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Retrospectiva2022: Minas do Chissema e Tchinguvo abrem novas perspectivas

     Economia              
  • Lunda Norte • Quarta, 28 Dezembro de 2022 | 15h51
Diamantes produzidos em Angola
Diamantes produzidos em Angola
Pedro Parente

Dundo – A inauguração das minas do Tchivungo e Chissema, dois factos marcantes na província da Lunda Norte, este ano, no domínio económico, abriram novas perspectivas de produção de diamantes.

Angola perspectiva produzir, este ano, 10 milhões 55 mil quilates de diamantes e arrecadar mil milhão 417 milhões 755 mil dólares.

Essa previsão, fruto da entrada em funcionamento de vários projectos no subsector, onde constam as minas do Chissema e Tchinguvo, supera os 8,7 milhões de quilates produzidos em 2021.

Inaugurada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, a mina do Tchivungo, localizada no município do Chitato, tem uma concessão de 2.340 quilómetros quadrados e produz actualmente três mil quilates de diamantes/mês e gerou 399 empregos directos.

Foram investidos, na mina, 65 milhões de dólares norte-americanos e nos próximos dois anos, prevê-se um investimento na ordem dos USD 15 milhões em equipamentos e recursos humanos, visando o aumento de produção em cerca de 10 mil quilates/mês.

O início da exploração de quatro blocos, previsto para 2023, permitirá a criação de mais de 200 empregos directo na Sociedade Mineira do Tchinguvo que detém as participações financeiras da ENZA e da Endiama EP.

Já a mina do Chissema, localizada no município do Cuango, também inaugurada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, tem uma produção mensal de 15 mil quilates de diamantes.

A produzir desde 2016, a mina que passou de projecto semi-industrial para industrial, este ano, tem uma concessão de 1.019 quilómetros quadrados, garantiu 1.110 empregos directos e indirectos.

Foram investidos 23 milhões, 127 mil e 145 dólares norte-americanos. Actualmente, a mina funciona com duas lavarias que permitem uma produção de 170 toneladas de minério/dia e a remoção mensal de um milhão e 200 metros cúbicos de minério.

A sociedade resulta de uma parceria entre a Endiama e duas empresas nacionais, sendo que o investidor principal é um jovem empresário local.

Mina do Lulo voltou a brilhar  

A mina do Lulo, localizada no município de Capenda Camulemba, voltou a extrair diamantes com mais de 100 quilates. Este ano, a mina extraiu quatro diamantes com 131, 160, 170, este último foi cor-de-rosa.

A mina do Lulo tem revelado, desde o início da sua exploração em 2010, um elevado potencial de “qualidade e quantidade”, tendo conseguido logo no primeiro ano de exploração o valor mais elevado, por quilate, no mundo inteiro, na ordem dos 2.985 dólares (3.005 euros).

O Lulo é igualmente a mina onde foi extraído o maior diamante até agora encontrado em Angola, com 404,2 quilates, vendido em maio de 2016 por 16 milhões de dólares e que veio a render USD 34 milhões de dólares, depois de lapidado e transformado em joia.

O consórcio é constituído  pelas empresas angolanas Endiama E.P (32%) e Rosas & Pétalas (28%), bem como pela australiana Lucapa  Diamond (40%).

Nomeação da primeira mulher ao cargo de governadora

A nomeação de Deolinda Satula Vilarinho, para o cargo de governadora, se tornando na primeira mulher a assumir tal função, desde a fundação da província, em 1978, foi também, um dos destaques no domínio politico.

Deolinda Satula, é igualmente a primeira mulher a liderar o partido MPLA na Lunda Norte, cargo assumido em Setembro deste ano.

Novos investimentos no ensino superior e na Saúde

No domínio do ensino, destaque para o lançamento da primeira pedra para o início das obras do futuro campus universitário, com 74 salas de aula, a ser erguida numa área de 19 mil metros quadrados, no distrito urbano do Mussungue.

Orçado em 50 milhões de dólares norte-americanos, o campus comportará um edifício da reitoria, duas salas para julgamentos simulados, residências para estudantes e docentes, bibliotecas, auditório, áreas administrativas e de lazer, entre outros compartimentos inerentes à actividade académica.

O projecto financiado pela Endiama EP., será construído em 24 meses e vai albergar anualmente mais de três mil alunos nos cursos de Direito e Economia, numa primeira fase, da Universidade Lueji A'nkonde.

O ano na província da Lunda Norte, também ficou marcado com o lançamento da primeira pedra para o inicio das obras do futuro Hospital Geral do Dundo, com serviços especiais, com realce para a hemodiálise, mamografia e cardiologia,

O projecto, a ser construído dentro de 30 meses, custará 50 milhões, 575 mil, 970 Euros, no quadro de uma linha de financiamento do BPIFrance e terá um total de 241 camas, cinco enfermarias com 32 leitos cada, unidades de cuidados intensivos, pediátricos e área de diagnóstico centralizado.

