Zaire estão envolvidas 50 cooperativas agrícolas em cadeias de valor da mandioca, banana e laranjas.
Relativamente à formação iniciada segunda-feira em Mbanza Kongo, com encerramento previsto para hoje, explicou que as 50 associações de camponeses presentes estão a ser capacitadas para melhorarem as suas práticas agronómicas, saber fazer planos de negócios e estimativas de custos de produção.
Este exercício, disse, habilita também os intervenientes aos diversos mecanismos de financiamento das suas actividades disponíveis no país, para além de outros apoios concedidos pelo Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura na apresentação de planos de negócios e a entrega de alguns kits de produção.
Lembrou que este processo de formação, abrangente às 18 províncias do país, engloba a criação de escolas de campo, frisando que a sua presença na província tem por objectivo interagir com os agentes beneficiários, para além da constatação de alguns dos seus projectos agrícolas.
O Agro-Prodesi é uma iniciativa desenvolvida pelo Ministério da Economia e Planeamento (MEP) em parceria com a FAO, com o principal objectivo de promover a concertação económica com a participação da academia para o desenvolvimento do agronegócio e da inovação tecnológica nas cadeias de valor priorizadas.
A representante da FAO, que trabalha desde quarta-feira em Mbanza Kongo, manteve já um encontro com membros do Governo local, encabeçado pelo governador Pedro Makita Armando Júlia, devendo, no período da tarde de hoje, presidir ao acto de enceramento do terceiro ciclo de formação sobre cadeias de valor.