Luanda - Os dois maiores operadores de telefonia móvel do mercado angolano - Unitel e Africell, discordam sobre a continuidade ou não da rede 2G e 3G, isto é, a primeira defende a extinção e a outra o contrário.
A divergência entre as duas empresas de telefonia móvel ficou patente hoje na "5ª Conferência de Transformação digital”, quando se discutia sobre “Telecomunicações, digitalização e inclusão financeira”.
No fórum, que contou com a participação de vários actores dos sectores de telecomunicações e da banca angolana, o director-geral da Unitel, Miguel Geraldes, defendeu que, para que o processo de digitalização seja rápido, se elimine a rede 2G e 3G, que permite o uso de telefone analógicos, para 4G.
À margem do evento, o gestor disse à ANGOP que sugeriu a eliminação da rede 2G e 3G visando a migração para o digital, a fim de que as pessoas possam ter e usar em seus smartphones aplicações como “Multicaixa Express”, que permite pagamentos, whatsapp, facebook e outras.
Para que isso seja possível de forma eficiente, justificou o empresário, as pessoas têm que ter acesso a um smarthphone, e, por isso, disse, é fundamental que não se permita a venda de telefones 2G e 3G.
Na sua óptica, se se continuar a vender telefones 2G, a preço barato, até porque as produções são já muito antigas, as pessoas não farão esforços para adquirir um smartphones.
Quanto a custos de aquisição de um aparelho 4G, uma questão também muito debatida, Miguel Geraldes disse que o Governo e os operadores podem encontrar formas para que os preços sejam acessíveis aos utilizadores.
Para isso, explicou, é necessário reduzir os impostos na aquisição de telefones, como é o caso do IVA, já que Angola importa telefones e isso o torna caro.
Referiu que o Governo angolano está alinhado a esta estratégia de migração para o digital, resta apenas uma concertação com os operadores
“Abandonar a rede 2G é fazer com que o processo de digitalização seja acelerado”, sublinhou o entrevistado.
Por sua vez, Gonçalo Farias, membro da direcção da Africell, defendeu que a questão da digitalização não tem a ver com preço dos telefones - baratos ou caros, nem com a mudança de 2G para 4G, tal como advoga a Unitel, assim como não é factor que leva as pessoas a mudarem de uma operadora para outra.
Para si, a barreira para a digitalização tem, fundamentalmente, a ver com a forma como a legislação do país é feita, a sua compatibilidade com a geração de códigos para que se possa aceder à automação e à utilização de forma mais simples.
Por outro lado, disse, tem a ver também, num nível mais elementar, com a possibilidade de todos os angolanos terem um documento de identificação, isto é, um processo paralelo gerido pelo Estado que lhes permita aceder a esses tipos de serviços – o que considerou desmaterialização dos serviços.
“ Isso parece ser os dois factores mais importantes para que consigamos dar impulso na digitalização e conseguirmos, através disso proporcionar oportunidades de elevação social ao nosso mercado”, concluiu o interlocutor â margem da conferência.
A "5ª Conferência de Transformação digital”, sob o tema “Telecomunicações, digitalização e inclusão financeira”, contou com a participação de vários actores do sector de telecomunicações e da banca angolana.
A Unitel lidera o mercado de telefonia móvel com perto de 11 milhões de clientes, enquanto a Africell tem aproxidamente cinco milhões, seguida da Movicel com 1,5 milhões.