Luanda – O Governo angolano perspectiva um investimento de cerca de 11,7 mil milhões de dólares norte-americanos (UDS 1 vale 827 kwanzas) para novos projectos e o Programa de Investimento Público (PIP) virados ao sector eléctrico nacional, até 2027.
Segundo o representante do Ministério da Energia e Águas (MINEA), João Pataca Fernandes, o valor do respectivo investimento será repartido em 41% para novos projectos e 59% para projectos do PIP/2023.
Ao apresentar o tema “Visão, metas e estratégias do Governo para energias renováveis e electrificação rural”, durante a conferência sobre Energias Renováveis em Angola, promovida pelo Standard Bank, na terça-feira, em Luanda, o engenheiro senior do MINEA sublinhou que o investimento servirá, igualmente, para fazer face aos desafios da actual realidade e projectar o crescimento do sector.
De acordo com João Fernandes, cerca de 52% do investimento previsto vai para a expansão do acesso à energia eléctrica, através da Rede “On-Grid” e Fora de Rede “Off-Grid”, sendo a outra percentagem para os eixos de aumento da eficiência e sustentabilidade financeira, bem como aposta nas energias renováveis e participação privada no sector.
O investimento que se enquadra no plano de acção do sector da Energia, para o período 2023/2027, também tem como grandes prioridades a continuidade das obras de construção da barragem de Caculo-Cabaça e a conclusão do projecto Laúca, sendo este último já em funcionamento.
O especialista em energias renováveis disse que, durante o presente ano, o país terá, novamente, em produção as centrais da Matala, agora com 40,8 megawatt (MW), e do Luachimo, com 34 MW, após um longo período de indisponibilidade.
Ainda para este ano, apontou também a entrada em funcionamento da central hídrica do Cunje, na vila de Camacupa - Bié, com uma capacidade estimada em 1 MW, assim como da central hidroeléctrica de dimensão mais reduzida em todo o parque electroprodutor nacional.
Adiantou ainda que se prevê o arranque do projecto de construção dos parques solares fotovoltaicos do Luena, Saurimo, Bailundo, Lucapa e Cuito, cuja conclusão está projectada para o próximo ano, contribuindo para o aumento da capacidade instalada de geração solar fotovoltaica de 285,5 MW para 370 MW.
A par desses empreendimentos, João Fernandes afirmou também que estão previstos a conclusão do projecto privado de Caraculo, província do Namibe, com 50 MW, e Quilemba, província da Huíla, com 80 MW.
Recordou que, em fase de concepção, encontram-se os projectos fotovoltaicos de Laúca - Malanje, 400 MW, de Catete (Luanda), com 100 MW, e Cabinda (90 MW) e 25 MWh de armazenamento.
Destacou, igualmente, o projecto de electrificação do Sul de Angola, que compreende as províncias do Cuando Cubango, Namibe, Cunene e Huíla, prevendo beneficiar mais de cinco milhões de habitantes, em 72 localidades desta região.
Adicionalmente, destacou a aprovação recente o projecto de electrificação das províncias do Leste do país, nomeadamente Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, bem como Bié e Malanje, que proporcionarão o acesso à electricidade a mais de 900 mil pessoas, em 60 localidades.
Com a conclusão dos referidos projectos, até 2027, o MINEA prevê a diversificação do mix energético, de forma a incorporar pelo menos 72% de energias renováveis, estimando-se uma capacidade instalada de 9.644,09 MW, dos quais 1.162,26 MW de fonte solar, facto que impulsiona a transição para uma energia limpa e acessível a todos os cidadãos.
Com isso, o engenheiro senior do MINEA considera as energias renováveis como um importante pilar para o desenvolvimento da estratégia do sector eléctrico, pois contribuem para a sustentabilidade e robustez desta área, permitindo a colmatar a dependência do consumo de combustível, por exemplo.
Consumo de gasóleo reduz para 36%
Em 2015, a capacidade de geração eléctrica rondava os 2.356,4 MW, dos quais 39% eram gerados por hidroeléctricas e 61% por geradores térmicos à diesel/gasóleo.
Volvidos 8 anos, actualmente, a capacidade de geração é de 6,320.43 MW, passando dos 39% para cerca de 60% a geração hídrica, enquanto a geração térmica declinou de 61%, em 2015, para cerca de 36%, em 2023.
Nesse período, ainda foram introduzidos cerca de 4% de geração solar fotovoltaica, com a entrada em operação das centrais do Biópio e Baía Farta (Benguela), com 188,8 MW e 96,7 MW, respectivamente, correspondendo a um total de 285,5 MW de capacidade instalada.
Contudo, esse desenvolvimento permitiu o decréscimo de consumo anual do gasóleo nas centrais eléctricas de 1,36 mil milhões de litros, em 2015, para 568 milhões de litros consumidos em 2022, um decréscimo de quase 60%, em 8 anos, segundo a fonte do Ministério da Energia e Águas. QCB/AC