Terá igualmente uma tomografia computadorizada, dois Raios X para serviços de fluoroscopia e mamografia, ultrassonografia e um hospital/dia com serviços ambulatórios, um bloco central com quatro salas, um centro obstétrico, duas salas de endoscopia, uma de hemodiálise com duas posições, sendo uma de isolamento.

O projecto contempla ainda, salas de reabilitação e fisioterapia, cardiologia, ginecologia, uma unidade de cuidados intensivos neonatal, uma maternidade, laboratórios, um edifício técnico, morgue, salas para médicos, enfermeiros, um espaço públicos para atender familiares dos pacientes internados., entre outros compartimentos.

Produção de energia limpa

Um parque solar (central fotovoltaica) vai produzir a partir do primeiro semestre de 2023, 7.5 megawatts de energia limpa no município de Lucapa.

A central está a ser instalada numa área de três hectares e está avaliada em 19.706.428 euros, 80 por cento dos quais financiados pela Suécia e 20% pela África do Sul. Até agora já foram colocados 10.600 dos 12.090 painéis solares previstos, faltando a parte das ligações eléctricas, testes dos equipamentos, construção da sala de comando e edifícios de apoio.

Ainda no sector energético, o ano ficou marcado com a conclusão da instalação de duas das quatro turbinas da barragem hidroeléctrica do Luachimo, que deverá gerar, na primeira fase, 16.4 megawatts do produto.

Avaliadas em mais de 212 milhões de dólares, por via de uma linha de crédito da China, as obras  de reabilitação e ampliação da barragem, em curso desde 2016,   vão elevar de 8,4 para 34 megawatts (MW) a capacidade energética, superior a necessidade local, ou seja, deverá restar cerca de 50 por cento da energia produzida como reserva.

A entrada em funcionamento desse projecto energético, vai permitir a expansão de energia em benefício de 186 mil residentes na cidade do Dundo e nos municípios de Cambulo e Lucapa, incluindo as localidades de Fucauma, Cassanguidi, Luxilo e Calonda.

Para além das ligações domiciliares, que na primeira fase vão beneficiar mais de nove mil famílias, o projecto prevê cerca de 30 ligações industriais.

Repatriamento de refugiados 

Dois anos depois, o repatriamento voluntário e organizados dos refugiados assentados no campo do Lóvua, desde 2017, retomou este ano, o que permitiu até ao momento, o regresso voluntário e organizado de 820 refugiados, um total de 200 famílias, através das fronteiras do Chissanda, Tchicolondo e Kamango.

Em Maio de 2017 um grupo inicial de 35 mil cidadãos da RDC chegou à província da Lunda Norte, fugindo de actos de violência na zona do Kassai, uma crise que levou à declaração de uma situação de emergência.

Em 2019, devido à melhoria da situação na RDC, mais de 17 mil destes refugiados regressaram ao país de origem de forma espontânea, com meios próprios.

Nesse mesmo ano, depois de um acordo entre os governos de Angola, da RDC e o ACNUR, foi organizado um retorno voluntário, que levou ao regresso de 2.912 refugiados, de forma organizada.

Desde 2019, o ACNUR, os governos de Angola e da RDC, realizaram um repatriamento voluntário, onde cerca de 3.732 refugiados regressaram ao país de origem.

No entanto, em Fevereiro de 2020, a operação acabou por ser interrompida, primeiro devido às más condições das estradas e da ponte sobre o rio Kasai e, mais tarde, devido à COVID-19 que levou ao encerramento das fronteiras entre os dois países.

Festival resgata danças tradicionais do leste

A primeira edição do “Festival de música e dança folclórica”, foi um ponto de partida para o resgate das danças tradicionais, em risco de extinção, que para o povo Tchokwe são veículos culturais criados para trazer equilíbrio, cura, felicidade e alegria à comunidade, ao mesmo tempo que os liga aos poderes sobrenaturais.

Foi o maior evento cultural do ano e o primeiro naquela dimensão, na região leste, reunindo 108 artistas da nova e velha geração das três províncias do leste do país (Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico), que se exibiram ao ritmo dos instrumentos tradicionais (Ngoma e Tchinguvo) e danças como tchianda, Mitingui, txissela, kandowa, entre outras.

A Lunda Norte, com quase um milhão de habitantes, resulta da divisão da antiga província da Lunda, a 4 de Julho de 1978. Está localizada no nordeste do país e é constituída pelos municípios de Chitato (capital política e económica), Cambulo, Caungula, Cuilo, Cuango, Capenda Camulemba, Lucapa, Lubalo, Lóvua e Xá-Muteba.





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