Kampala (Dos enviados especiais) - O Presidente da República, João Lourenço, deixou, no final da tarde deste sábado, a cidade de Kampala, capital do Uganda, depois de orientar a Cimeira Extraordinária de Chefes de Estado da União Africana (UA) sobre agricultura.
O Chefe de Estado angolano dirigiu os trabalhos na condição de primeiro vice-presidente da UA, por indisponibilidade do seu homólogo da Mauritânia e actual presidente presidente em exercício,
Angola prepara-se para assumir a liderança da organização continental por um período de um ano, a partir de Fevereiro próximo.
Realizada de 9 a 11 deste mês, a Cimeira Extraordinária culminou com a adopção da Declaração de Kampala, documento que estabelece as directrizes sobre a nova política agrícola no continente para os próximos dez anos.
No discurso de encerramento, João Lourenço reconheceu os progressos registados no desempenho do Programa Abrangente para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP) no que toca ao cumprimento das decisões e estratégias delineadas em fóruns com este nível de importância.
Alinhado com a Agenda 2063 da União Africana, o CAADP tem sido um quadro fundamental para a transformação da agricultura no continente desde a sua criação, em 2003, com a Declaração de Maputo, onde os Chefes de Estado e de Governo se comprometeram a atribuir pelo menos 10% da despesa pública à agricultura para alcançar uma taxa de crescimento anual de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) agrícola.
O evento de Kampala abordou exaustivamente, entre outros assuntos, questões relativas à paz e à segurança no continente, dando realce a situações ligadas ao aumento de acções terroristas e de extremismo violento e às mudanças inconstitucionais de governos democraticamente eleitos.
O estadista angolano assinalou que os esforços envidados para debelar este mal que aflige essencialmente uma parte do continente não terão levado aos resultados desejados, de ter um continente onde a paz e segurança, a estabilidade das instituições do Estado, sejam o garante do desenvolvimento económico e social dos países.
Lamentou o facto de algumas destas más práticas desviarem os Estados do objectivo central do continente, de promover o desenvolvimento, tendo como base propulsora a agricultura, tema que mereceu toda a atenção na Conferência e deveria levar a encontrar as soluções para os problemas políticos que afectam alguns países, sem o recurso à violência ou ao uso da força das armas.
Durante três dias, a conferência passou em revista o memorando das sessões ministeriais sobre o CAADP, o seu Projecto da Estratégia e Plano de Acção para o período 2026-2036 e o Projecto de Declaração de Kampala sobre a Criação de Sistemas Agro-alimentares Resilientes e Sustentáveis em África. HM/VC