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USAID expande Projecto de Apoio à Mulher na Agricultura em Angola

     Economia              
  • Benguela • Quinta, 25 Abril de 2024 | 20h04
Administradora da Agência norte-americana para o Desenvolvimento Internacional, Samantha Power
Administradora da Agência norte-americana para o Desenvolvimento Internacional, Samantha Power
Carlos Benedito-ANGOP

Benguela – A Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) procedeu, esta quinta-feira, na província de Benguela, ao lançamento da fase de expansão do Projecto de Apoio à Mulher na Agricultura em Angola, que vai permitir atingir 20 mil beneficiárias.

Esse projecto visa capacitar mulheres agricultoras rurais para terem sucesso técnico e comercial, aumentando a produtividade e ligando-as a grandes compradores, além de remover barreiras económicas, sociais e culturais.

Até ao momento, o projecto abrangia seis províncias, nomeadamente Cuanza-Sul, Huíla, Cuanza-Norte, Luanda, Malanje e Namibe, com seis mil beneficiárias, sendo implementado pela ONG Ajuda de Povo para Povo (ADPP/Angola).

Nesta nova fase, orçada em cinco milhões de dólares, serão beneficiadas senhoras agricultoras das províncias de Benguela, Huambo e Bié, localizadas ao longo do Corredor do Lobito, para além do Cuando Cubango.

Com esta iniciativa, a USAID e parceiros ( ExxonMobile, Azule Energy e Grupo Simples) pretendem garantir que os investimentos no Corredor do Lobito apoiem o principal objectivo de desenvolvimento de Angola, ou seja, a diversificação económica, atraindo investimentos privados para região.

O Projecto de Apoio à Mulher Agricultora é uma parceria público-privada que capacita comunidades rurais para aumentar os seus meios de subsistência e segurança alimentar, tornando assim as beneficiárias em líderes do sector.

Segundo a administradora da USAID, Samantha Power, apesar de ter em abundância terras férteis e recursos hídricos em abundância, Angola importa mais de metade das suas necessidades alimentares, com um custo anual de cerca de três mil milhões de dólares, situação que urge inverter.

A responsável congratulou-se com os esforços do Governo angolano para inversão desse quadro, apostando no aumento da produção interna e diminuindo, gradualmente, as importações.

Considerou que, hoje, Angola está num novo caminho, com a reabilitação do Caminho de Ferro do Lobito e sua ligação para Zambia, até a Tanzânia, o que vai resultar na primeira linha férrea transafricana e que tem um potencial para inverter esse contexto.

Na sua óptica, essa iniciativa é muito mais do que linhas férreas, pois, vai permitir ligar agricultores com mercados onde podem comercializar os seus produtos, bem como expandir o acesso a insumos como fertilizantes, sementes melhoradas e equipamentos para o sector agrário.

Na mesma senda, disse que vai ajudar também na redução dos custos desses insumos e no aumento do lucro dos agricultores.

Para Samantha Power, os agricultores vão poder vender os seus produtos a um bom preço e Angola vai poder levar a produção dessas comunidades para outras partes do globo.

No entanto, defendeu, para se conseguir esses objectivos, os agricultores precisam de formação em técnicas para o aumento da produtividade, de recursos financeiros e acesso a capital, de modo a conseguirem comprar sementes, equipamentos e fertilizantes.

Mas isso não basta, disse, eles precisam também de acesso a documentos, como o Bilhete de Identidade, de competências básicas como a literacia financeira, bem como ligação aos compradores.

“Por isso, o Governo angolano tem investido centenas de milhões de dólares para ajudar a agricultura familiar, destacando-se a criação do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura, que vai expandir o acesso ao crédito agrícola em seis por cento nos próximos três anos”, referiu.

Destacou também a aposta do Grupo Carrinho, parceiro da USAID, que vai trabalhar, nos próximos anos, com 150 mil agricultores, conectando-os a 17 fábricas que irão comprar os produtos aquando da sua colheita.

A administradora da USAID fez ainda referência à assinatura de um acordo de parceria com a Africel, avaliado em 4.8 milhões de dólares, de modo a incrementar, nos próximos dois anos, a digitalização das transações financeiras.

Samantha Power disse que a USAID tem criado parcerias com ONGs locais para o lançamento de um Instituto Técnico Agrário, para formação de agricultores, sobretudo mulheres, visando o aumento de competências e técnicas, resultando no aumento da produção.

Grupo Carrinho reafirma aposta em produtos nacionais

O Presidente do Conselho de Administração do Grupo Carrinho, Nélson Carrinho, reafirmou que o mesmo vai continuar a apostar na compra da produção de agricultores angolanos.

Congratula-se com a iniciativa “transformacial” da USAID, porque, pela primeira vez, vê em Angola uma entidade não governamental com uma visão diferente, que vai muito além da agricultura de subsistência, e prima pela criação de mercado.

“Trabalhar no campo, com 150 mil produtores, dos quais 45 por cento são mulheres, tem sido uma experiência muito enriquecedora. Poder conviver com essas famílias nos permite aprender mais do que ensinar e por isso a mudança está nas mãos deles”, disse.

Reafirmou o compromisso do Grupo Carrinho com a visão 2030, em que projectam agregar dois milhões de produtores angolanos e serem 100 por cento autossuficientes em toda carreira industrial, alimentada exclusivamente por angolanos. CRB





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