Luanda - As reformas económicas desencadeadas nos últimos anos pelo Governo angolano permitiram a poupança de 300 milhões de Dólares aos cofres do Estado e a redução das importações de bens alimentares, no primeiro semestre do corrente ano.
Nesse semestre, o país gastou 980 milhões de dólares nas importações de produtos alimentares, contra Usd 1,3 mil milhões em período homólogo de 2019, segundo o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior.
Na abertura do primeiro Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Indústria e Comércio, Manuel Nunes Júnior apontou o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI) como um dos que tem permitido a poupança de divisas ao país.
Com foco no aumento da produção nacional e na transformação da actual estrutura económica de Angola, ainda muito dependente do sector petrolífero, o ministro de Estado salientou que o PRODESI tem seguido a sua marcha normal, corrigindo alguns dos seus defeitos ao longo do percurso.
“As experiências das várias feiras da produção nacional que vimos assistindo nos últimos meses indicam também que o Programa Integrado de Desenvolvimento do Comércio Rural é uma aposta que deve continuar, pois a produção nacional já vai existindo em vários pontos do país”, destacou.
A par do PRODESI, indicou ainda o Programa de Apoio ao Crédito (PAC) e as medidas de estabilização do mercado cambial, em curso desde 2018, como factores que têm contribuido para a redução das importações e preservação das Reservas Internacionais Liquidas (RIL) do país.
Quanto ao PAC, o ministro de Estado frisou que foram já aprovados mais de 500 pedidos de financiamento, ao abrigo das iniciativas do Programa de Apoio ao Crédito (PAC) para o suporte das metas do PRODESI.
Nesse âmbito, destacou o financiamento de mais de 300 cooperativas nos ramos da agricultura, pecuária e pescas, cujo valor disponibilizado ultrapassa os 140 mil milhões de kwanzas.
Recordou que nos últimos três anos as Reservas Internacionais Liquidas caíram em apenas 6 mil milhões de dolares, contra os 14 mil milhões do período de 2015-2017.
Considerou a actual protecção das RIL como um avanço significativo que “não coloca em causa a reputação e a credibilidade externa do país”, sublinhando que a actual flexibilidade da variação da taxa de câmbio é a medida mais ajustada do mercado cambial angolano.
Manuel Nunes Júnior apelou aos agentes económicos da cadeia de distribuição e logística, assim como do sector industrial, no sentido de redireccionarem o seu foco para a produção nacional, para facilitar o escoamento dos produtos do campo para a cidade.
“A depreciação da moeda nacional torna as importações relativamente mais caras, induzindo os agentes económicos a apostarem na produção nacional, em vez de simplesmente importarem os produtos de maior consumo popular”, sublinhou.
O primeiro Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Indústria e Comércio, a decorrer de 17 a 18 deste mês, em Luanda, sob o lema “Os desafios da industrialização para o aumento da produção nacional e desenvolvimento do comércio rural”, conta com a participação de vários agentes económicos.
Vai debater, entre outros temas, “O papel das micro, pequenas e médias empresas industriais no apoio ao desenvolvimento do comércio rural”, “A produção industrial e o agronegócio – oportunidades e desafios”.
“Os desafios da indústria nacional face a inserção de Angola na Zona de Comércio Livre Continental Africana” e “O papel dos Pólos de Desenvolvimento Industriais no processo de industrialização – como engajar o sector privado” também serão assuntos a aboradar.