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Valorização do Kwanza depende da produção nacional - economista

     Economia              
  • Luanda • Segunda, 08 Janeiro de 2024 | 18h32

Luanda – A apreciação sustentável da moeda angolana, Kwanza, poderá ocorrer nos próximos quatro anos, em função do crescimento exponencial dos níveis de produção de bens mais consumidos no país, considerou esta segunda-feira, em Luanda, o economista Augusto Fernandes.

Em declarações à ANGOP, a propósito dos 47 anos da entrada em circulação do Kwanza (Kz), em substituição do escudo colonial, que se assinala esta segunda-feira (dia 8/1), o especialista em economia e gestão de negócios apontou o facto de Angola ser um país, maioritariamente importador como a principal causa da depreciação constante na moeda nacional.

Esse facto, continuou, pressiona o Kwanza e obriga o país recorrer às divisas, para a satisfação das necessidades do mercado interno, quadro que propicia a inflação, desvalorização e o fraco poder de compra das famílias.

Por isso, avançou, para que a moeda doméstica seja forte e corresponda com o poder de compra das famílias, é necessário que o país continue a aumentar a produção interna, com vista a responder a demanda de bens e serviços essenciais para a população.

Para Augusto Fernandes, a existência de uma moeda forte depende, essencialmente, do equilíbrio entre os bens e serviços nacionais e importados.

“Com o aumento da produção nacional, dentro dos próximos quatro anos, o valor do Kwanza vai inverter-se e começar a entrar numa rotina de apreciação até encontrar o seu ponto de equilíbrio, que deverá fixar-se entre 200 e 300 kwanzas por dólar”, perspectivou.

Para esse efeito, destacou, o país precisa ter de facto em atenção o velho adágio “a agricultura é a base e a indústria o factor decisivo”, olhando sempre para o processo progressivo da industrialização nacional.

Ainda a propósito do Dia do Kwanza, o professor universitário Vladimir Martins considera acertada a aposta de Angola na diversificação da economia, sobretudo desde 2018, período que se deu início ao fomento da produção nacional, com vista a reduzir a dependência no petróleo.

O docente lembrou também que as famílias angolanas estão a perder cada vez mais o poder de compra, em consequência da desvalorização histórica da moeda doméstica, com os preços dos produtos da cesta básica inflacionados.

“Há 47 anos depois da troca do escudo português pelo Kwanza, o poder de compra dos cidadãos tem vindo a sofrer constantes revés, devido aos vários choques internos e externos, fundamentalmente à crise económica e financeira global e os conflitos bélicos espalhados pelo mundo”, recordou.

Vladimir Martins apontou também a elevada dependência das exportações de petróleo, excessiva importação de matérias-primas e de bens alimentares essenciais como as principais causas para a desvalorização da moeda angolana.

Sobre o kwanza

O Kwanza como moeda para operações comerciais e cambiais vigora desde 1977, através da Lei nº 71-A/76 de 11 de Novembro (Lei da Moeda Nacional), que colocou em desuso o escudo colonial.

Actualmente, vigora a série de 2020 em notas e moeda metálicas, tendo como maior valor facial a nota de Kz 5 mil e a menor de cinco kwanzas (metálica).

Essa família da moeda nacional circula, oficialmente, no país, as notas faciais de 200, 500, 1000, 2000 e 5000 kwanzas, ilustrando as maravilhas naturais do país e o rosto do primeiro Presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto.

Na nota de 200 kwanzas figuram as Pedras Negras de Pungo a Ndongo (Malanje), na de 500 a Fenda da Tundavala (Huíla), 1000 o Morro Luvili do Planalto Central (Huambo), 2.000 a Serra da Leba (Namibe) e 5000 as ruínas da Catedral de São Salvador do Congo (Zaire).

As notas de plástico, devido à sua natureza não fibrosa e o seu revestimento com verniz transparente, são mais resistentes que as de papel, nomeadamente no manuseamento, sujidade, entre outros, resultando no prolongamento da sua vida útil.

Ao longo dos anos, entre as várias nuances, o Kwanza reajustado atingiu os cinco milhões, o maior valor facial desde o seu percurso histórico.

As primeiras cédulas foram emitidas em 1977 pelo Banco Nacional de Angola, iniciando-se a troca da moeda em todo o território nacional, em que 1 kwanza equivalia a 1 escudo angolano. Foram emitidas notas de valor facial de Kz 1000, 500, 100, 50 e 20, além de moedas metálicas no valor de Kz 10, 5, 2 e 1 (sendo 100 lwei igual a 1 kwanza).

Em 1981, 1984 e 1986 foram adoptadas pequenas alterações, através dos Decretos nº 7/81 de 28 de Janeiro e nº 27/86 de 13 de Dezembro, para garantir maior segurança da moeda e combater as falsificações que foram introduzidas no mercado. OPF/QCB





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