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Reservas Internacionais fixam-se em 13,68 mil milhões de dólares

     Economia              
  • Luanda • Sexta, 14 Julho de 2023 | 19h37
Banco Nacional de Angola é a entidade reguladora das políticas monetárias do país (Foto ilustração)
Banco Nacional de Angola é a entidade reguladora das políticas monetárias do país (Foto ilustração)
Francisco Miúdo

Luanda – As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Angola fixaram-se em 13,68 mil milhões de dólares norte-americanos, no final do mês de Junho, o que representou uma redução de cerca de mil milhões de dólares, comparativamente ao mês de Maio.

Segundo o Governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, o valor das RIL registado em Junho último tinha um grau de cobertura de seis meses de importação de bens e serviços.

Em conferência de imprensa, que serviu para apresentar as principais decisões saídas da 112.ª reunião ordinária do Comité de Política Monetária (CPM), realizada nos dias 13 e 14 deste mês, em Luanda, o gestor do Banco Central afirmou ainda que, em termos absolutos, o saldo da conta de bens passou de 18,34 mil milhões de dólares para USD 8,6 mil milhões.

Na ocasião, referiu que, no sector externo, se assistiu a deterioração dos termos de troca, o que provocou para a redução do saldo da conta de bens no primeiro trimestre em 52,89%, reflexo da redução das receitas de exportação em 38,16%.

Decisões do CPM

Quanto às decisões saídas da 112.ª reunião ordinária do CPM, o Governador do BNA fez saber que este órgão decidiu manter inalterada a taxa básica de juro em 17 por cento, enquanto a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou de 17% para 17,5%.

Esse órgão, responsável pela formulação da política monetária e cambial do país, manteve, igualmente, a taxa facilidade permanente de absorção de liquidez em 13,5%.

De acordo com Manuel Tiago Dias, a decisão tomada sustenta-se no ressurgimento das pressões inflacionistas devido às alterações registadas no quadro macroeconómico, com destaque para a redução das receitas de exportação e a consequente depreciação da moeda nacional, o Kwanza.

Para além disso, acrescentou, tiveram também impacto sobre os preços as expectativas geradas em torno da redução dos subsídios ao preço da gasolina, bem como os constrangimentos resultantes da reorganização da venda ambulante.

Adicionalmente, o CPM decidiu flexibilizar o mecanismo da taxa de custódia sobre o excesso de liquidez dos bancos comerciais junto do BNA, cuja operacionalização será objecto da regulamentação específica.

No domínio financeiro, a base monetária em moeda nacional registou uma contracção, em termos mensais acumulados e homólogos, de 3,62%, 5,42% e 0,96%, respectivamente.

O agregado monetário M2, em moeda nacional, contraiu 2,36% em Junho, reduzindo a variação acumulada para 3,17% , desde o inicio do ano, e a homóloga  para 6,57%.

Inflação

A nível nacional, de acordo com as estatísticas das contas nacionais, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatistica (INE), o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um ligeiro crescimento de apenas 0,3%, no primeiro trimestre de 2023, uma percentagem infeiror ao do periodo homólogo, que se fixou em 2,6 por cento, cita a fonte.

Segundo o governador do BNA, o desempenho abaixo do esperado deveu-se, essencialmente, à redução da produção petrolifera em 8%, apesar de se ter registado um crescimento de 3,1% no sector não petrolifero.

Por outro lado, recordou que a inflação mensal fixou-se em 1,41% em Junho último, tendo observado as maiores variações nas classes de transportes, com 2,71%,  saúde (2,08%), vestuário e calçado (1,53%), assim como na classe de alimentação e bebidas não alcoólicas, com 1,46 por cento.

Em termos de contribuições, sublinhou que a classe de alimentação e bebidas não alcoólicas continua a ser a mais representativa, ao contribuir com 0,85 pontos percentuais, correspondente a 60% da inflação observada.

Como consequência disso, lembrou, a inflação homóloga situou-se em 11,25%, um acréscimo de 0,63% pontos percentuais, em relação ao período enterior.

Quanto às perspectivas, o CPM reviu em alta as previsões da taxa de inflação para o intervalo de 12 a 14% até ao final deste ano, justificada, essencialmente, pelo efeito da depreciação do Kwanza.

Apesar dessa revisão, o BNA mantém o objectivo de alcançar uma taxa de inflação de um dígito, no médio prazo.

A próxima reunião do Comité de Politica Monetária do BNA está programada para os dias 14 e 15 de Setembro de 2023, na cidade do Sumbe, capital da província do Cuanza Sul.

Mercado mundial

No contexto internacional, o Governador do BNA disse que se continua a observar a trajectória descendente das taxas de inflação nas principais economias, resultado do esforço conjugado da orientação restritiva da política monetária dos bancos centrais e da redução dos preços das commodities energéticas.

Apesar da desaceleração da inflação no mercado mundial, avançou que ainda persistem as pressões no curto prazo, facto que justifica a tendência do aumento das taxas de juro.

Afirmou que o actual curso da política monetária nas principais economias do mundo vem afectando adversamente a actividade económica, particularmente nos Estados Unidos de América e na Zona Euro, com destaque para a produção industrial, o que coloca em risco as projecções de crescimento económico mundial.

Nessa perspectiva, adiantou, nos mercados das commodities energéticas observou-se uma redução dos preços de petróleo, fruto da fraca procura.

Perante esse cenário, referiu que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiu estender os cortes de produção, adicionando a redução unilateral declarada pela Arábia Saudita até ao final do ano de 2024, com vista a assegurar a estabilização dos preços. QCB/BA



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