Luanda – O Governo angolano projecta investir, no período 2023/2027, um total de 90 milhões de dólares (1 dólar vale 852 kwanzas), para desenvolver projectos ligados à actividade de aquicultura, a nível das comunas do país, afirmou, esta quarta-feira, em Luanda, a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen Neto.
A governante, que falava na 15ª edição do CaféCIPRA, adiantou que o objectivo desse financiamento é fazer face à escassez de pescado que se regista em Angola, para além de desenvolver projectos em tanques escavados e produção de farinha de peixe para criação da tilápia.
A par desse investimento, a ministra avançou que o sector vai ainda beneficiar do financiamento de 30 milhões de euros, no âmbito da economia azul.
Adicionalmente, Carmen Neto sublinhou que o sector também vai beneficiar de 58 mil milhões de kwanzas para a execução de projectos relacionados às infra-estruturas de recepção da pesca extractiva marinha, que conta actualmente com 66 cais.
Com esse investimento, prosseguiu, prevê-se a construção de portos a nível do litoral angolano, bem como melhoria das condições das infra-estruturas portuárias já existentes, com para Luanda, Moçâmedes, Tômbwa (Namibe) e Porto Amboim.
Quanto à produção de pescado, referiu que o país teve uma média de 560 mil toneladas por ano, em 2023, das quais 35% corresponde à pesca artesanal, enquanto as outras percentagens pertencem à pesca semi-industrial e industrial.
Referiu que o país perde 20 mil milhões de kwanzas com a pesca não declarada e não regulamentada.
Ponto de situação do Navio Baía Farta
Quanto à situação do navio oceanográfico angolano de investigação científica Baía Farta, a directora do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira, Filomena Vaz Velho, assegurou que se prevê o inicio da sua operação em Agosto próximo, com a realização do cruzeiro para os testes de calibragem dos meios técnicos.
Referiu que o navio já se encontra em Angola, desde Abril último, depois de estar cerca de um ano na África do Sul, onde estava a ser superada uma das avarias detectadas nos guinchos que seguram as sondas científicas.
O Baía Farta é um navio de investigação pesqueira e oceanográfica, com capacidade para realizar a monitorização dos recursos pesqueiros, investigação de ecossistemas e levantamentos hidrográficos e geológicos.
A embarcação, que chegou ao país em 2018, abarca igualmente outras valências, como sofisticação científica e tecnologia, dispositivos de pesquisa de ocorrências de micro plásticos e instalação de um sistema organizado de lota (infra-estrutura implantada em terra, na área de um porto de pesca ou em zona ribeirinha para comercialização do pescado).
Com um comprimento de 74,1 metros, o navio angolano, tem capacidade para embarcar 51 pessoas (29 tripulantes e 22 cientistas) e uma autonomia de 29 dias em mar.
O navio, orçado em cerca 80 milhões de dólares, dispõe de uma sala acústica, quatro laboratórios, um ginásio, camarotes duplos, cozinha, área de serviço com 15 monitores de comando e três computadores para o comando do Sonar (aparelho electrónico utilizado, geralmente, na navegação naval, para medir a distância entre a superfície da água e o fundo marinho). ANM/QCB