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Subida do preço de petróleo encurta pagamento da dívida  

     Economia              
  • Luanda • Segunda, 14 Março de 2022 | 10h30
Refinaria do Soyo vai custar USD 3,5 mil milhões
Refinaria do Soyo vai custar USD 3,5 mil milhões
Francisco Miúdo

Luanda – O aumento do preço do petróleo, que se tem registado nas últimas semanas, no mercado internacional, poderá confortar Angola e encurtar o período de pagamento da dívida do país aos credores, perspectivou, sexta-feira última, em Luanda, a engenheira de minas e perfuração, Joana Francisco.

Em declarações à ANGOP, à margem do workshop “A visão da mulher sobre o sector petrolífero – Petro talks”, a especialista angolana sustentou que a aceleração da liquidação da dívida do país só será possível caso se mantiver a tendência da subida e estabilidade do preço do principal produto de exportação em Angola.

Acrescentou que o aumento do valor do petróleo é positivo, por elevar os níveis de arrecadação de receitas, que servirão para acelerar o pagamento da dívida do país.

A interlocutora anteviu que o impacto e reflexo directos do aumento do valor do crude no “bolso dos cidadãos” não será imediato, mas dependerá, essencialmente, da estabilidade do preço do petróleo no mercado externo.

“A constante volatilidade ou oscilação do preço do Brent dificulta fazer previsões. Portanto, ainda é prematuro prever o período em que o valor do petróleo passará a se reflectir no bolso de cada cidadão, devido à imprevisibilidade do mercado petrolífero”, aclarou.

Na ocasião, a fonte apontou o conflito político-militar entre a Rússia e Ucrânia, que tem provocado o pânico e medo aos agentes económicos, assim como as especulações, como as principais razões da subida do preço no mercado internacional.

No dia 7 deste mês, o Brent, que serve de referência para as exportações das ramas angolanas, atingiu o preço de 130,89 dólares/barril, registando a maior subida desde 22 de Julho de 2008 (14 anos depois).

Nesta sexta-feira (11), o preço de cada barril, para entrega em Maio, oscilou entre USD 111 a 112.

Com base nesse preço, Angola regista um excedente de cerca de 53 dólares por barril, comparativamente ao que foi projectado no Orçamento Geral do Estado para 2022 (OGE/2022), que prevê o preço de USD 59/barril. Contudo, a maior parte desse excedente pertence as empresas petrolíferas que operam no país.

Segundo o especialista angolano em Petróleo e Gás, Patrício Quingongo, o Estado angolano beneficia apenas das receitas que resultam da comercialização dos barris de petróleo de que tem direito e mais os impostos que as operadoras pagam por via da exportação deste produto.

Em entrevista à ANGOP, recentemente, o engenheiro em petróleo avançou, por exemplo, que, em 2021, da receita petrolífera bruta de USD 27,28 mil milhões, resultante da exportação de 394,22 milhões de barris de petróleo, o Estado só ficou com um terço desta, cerca de USD 10,3 mil milhões, tendo o restante sido exportado pelas operadoras.

Declínio na produção coloca Angola em terceiro no Ranking Africano 

Apesar de ter atingido o pico de produção de petróleo, em 2008, de quase dois milhões de barris/dia, Angola tem registado constantes quedas na sua produção de crude, que já se prolonga por mais de cinco anos, em consequência da maturação dos seus campos petrolíferos, baixo desenvolvimento de campos marginais, paragens não programadas, avarias nos equipamentos e principalmente pela falta de investimento na exploração.

"Não somos os maiores produtores de petróleo hoje, em África, porque ficamos dez anos sem apostar na exploração. Angola não encontrou novas reservas de petróleo e continua a não o encontrar", observou Patrício Quingongo, defendendo, por isso, o uso das receitas para o reinvestimento no sector.

Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) desde 2007, Angola caiu, em 2021, para a terceira posição no Ranking dos maiores produtores de petróleo em África, ficando atrás da Nigéria e da Líbia. Dados mostram que Angola já registou um volume de produção superior ao da Nigéria no 2º trimestre de 2008.

Em 2021, o país produziu em média 1,124 milhões de barris por dia, registando cerca de 12% abaixo de 2020, que contou com a produção de quase 1,272 barris/dia.

A Nigéria é o maior produtor de petróleo em África e conserva essa posição há décadas, tendo atingido o seu pico de produção em 2005, num volume total de petróleo produzido de 2,475 milhões de barris/dia.

No entanto, o maior produtor africano viu a sua produção cair de 1,493 milhões, em 2020, para 1,312 milhões de barris por dia, em 2021, devido às práticas de vandalismo que tem sofrido nas suas  infra-estruturas petrolíferas e os constantes ataques terroristas nas regiões produtoras de petróleo.

Em segundo lugar vem a Líbia, cuja produção continua a ser igualmente prejudicada pelos constantes conflitos políticos, que têm resultado em bloqueio dos campos petrolíferos e encerramento de vários oleodutos.

Para reflectir em torno dessas questões, a PetroAngola, empresa de consultoria angolana especializada em petróleo e gás, promoveu o referido workshop “A visão da mulher sobre o sector petrolífero – Petro talks”, juntando cinco mulheres especialistas que interagiram e partilharam experiências profissionais ligadas ao sector.

Enquadrado no “Março Mulher”, o workshop também serviu para destacar o desempenho das mulheres que labutam nesse segmento de actividade económica, assim como incentivar as futuras profissionais a serem persistentes e firmes nos seus desafios.

Fizeram parte do painel do debate a gestora de conteúdo local, Zenaida Martins, a engenheira mecânica de petróleo, Marinela Chipepe, a gestora financeira de projectos, Jacira Lidador, a chefe de Serviço de Ambiente e Operações da Total Energies Angola, Djenane Hatewa, assim como a engenheira de minas e perfuração, Joana Francisco.

Durante evento, que contou com a moderação do também administrador executivo (CEO) da PetroAngola, Patrício Quingongo, as especialistas defenderam a abertura de mais oportunidades para as mulheres nos sectores decisivos do país, tendo em conta as capacidades intelectuais desta franja da sociedade.





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