Benguela – Mesmo depois do fim da veda do carapau em 2024, as taxas de captura desta espécie pelágica, na província de Benguela, atingiram apenas cerca de 10 por cento de pouco mais de quatro mil toneladas do igual período de 2023, soube hoje a ANGOP.
A captura do carapau e da cavala esteve proibida na costa angolana entre 1 de Julho e 31 de Agosto do ano passado pelo Ministério das Pescas e Recursos Marinhos, para permitir a reprodução da biomassa, o que provocou a escassez de peixe no mercado.
Segundo o director do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, Leilande da Costa, apesar do levantamento do período da veda, a partir de Setembro de 2024, as taxas de captura do carapau continuam em queda nos mares de Benguela.
Se até Setembro de 2023 a província atingiu quatro mil e 464 toneladas de carapau, no mesmo período de 2024 a captura caiu para cerca de 10 por cento da cifra do ano anterior (438 toneladas).
Para o gestor, esta redução significativa na captura de carapau, mesmo depois do período de proibição da pesca, levou à escassez de peixe nos principais mercados da província de Benguela.
“Nos mercados mais conhecidos de Benguela, quer formais quer informais, houve muito pouca venda de carapau durante essa época”, reforçou Leilande da Costa.
Por trás da escassez de pescado, o responsável apontou o dedo à redução significativa da biomassa nos últimos anos no país.
Igualmente relaciona as baixas taxas de captura do pescado, no ano passado, ao surgimento de uma mancha negra, de origem ainda por identificar, que se alastrou pela costa angolana, desde o mês de Setembro.
Na sua opinião, a mancha negra detectada na costa angolana, incluindo em Benguela, terá contribuído para o desaparecimento de algum pescado, bem como para a migração de cardumes.
De qualquer forma, Leilande da Costa destaca a medida do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos, ao decretar o período de veda da pesca do carapau, com vista a permitir que esta espécie se reproduza a níveis satisfatórios.
É nesse contexto que caracterizou este período da proibição da pesca do carapau como relativamente calmo na província de Benguela, fruto do trabalho de sensibilização e consciencialização dos armadores artesanais, semi-industriais e industriais, para a protecção deste recurso.
“No ano de 2024 tivemos uma veda calma por escassez de recursos e todas as nossas actividades estiveram voltadas para consciencializarmos os nossos operadores de que precisamos ter uma pesca responsável”, acrescentou.
Perspectivas
Para este ano de 2025, o director das Pescas promete intensificar as acções de sensibilização junto dos armadores de pesca artesanal, semi-industrial e industrial, com vista a praticarem uma pesca sustentável e responsável.
De igual modo, referiu que se aguardam os resultados do estudo que está a ser feito pelo navio de investigação pesqueira e oceanográfica de bandeira angolana, denominado Baía Farta.
Na prática, assinalou, esses resultados permitirão ao sector adequar todas as medidas que venham a contribuir eficazmente para a protecção dos recursos biológicos e aquáticos na província de Benguela.
Incluiu ainda na carteira de acções para 2025 um programa de fomento da aquicultura, de maneira tal a diminuir a grande pressão sobre os mares. JH/CRB