Luanda – A economia angolana perde, anualmente, mais de 14 mil milhões de dólares (1 USD vale 904 kwanzas) na importação de mão-de-obra estrangeira, equipamentos e serviços especializados utilizados na indústria petrolífera do país, afirmou, esta quinta-feira, em Luanda, o director-geral da Petroangola, Patrício Quingongo.
Em declarações à imprensa, à margem da 4ª Conferência Anual sobre Conteúdo Local, o também especialista em Gestão Internacional de Petróleo e Gás acrescentou que a maior parte dessa despesa tem sido utilizada para o pagamento de salário dos técnicos estrangeiros, importação de peças sobressalentes, entre outros materiais e serviços do sector petrolífero.
Justificou que o referido valor sai de Angola para alimentar as economias de outros países, essencialmente, por escassez de mão-de-obra especializada local e falta de capacitação técnica dos quadros angolanos na prestação de serviços da indústria petrolífera.
“Infelizmente, a indústria petrolífera angolana ainda continua a ser dominada por empresas e cidadãos estrangeiros, desde os serviços mínimos até aos máximos, porque o país quase que não possui centros de formação especializados para capacitação de técnicos nacionais neste ramo”, lamentou.
Perante o actual quadro, Patrício Quingongo defende a necessidade da Angola investir “fortemente capacitação técnica do capital humano nacional”, para que se obtenham os benefícios do conteúdo local, no curto espaço de tempo.
Reforçou que o país deve garantir que os angolanos sejam o centro e a maior força na indústria petrolífera nacional, que ainda conta com cerca de 98% de especialistas estrangeiros.
Para o efeito, continuou, é fundamental que se faça uma aposta forte na formação técnica profissional, com a criação de centros de capacitação e universidades com a qualidade desejada e vocacionada somente à indústria de petróleo e gás.
De acordo com o especialista, uma vez materializado esse desafio, Angola, que já conta com uma experiência no ramo de mais de 50 anos, poderá exportar conhecimento para os países vizinhos que operam neste segmento, em particular.
Por seu turno, o vice-presidente da Associação das Empresas Contratadas da Indústria Petrolífera de Angola (AECIPA), Luís de Carvalho, advogou a necessidade de existir um esforço conjunto entre os operadores e o Governo, para estabilizar as empresas nacionais e garantir a competitividade com as companhias estrangeiras.
A Conferência Anual sobre Conteúdo Local, promovida pela Petroangola, é um evento técnico-regulatório da indústria de petróleo e gás que promove debates de alto nível em torno das políticas, desenvolvimento e o futuro dos profissionais nacionais.
A Petroangola é uma empresa de consultoria angolana especializada em petróleo e gás. É a detentora do primeiro website africano especializado em petróleo, gás e energias renováveis. OPF/QCB