Matala - A Sociedade de Desenvolvimento da Matala (SODEMAT-S.A), que gere o perímetro irrigado do município, precisa de 601 milhões de kwanzas/ano, para manter funcionais as infra-estruturas de apoio, hoje em estado de degradação acentuada.
Desse valor, 450 milhões de kz seriam para a estação de bombagem do alcácer, 75 milhões para o canal condutor geral, 49 milhões para a câmara de conservação da batata e 27 milhões para o laboratório de análise de solos.
Actualmente tem registado 620 agricultores que pertencem a sete cooperativas existentes no perímetro irrigado, com uma produção que varia de 18 mil a 25 mil toneladas de produtos diversos/ano.
A informação foi avançada à ANGOP hoje, quinta-feira, nesta cidade pelo presidente do conselho de administração da SODEMAT-S.A, Aznam e Silva, referindo que o perímetro encontra-se em estado de degradação acentuada, por falta de uma intervenção de recuperação mais profunda.
Declarou que dispóem apenas de valores obtidos a partir do uso das câmaras de conservação da batata, na ordem de 15 milhões de kwanzas/ano, resultado da pagamento trimestral ou semestral dos agricultores associados.
Quanto às contribuições de uso da terra e água, referiu estar-se ainda num processo de negociação com os utentes de terra no perímetro para que seja feito o pagamento regular das taxas.
Disse que a gestão da sociedade atravessa um período conturbado, dificuldades variadas e continuarão a existir até se ter uma definição clara do destino da empresa e a perspectiva é que se crie um modelo de gestão adequado ao novo contexto do país.
“Falar de modelo ideal é um complicado, primeiro teremos que ter todas as infra-estruturas funcionais, disponibilidade de técnicos motivados e meios materiais e financeiros, comparticipação dos agricultores com as suas responsabilidades”, manifestou.
Nesse quesito, apontou, também, a necessidade de rubricar-se protocolos com as grandes superfícies comerciais e indústrias para escoar e transformar a produção feita no perímetro, para tornar a gestão mais independente e viável.
Aznam e Silva referiu existirem perto de mil e 200 hectares subaproveitados no perímetro e já têm alguns investidores, no entanto, o seu aproveitamento está dependente de questões pontuais a serem acauteladas antes para a ocupação de tais áreas ocorrer da melhor forma possível.
Frisou que tais questões passam pela sensibilização e negociação da administração local com as famílias residentes ao longo destas áreas, que ocupam parte dos terrenos do perímetro para suas lavras e currais para que possam sair do local.
SODEMAT com 430 milhões de kwanzas em dívida de funcionários
O gestor afirmou que das grandes preocupações consta a falta de pagamento dos salários em atraso, de 80 meses, desde 2015 até o momento, a 98 funcionários, situação que fez com que perdessem técnicos.
Actualmente contam com 28 funcionários, por desistência foram embora 10, por morte seis e 54 que foram dispensados para não aumentar a dívida com o pessoal, segundo Aznam e Silva.
Tal situação, de acordo com a fonte, compromete a produtividade do funcionário e da instituição, tendo como solução, a busca do trabalhador de outras oportunidades que satisfaçam as suas necessidades.
Salientou ainda que entre as dificuldades a falta de um fundo de maneio para poder desempenhar as actividades da empresa, de técnicos para garantirem a assistência aos produtores, de meios para a mobilidade dos técnicos e de prestadores técnicos de serviços.
A dificuldade em ter fornecedoras de insumos agrícolas, prestadores de serviços de mecanização agrícola, agregadores de campo para ajudar a escoar os produtos, são outras preocupações da sociedade, que só poderão ser ultrapassadas com a potencialização das referidas insuficiências.
Por dentro
A Sociedade de Desenvolvimento da Matala (SODEMAT-S.A) localizada na comuna de Capelongo, município da Matala, na margem direita do rio Cunene, a 200 quilómetros da cidade do Lubango, foi criada em Fevereiro de 2006 e gere um perímetro com mais de dez mil hectares.
O seu objecto social é gerir e administrar as infra-estruturas, os recursos de água e solos, bem como a implantação de pólos agro-industriais e agro-pecuários no perímetro irrigado da Matala, que é o maior do país e possui condições edafo-climáticas capazes de proporcionar o desenvolvimento de várias culturas.
O perímetro possui uma área bruta de dez mil e 732 hectares, dos quais 6.831 destinados para exploração agrícola e 3.901 para exploração pecuária. Actualmente explora-se apenas 2.300 hectares dos 6.831 para a agricultura.
O canal condutor geral com derivação a partir da albufeira da barragem hidroeléctrica da Matala constitui a principal fonte de fornecimento de água para rega com vazão de 5,4 metros cúbicos por segundo e 42,6 quilómetros de cumprimento.
Actualmente utiliza-se metade da capacidade hídrica disponível no canal para não existir desperdício e contam, igualmente, como fonte alternativa, à margem direita do rio Cunene que ladeia o perímetro irrigado.