Luanda – O ambiente de negócio em Angola tem observado melhorias significativas, nos últimos anos, apesar de ainda estar sujeito a uma série de desafios de natureza conjuntural, institucional e estrutural, considerou esta segunda-feira, em Luanda, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola, Victor Lledo.
Em entrevista à ANGOP, a propósito do tema “O ambiente de negócio em Angola”, o responsável do FMI residente em Luanda sublinhou que esses desafios limitam o investimento privado e dificultam a almejada diversificação económica do país.
Entre as dificuldades que Angola ainda enfrenta, Victor Lledo apontou a conjuntura marcada por períodos de volatilidade e instabilidade económica, pouca competitividade externa e o baixo nível de competências e capital humano.
Porém, a fonte reconheceu que o país oferece várias oportunidades que apetecem investidores, como mercados novos e com crescimento em várias áreas, potencial agrícola, excedente de energia eléctrica, uma população jovem e um posicionamento geográfico estratégico.
Por isso, defendeu a melhoria do acesso ao crédito privado, através do desenvolvimento de um registo de crédito, para facilitar a garantia e impulsionar a banca móvel.
Considerou, igualmente, fundamental a promoção do investimento em infra-estruturas e de capital humano de forma complementar e sustentável pelo sector público e privado, nivelar as condições de concorrência, continuar a reduzir os procedimentos burocráticos e de licenciamento, com o reforço do processo de digitalização.
Apelou ainda ao reforço das boas práticas de governança e o combate à corrupção, por meio de uma maior transparência na gestão das finanças e contratações públicas, bem como o fortalecimento da capacidade e agilidade do sistema judicial no tratamento de casos de corrupção.
Segundo o representante do FMI, um ambiente de negócios é influenciado por factores conjunturais, institucionais e estruturais, que no seu conjunto determinam a capacidade de empresas em desenvolver as suas actividades e optimizar os seus objectivos com o mínimo de constrangimentos externos.
Na ocasião, destacou como factores positivos para um bom ambiente de negócio a estabilidade económica e acesso ao crédito, a existência de um quadro institucional e regulador previsível que, entre outras, proteja a propriedade dos investidores com baixos custos de resolução de conflitos, e uma estrutura económica que ofereça insumos públicos de qualidade na forma de infra-estruturas, mão-de-obra qualificada, assim como acesso a mercados regionais e internacionais.
Angola e o Fundo Monetário Internacional celebraram um acordo de Financiamento Ampliado, no período 2018-2021, que permitiu o empréstimo de cerca de 4,4 mil milhões dólares ao país, visando melhorar a estabilidade macroeconómica, promover o crescimento económico sustentável e reduzir a pobreza. ASS/QCB